domingo, setembro 23, 2007

MALLARMÉ, ÉRICO VERÍSSIMO, TERÊNCIO, COHEN, LEPOMME & MUITO MAIS!



LIBAMBO NA MAXAMBETA - Depois das tentativas com Fenelon Barreto, fiquei fuçando as comédias de Lelé Correia, não deu. As de Miguel Jasseli, muito menos. Tive às mãos as peças de Hermilo, mas teria que passar por inventariante e tudo. Deixei para lá. Até que no final do ano de 1979, eu estava curtindo o som “Zabumbê-bum-á”, do Hermeto Pascoal, quando tive a ideia de escrever o meu primeiro texto teatral. O som me inspirou. Também já tinha feito uma série de melodramas em que eu atuava, cantava e recitava junto com o som feito por Ozi, Gulu, Célio, Zé Ripe, Fernandinho e outros amigos, apresentados no Colégio Diocesano e outras localidades. Foi entre o Natal e o Ano Novo que eu escrevi o texto com o título “Em busca de um lugar ao sol sob a especulação imobiliária”. Era um título inventado porque na verdade eu abordava mesmo a necessidade de acabar com o bipartidarismo reinante e abrir a porteira para um pluripartidarismo. Era um tempo brabo ainda, período da ditadura militar. Anos depois mudei o título da peça para O Prêmio, ficava melhor. E reescrevi tudo. Mas voltando ao assunto, virada do ano, em janeiro consegui reunir Mano Germano – ator sobrinho do legendário Claudionor Germano -, DuRego e mais um bocado de gente que queria fazer teatro sem a mínima experiência. Os ensaios eram lá em casa e outros no Colégio Diocesano. Dividia a direção com Mano. Aprontamos tudo, aluguei a quadra do colégio, banquei o cenário e outras despesas de divulgação. Como fazia anos que a cidade não via teatro, era bom eu fazer algo antes para salivar a plateia. E fiz, chamei Juarez Correya que gentilmente mais uma vez fez a apresentação de um show e da peça, com participação dos meus amigos convidados Zé Ripe, Célio, Gulu, Fernandinho e Mazinho para se apresentarem num show musical. Depois da cantoria, veio a peça. Uma zona. Confesso que tinha a esperança de ganhar algum dinheiro para fazer uma carreira de produtor artístico, ou coisa parecida. O mundo foi abaixo. Nada, findei liso, leso e louco, comprando fiado e, ainda, pedindo o troco. Graças aos amigos que não cobraram nada de cachê, a coisa aconteceu. Mas foi mais uma tomada na tarraqueta para eu me emendar, não teve jeito. Como sempre, recomeçar. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Imagem: a arte de Steve Hanks

Curtindo o álbum Deliveri moi / Just a charade (1985), da cantora e atriz belga Linda Lepomme. Veja mais aqui.

EPÍGRAFECada qual é livre para dizer o que quer, mas sob a condição de ser compreendido por aquela a quem se dirija. A linguagem é comunicação e nada é comunicado se o discurso não é compreendido. Toda mensagem deve ser inteligível, frase extraída do livro Estrutura da linguagem poética (Cultrix, 1978), de Jean Cohen. Veja mais aqui e aqui.

ALIENAÇÃO – Foi o filósofo alemão Hegel um dos primeiros filósofos a se referir a um tipo de alma alienada, o que seria uma consciência separada da realidade. Marx se interessou pelo termo, mas já fazendo a oposição entre homem e cultura, entre homem e trabalho. Por extensão, o termo acabou sendo usado para situar uma obra literária desvinculada da realidade social. As obras, ditas participantes, seriam aquelas que estariam mais interessadas na critica de um sistema econômico, do que mesmo no fazer arte. Passava-se da noção metafisica do termo para a noção social. James Joyce foi considerado um escritor alienado e o seu romance Ulisses “um vazio e oco experimentalismo técnico-formal”. Esta oposição dos críticos marxistas, no entanto, está ultrapassada, pois o próprio realismo social sofreu aberturas: Lukács, Goldmann. O fato é que a obra não reflete a realidade, mas cria a sua própria, nem tem participação ativa no processo social, mas o engloba e o situa em sua dimensão de nova realidade. No que diz respeito à alienação, a pergunta mais objetiva seria esta: de que dose do real precisa a arte? Para Albert Camus a arte não deve se submeter ao real nem fugir dele. Seria uma aproximação que não a fizesse desaparecer entre as nuvens nem se arrastar com solas de chumbo. Alguns escritores brasileiros já foram tachados de alienados: Machado de Assis por supostamente não ter se interessado pelo problema social do negro; Gruimarão Rosa por ter criado apenas um sertão metafísico; Clarice Lispector por se refugiar na consciência de seus personagens. O fato é que a criação literária tem a sua autonomia, já reconhecida mesmo sob a perspectiva da sociologia do romance. Para Lucian Goldmann, por exemplo, fatores sociais e os puramente estéticos fazem parte da estrutura do romance, e o conhecimento dos primeiros leva à identificação doso segundos. Fonte: Vocabulário técnico de literatura (Ouro, 1979), de Assis Brasil. Veja mais aqui.

MÚSICA AO LONGE – O premiado romance Música ao Longe (Companhia das Letras, 2004), do escritor Érico Veríssimo (1905-1975), retrata a decadência econômica e moral de uma rica e tradicional família sob o ponto de vista de uma jovem professora que é apaixonada pelo primeiro, dá os primeiros passos em direção à vida adulta e à maturidade. Da obra destaco o trecho: [...] Um vulto cresce na escuridão. Clarissa se encolhe. É Vasco [...] Dá dois passos e abre de leve um postigo. A luz salta para dentro. E o quarto de Vasco se revela aos olhos dela. – Não disse? Não há mistério. A cama de ferro, a colcha branca, o travesseiro com fronha de morim. O lavatório esmaltado, a bacia e o jarro. Uma mesa de pau, uma cadeira de pau, o tinteiro niquelado, papeis, uma caneta. Quadros nas paredes. [...]. Veja mais aqui e aqui.

LE CYGNE – Entre os poemas do poeta e crítico literário francês Stéphane Mallarmé (1842-1898), destaco Le Cygne, traduzido por Augusto de Campos: Ó virgem, o vivaz e o viridente agora / vai-nos dilacerar de um golpe de asa leve / duro lado de olvido a solver sob a neve / O transparente azul que nenhum voo aflora / lembrando que é ele mesmo esse cisne de outrora / magnifico mas que sem esperança bebe / por não ter celebrado a região que o recebe / Quando o estéril inverno acende a fria flora / todo o colo estremece sob a alva agonia / pelo espaço infligida ao pássaro que o adia / mas não o horror do solo onde as plumas tem peso / fantasma que no azul designa o puro brilho / ele se imobiliza à cinza do desprezo / de que se veste o Cisne em seu sinistro exílio. Veja mais aqui, aqui e aqui.

PRÓLOGO DE ANDRIA – No prólogo da peça Andria, de Menandro, o poeta e dramaturgo cômico romano Publius Terentius Afer – Terêncio (185ª.C – 159ª.C), trata a respeito da contaminação: Quando a principio o poeta se dedicou a escrever, julgou que só poderia que se preocupar com uma coisa: como fazer aceitar ao publico as obras que compunha. Todavia agora dá-se conta de que a realidade é bem diferente, pois perde o tempo a compor prólogos não para referir o argumento das suas comédias, mas antes para responder às invectivas de um velho poeta mal intencionado [...] Menandro compôs a Adriana e a Perintia. Quem conheça bem uma delas, conhece ambas: não se destinguem muito no argumento, ainda que difiram na língua e no estilo. Os pormenores que lhe interessavam, confessa o autor, tê-los transferido da Perintia para a Adriana e tê-los utilizado como um bem em seu proveito. E aqui está o que censuram esses indivíduos, defendendo precisamente que não se devem contaminar as obras. Não é verdade que ao presumirem de entendidos mostram não entender nada? Efetivamente, ao acusarem-no a ele estão a acusar Névio, Plauto, Ênio, que o nosso autor tem por mestres e cuja liberdade deseja imitar de preferencia à obscura exatidão desses censores. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

THE QUIET AMERICAN – O filme The Quiet American (O americano tranquilo, 2002), dirigido por Phillip Noyce, é baseado no romance homônimo de Grahan Greene, traz a historia ocorrida em 1952, da culpa moral de um senhor em organizar ações terroristas que visam o governo colonial francês e do Vietnam, envolvendo um triangulo amoroso entre um jornalista britânico, um jovem idealista e uma mulher vietnamita. O destaque do filme é a atriz vietnamita Do Thi Hai Yen. Veja mais aqui.
 

VEJA MAIS:

Matizes, Villa-Lobos, Jean de La Fontaine, Luís Vaz de Camões, Eurípedes, Gustave Courbet, As trelas do Doro, Celine Imbert, Clítia, Paulo Cesar Sandler, Luís da Câmara Cascudo, Woody Allen & Hans Hassenteufel aqui

Carybé, Rogério Duprat, Thomas More, Alfred Adler, Charles Dickens, Hector Babenco, Sônia Braga & Tchello D´Barros aqui.
 
Fonte, Leonardo Boff, Alcântara Machado, John Milton, Artur Azevedo, Lucrecia Martel, Jane Birkin, Mary Minifie, Ná Ozzetti, Adriana Alves & Luciah Lopez aqui.

PS: FECAMEPA DA CPMF - Olá, gentamiga, mas num é que o caldo tá engrossando!?! A CPMF realmente dá no que falar. E tem de tudo: a favor, contra, mais ou menos, nem aí e mandando o autor arrumar mais o que fazer ou tomar no quiba! Já foram recebidas sobre "Quando o troço da CPMF entra no oba-oba do ora veja!" as seguintes manifestações do:Governo Federal/Secretaria de Comunicação, Felipe Cerquize, poeta, escritor e compositor Clevane Pessoa, escritora e psicóloga Angelita - Advocacia GuardiniAroldo Chagas, poeta Francisco Sobreira, escritor e cinéfilo Gerson Grunblatt, músico e compositorJoão Batista Lins de Oliveira, advogado e poeta Roberto Bendia e Jornal dos AmigosRisomar Fasanaro, escritora JPessano - UFF Amenaide Lima, professora Abilio Terra Júnior, poetaDaslan Melo Lima, jornalista Isaac Soares, médico, professor universitário e fotógrafo Luiz Vaz, jornalista Paulo Reis, poeta Sinedei de Moura Pereira, professor universitário E mais: Roserlei Martins Alves, Regina Petreche, Suzette Duarte, Amenaide Lima, Maria Brasileira, Celso Correia de Freitas, Antonio Guerreiro de Faria, Climério de Oliveira Santos, Ana Luiza Martins Paschoaleto, Dacio Camerino, Dilberto Lima Rosa, Fábio Faé França, João carlos, Leny Bello, Lilian Schmeil, Lilly Paes Barreto, Manuel Alvarez, Simone Maldonado, Tania Meneses, Victor Jeronimo e Maria Ivanuza Pantaleão Adriano.Veja todas as manifestações no Fórum do Guia de Poesia. E mais aqui.


IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da atriz e cantora britânica Lesley-Anne Down.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tataritaritatá!!!
Veja aqui e aqui.

HIRONDINA JOSHUA, NNEDI OKORAFOR, ELLIOT ARONSON & MARACATU

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Refúgio (2000), Duas Madrugadas (2005), Eyin Okan (2011), Andata e Ritorno (2014), Retalho...