terça-feira, abril 22, 2008

GOULD, BARTHES, KIERKEGAARD, LUIZ MARINHO, FERNANDO CASTELÃO, FECAMEPA & O DESCOBRIMENTO DO BRASIL



“DESCOBRIMENTO” OU INVASÃO????




O FECAMEPA – Festival de Cagadas Melando o País -, tem a honra de apresentar o começo de tudo: mais uma única e verdadeira saga da pinóia do descobrimento do Brasil.
Vamos aprumar a conversa: tudo no Brasil é uma verdadeira cagada! E começa mesmo quando o país entra na história da humanidade: exatamente numa cagada da porra. Isso mesmo, basta ver que foi exatamente depois, mas depois mesmo que fenícios, vikings, celtas, iberos, gauleses, bretões, anglos, saxões, francos, germanos, neerlandeses e o escambau fizeram, pintaram e bordaram por aqui. Foi exatamente quando os lusos resolveram fazer mais uma visitinha às Índias buscar brebotes. Eles ajeitaram tudo, arrumaram os mijados, festejaram que só, fizeram isso e aquilo, passaram giz na mira, desembaçaram as lunetas, desempenaram o pau da venta e se danaram pelo Atlântico meio que entre cambaleantes e ressacados. Seguiram viagem: só céu e mar. No meio do caminho, eis que ocorreu um desalinhamento sideral inexplicável, quando, na verdade, ocorreu o espetáculo da junção dos Cruzeiros do Norte, Leste e Oeste, tudo no do Sul. Quer dizer, eram 4 Cruzeiros, por causa da inflação da época, restou apenas um e no Sul, o que nem hoje nem nunca teve a menor importância. Mas o fato inusitado que passou desapercebido por todos à época e até agora, mudaria o rumo de tudo e de todas as coisas na face da terra. O fato teve conseqüências irreparáveis e até hoje não completamente apuradas, tão drásticas quanto possa conceber vossa vã hipocrisia, pois, mesmo considerando que desculpa de amarelo é comer barro, ao que parece, na conta do provável ou das patranhas todas, foi o responsável pelo erro ocorrido exatemente no caminho às Índias. Eita! Acontece que foi neste exato momento que o Joaquim se vira aborrecido pro Manuel e sapeca injúria por não ter ele virado a bombordo ao invés de estibordo na corredeira lá detrás. Ih. Não se entenderam justo porque, além de bicados, um era canhoto e o outro destro. E para embananar tudo, tinha a biziga do Gageiro que era ambidestro somente tiruléu, léu, léu atiçando tudo! Não havia jeito de conciliação e, por isso, o pau cantou tiruléu da Marieta na Nau Catarineta e comeu numa confusão da peste: - Marinheiros somos! Marujada do Mar! A arenga dos dois permanece até hoje na celeuma entre se erraram o caminho ou se foi sacanagem só para ver a cara injuriada do outro. E tome controvérsia! Se de propósito ou não, a verdade é que o cerca-Lourenço está no maior buruçú, questionando se a tolotada toda não foi ao acaso mesmo ou houve, de mesmo, a intencionalidade de desobstruir a tripa gaiteira deles tomando posse de vez da merdaria toda. Uns pendem prum lado; outros, pro outro. Eu, hem? Pois é, voltando ao assunto que interessa, lá se iam as cobranças: Corre acima Gageiro! Àquele topo real vê se descobres terras de Espanhas, ó tão linda! Ou areias de Portugal! Nisso, à deriva por quaraquaquá dias, veio o primeiro sinal: um rabo-de-asno. Depois, o segundo: o vôo do fura-bucho. Enfim, bosta boiando o que significa: terra. Aí o alívio foi tão, mas tão de tão que deu no que deu. Pra encurtar: os perós chegaram mesmo foi na indiada de Pindorama. Aí, ficaram logo todos de queixo caído: a coisa era tão exótica, tão sórdida, tão escandalosa, tudo tão que não estava nem no gibi. Primeiro não sabiam se era uma ilha, um continente ou raio que o parta. Chegando cada vez mais perto a coisa foi se esclarecendo mais ainda na conta da surpresa: uns índios tudo nu, pintado da cabeça aos pés e virado na breca. E o pior: maior timbungada dentro dos mares e dos rios (coisa escandalosa para eles que não eram muito achegados, né?). Tudo leva a crer que foi aí que descobriram verdadeiramente o carnaval, isso sim, só institucionalizado na vera séculos mais tarde. Mas, além disso, o surpreendente surgia a cada hora. A culinária, por exemplo, nada que fosse identificável ou mesmo aprazível ao paladar. Comer o quê, hem? Logo surgiu a primeira idéia sinistra para, de quando a fome bater, pegar um bugre desse e comer assado. Ih, deu rolo! Passa a borracha, mandaram reescrever essa parte do texto de outra forma. Xá pra lá. Mas era tudo extraordinário demais, inclusive com índias nuas, reboladeiras e safadinhas. E isso mexia com o brio e a fé deles, tremendo na base e carregando na dúvida do ser ou não ser, principalmente porque estava em plena vigência no Velho Continente o combate santo contra a sodomia. Não era para menos no de repente os bigodudos darem de cara com os pintudos aborígenes. Ou com as reboculosas indiazinhas todas oferecidas prum vuque-vuque!!! Aí meu, num teve fé nem lei que segurassem os caras. Findou no pior: os bugres que, se não eram, se tornaram antropófagos no duplo sentido! Não deu outra: maior suruba da paróquia. E foi piorando quando um gajo gritou: - Já me foderam a bunda umas 10 vezes e ainda não comi ninguém!!! Foi aí que começou o vira homem vira vira lobisomem por Oropa, França e Bahia, misturado com “Ó cachopa, se tu queres ser bonita, arrebita, arrebita, arrebita”. Indubitavelmente foi desse fuá todo que nasceu aquela idéia de que não existe pecado ao sul do Equador. Isso porque outro refrão também escandalizava na umbigada: tá todo mundo nu, oba! Tá todo mundo nu, oba! Como eles entraram na roda, evidentemente que gostaram: ó que suruba boa, pá! . Foi assim que começou todo fuzuê. Êta brasilzim véio, aberto e sem porteira! Vamos aprumar a conversa & tataritaritatá! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.  



DITOS & DESDITOS - O maior perigo de perda da identidade pessoal pode se dar sutilmente, como se nada houvesse; qualquer outra perda, como a perda de um braço ou de uma perna, cinco dólares, etc., certamente será notada. Pensamento do filósofo, poeta e crítico social dinamarquês, Søren Kierkegaard (1813-1855). Veja mais aqui e aqui.

AS LEIS & A TERRA - [...] A trajetória da vida certamente inclui muitas características previsíveis com base nas leis da Natureza, mas esses aspectos são muito amplos e gerais para fornecer a “justiça” que buscamos a fim de validar os resultados particulares da evolução – rosas, cogumelos, pessoas e assim por diante. [...] Leis ecológicas previsíveis governam a estruturação das comunidades por princípios de fluxo de energia e termodinâmica [...]. As tendências evolutivas, uma vez iniciadas, podem ter previsibilidade local [...]. Mas as leis da Natureza não nos contam por que existem caranguejos e caramujos, por que os insetos dominam o mundo multicelular e por que os vertebrados, e não as persistentes algas, existem como a forma de vida mais complexa da Terra. [...]. Trechos extraídos de A evolução da vida na terra (Scientific American, 1994), do paleontólogo e biólogo evolucionista estadunidense Stephen Jay Gould (1941-2002).

O POVO – […] Fala-se cada vez mais em nome do povo, hoje. Esse povo [...] tem sobre ele uma nuvem de bons advogados que lhe emprestam generosamente palavras, motivos, poderes, e retiram assim, de seu cliente, uma caução fácil de moralidade. Regimes, partidos, imprensa, literaturas, estéticas, quem não se diz popular? O vento virou de um século para cá, e a consciência está visivelmente desse lado. [...]. Trechos extraídos da obra Escritos sobre Teatro (Martins Fontes, 2007), do escritor, sociólogo, filósofo, semiólogo e crítico literário francês, Roland Barthes (1915-1980). Veja mais aqui.

A FAMÍLIA PEQUENA - Luiza sempre foi uma bela mulher. Além do que era recatada, de educação fina, sendo um exemplo para a família. [...] Seu esposo que também era dedicado e um homem de bem, apareceu com fortes dores no toráx, sendo levado ao hospital, constantando-se enfarto fulminante, vindo a falecer. [...] E foi nessas circunstâncias que Vicente um solteirão empedernido, com os seus quarentas anos, avistou Luiza e procurou aproximar-se, conseguindo tirá-la para dançar. [...] Luiza entregou-se completamente, saciando o seu desejo incontido, descarregando toda a sua ânsia de prazer, nos braços do seu novo namorado. [...] Mas o inesperado aconteceu, mais uma vez para a nossa saciada viuvinha, Vicente não apareceu. Os dias foram passando Luiz esperando e Vicente desaparecido. [...] Corria o mes de dezembro, de tantas festas comemorativas, quando finalmente Luiza, indo a um coquetel de comemoração de fim de ano, deu de cara com Vicente, que procurou escapar do cerco sem conseguir. E Luiza na presença de algumas pessoas, encarou o namorado desertor e entrou de sola em cima dele: - Boa noite, senhor Vicente. – Boa noite, dona Luiza. – O senhor Vicente, eu gostaria de receber uma explicação de sua parte, sobre a casa que o senhor estava para alugar. [...] – Dona Luiza o problema é que achei a grama do jardim muito alta, a casa estava um pouco suja e, também, muito grande. – Ora, senhor Vicente. Quanto a grama o senhor deveria me avisar que eu mandaria aparar. Quanto suja é possivel, pois estava já muito tempo desabitada, agora a casa ser grande, eu não concordo. Eu acho é que a sua mobilia é que é pequena. Trechos do conto extraído da obra Deixa que eu conto (Bagaço, 2001), do escritor, radioalista e publicitário Fernando Castelão (1924-2005).

A INCELENÇA – [...] 1º Filho – Mãe... pra quem o pai deixou o relógio? D. Sindá Ele não deixou nada determinado! Vai com ele no caixão! 2º Filho No caixão? Não, mãe! Eu sou o filho mais velho! Estou na vez!1º FilhoE pra que tu queres? Tu nem sabes ver a hora!2º Filho E tu pensas que és poeta, é?! [...] Miranda A rez é minha! Ele ia ferrar em meu nome! Ainda ontem ele disse!1º Filho Mas que coisa! Ele ia ferrar pra tu? E como ninguém nunca escutou essa história? Miranda Foi seu peste! Tu queres bem dizer que vai ser tua! 2º Filho Aquela rez é filha de uma vaca que eu tenho parte nela! Pois é minha! D. Sindá Não! Não é de ninguém! 2º Filho Vai no caixão também, é?!!! [...]. Trechos da peça teatral A Incelença (Nordeste, 1968), do premiado dramaturgo Luiz Marinho (1926- 2002).




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