sexta-feira, agosto 28, 2009

TABUCHI, NERVAL, WING PINERO, CLAUDIO WILLER, TREVOR COX, FERNANDA SENO, MURIEL OSTRICHE, SÁ-CARNEIRO, PSICANÁLISE & EDUCAÇÃO

A arte da atriz estadunidense Muriel Ostriche (1896–1989), que atuou na era do cinema mudo e estrelou 134 filmes em toda sua carreira.

EUS DIANTE DO ESPELHOUMA PARA QUEM VAI – Sou quem vai sem saber nem para onde. Voo, mãos dadas. Subindo ladeira, descendo ribanceiras, atravessando ínvios caminhos, insólitas paragens, umbrais intermináveis. Vou comigo e todos, coração sobrecarregado como o verso da Fernanda Seno: Mesmo depois do Tempo ficaremos no coração aberto dos que amamos. Sou a mim e ao outro, muitos. Meu coração é uma procissão diante do Sol. DUAS: PARA QUEM VEM – Sou quem vem, destroçado e em prantos. Ou como quem sorri, mesmo com as mãos ao alto. O outro que chega como quem Sá-Carneiro: Perdi-me dentro de mim / Porque eu era labirinto / E hoje, quando me sinto, / É com saudades de mim. / Eu não sou eu nem sou outro / sou qualquer coisa de intermédio. E os concílios são dicotomias, divergências e reencontros. Tudo é uma perda e me refaço, ganho com isso: reaprendo a viver. TRÊS: O GANHEI & O QUE SE PERDEU DE MIM - De todas as perdas só restaram ganhos. Que sejam migalhas, cascalhos, monturos. Na verdade, nada mais o logro de se jogar na vida e aprender com Gérard de Nerval: Toda flor é uma alma que floresce na natureza. O sonho é uma segunda vida. E vivo como sonho, com quem vai ou vem que sou e o outro comigo. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.


DITOS & DESDITOS - A palavra intelectual não me define porque escrevo instintivamente para aprofundar meus sentimentos; mas não gosto de falar sobre o que escrevo, não gosto de entrevistas. Me deixa nervoso que eles me levem muito a sério. Pensamento do escritor irlandês William Trevor Cox (1928-2016).

ALGUÉM FALOU: Quem ama profundamente nunca envelhece; eles podem morrer de velhice, mas morrem jovens. No fundo, dos quarenta aos cinquenta anos, o homem ou é um estoico, ou é um sátiro. Enquanto houver chá, há esperança. Pensamento do dramaturgo britânico Arthur Wing Pinero (1855-1934).

REQUIEM - [...] Pois é, confirmou ele, comigo é sempre assim, mas olhe, não acha que é isso mesmo que a literatura deve fazer, desassossegar?, eu cá por mim não tenho confiança na literatura que tranquilia as consciências. Eu também não, aprovei, mas está a ver, eu já de mim sou muito desassossegado, o seu desassossego junta-se ao meu e produz angústia. [...]. Trecho extraído de Requiem: uma alucinação (Quetzal, 1991), do escritor e professor italiano Antonio Tabuchi (1943-2012), obra que é uma declaração de amor a Lisboa, cidade que adotou para viver e onde morreu; e sobretudo ao português, idioma no qual escreve este romance, com uma narrativa que escorre num estado entre a realidade e o sonho, seu protagonista deambula pelas ruas da capital portuguesa num tórrido domingo de julho. Veja mais aqui.

DOIS POEMAS - À TARDE - olhar com o olhar espantado / o voo do primeiro pássaro noturno / e saber que em breve / haverá algum tipo de confronto / de alucinação coletiva, uivo geral / saber / que por trás do olho / guardamos uma planície de risadas / dobrada em algum desvão da alma / – a sensação lisérgica de estar aí / e perceber / a fumaça dos últimos acampamentos / a casa na encosta do morro / o albatroz que arrepia sua trajetória / os mosquitos que zumbem e que zumbem e que zumbem / nesta tarde / em que três petroleiros se encaram / e trocam sinais ao largo / e uma memória nos persegue / de rios, cataratas e pororocas / nesta praia / que é fim e começo / de qualquer coisa já sabida e possuída / e oculta / no oco da última fibra nervosa. CHEGO MAIS PERTO - atravesso um filtro de maresias / recolho das ondas a simetria deste poema / nuvens dilaceram-se em um derradeiro combate de cores / enquanto o mar / (um rio mais indomável) / respira pesadamente / passando à minha frente / com a lentidão solene das procissões de barqueiros religiosos / estendendo seu cobertor de noites / abafando as fogueiras do fundo / acesas nas clareiras onde afogados tentam aquecer as mãos / a presença humana é murmúrio e solidão / restam apenas estes dois navios cargueiros / sombras recortadas contra o longe / dois barcos / – dois pontos / vozes solitárias insignificantes e nulas / mergulhando no vazio cinzento / e este veleiro / mancha agitada sobre um mapa de negações / deslizando rápido para dentro da sua hora noturna / o humano recua de vez / agora tudo é distância e vazio / dissolvem-se as palavras e a paisagem / resta apenas o outro / tudo o que não somos / tudo o que nos é estranho / como um texto / oco da memória viva / malha obscura de encontros amorosos / o negativo deste nosso mundo de coordenadas terrestres / com seu surdo murmúrio de infinitas fontes. Poemas do poeta, tradutor e ensaísta Claudio Willer. Veja mais aqui & aqui.


PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO - O presente trabalho é resultado da reflexão acerca da obra “Freud e a pedagogia” de Mirelle Cifali e Francis Imbert. Justifica-se a realização do presente estudo tendo em vista a busca pelas contribuições da psicanálise na prática educacional, tendo em vista que esse modelo psicológico debruçou-se sobre as fases de desenvolvimento infantil, fases essas que precisam ser levadas em consideração na prática pedagógica. Ocorre que sob a perspectiva freudiana a educação é reprodutora da cultura e da moralidade civilizada que incidem diretamente sobre o desenvolvimento da criança, proporcionando, por isso, a causa de neuroses e de doenças nervosas. Essas enfermidades constatáveis pela perspectiva psicanalítica devem ser levadas em consideração tanto pelos pais como por professores ou educadores, no sentido de que essa reprodução pode ser danosa ao desenvolvimento infantil, requerendo, portanto, uma outra forma de prática educacional pautada no apoio e na compreensão dos conflitos oriundos da repressão, interdito e coerção. Em vista disso, objetiva o presente trabalho observar as contribuições da psicanálise para a educação, observando-se os ensinamentos freudianos e de seus seguidores, para identificação de tais características, tendo-se por base a obra dos autores em estudo. A metodologia aplicada ao presente estudo compreende a leitura da obra em seus diversos capítulos e subitens, considerando o posicionando freudiano e de seus seguidores, as experiências adotadas pela educação com base na psicanálise e o propósito da educação psicanalítica. Ao abordar a temática dos limites na educação, os autores destacam a perspectiva freudiana voltada para as relações que envolvem professores e alunos que contribuem para o processo da aquisição e apropriação de conhecimento. Contudo, detecta nessa relação a ilusão da pedagogia e da psicopedagogia tendo em vista a moral sexual civilizada e a doença nervosa dos tempos modernos, tornando a ação educação uma tarefa impossível. Essa tarefa impossível está embasada numa série de fatores, a exemplo da busca pela satisfação possível, pelo interdito do incesto, pela ilusão do progresso e pelos contextos simbólicos, em razão do papel do professor é o da apresentação de objetos valorizados socialmente por meio de um trabalho desenvolvido com as sublimações das pulsões parciais. Por outro lado, o papel do terapeuta se encontra na descoberta das origens e motivos inconscientes que possuem mobilidade no aparelho psíquico nas submissões dos processos de sublimação, deslocamento e recalques. Por essa ótica, entende-se que o processo educacional perpetua a condenação da sexualidade por se encontrar encarregada da transmissão da moralidade social que reprime a sexualidade para possibilitar a convivência da sociedade. Nesse contexto, dá-se a percepção de que a prática educacional enquanto reprodutora da moralidade social repressora evidencia a sua responsabilidade pelas causas das neuroses promovidas pelo excesso de recalque. Por essa razão, para a teoria psicanalítica há uma relação entre a educação e o recalcamento social das pulsões para desencadeamento de neuroses, definida a partir do desenvolvimento organicamente determinado que se confronta com a impossível conciliação entre as reivindicações das pulsões sexuais e as exigências da civilização. Ao efetuar consideração sobre o interdito do pensar, as autoridades tomam forma dentro do contexto parental nas relações de um poder que se manifesta com base nas mais diversas formas de limitações originárias da moralidade social, que atua com falsas teorias ocultando a apresentação e questionamento acerca da vida sexual do indivíduo, que servem de base para a ilusão do processo transformador que a educação se serve, tanto pelas visões confessionais, quanto revolucionárias, por estarem carregadas da ideia de fechamento e condução da moralidade conservadora. Nesse ponto apresenta-se a perspectiva de que a educação psicanalítica passaria pela atitude de acolhimento, acompanhamento, sem repressão ou táticas ilusórias que evitasse a alimentação da agressão, respeitando-se e trabalhando o direcionamento das insatisfações para focos prazerosos noutras atividades ou identificações, voltando-se para uma ação profilática mais contundente entre os professores e educadores. Na parte identificada para o interesse pedagógica, observou-se o interesse na área da educação infantil como principal campo de aplicação da psicanálise, tendo em vista que esta se debruçou o processo de desenvolvimento da criança ao identificar suas fases de evolução e seu desenvolvimento orgânico determinado. Ocorre, contudo, a defesa freudiana do exercício da análise por parte do professor tendo em vista o seu aprendizado próprio, possibilitando que intervenha na relação com seus alunos na busca pela satisfação desejada entre eles. Essa defesa da análise leiga está mais no processo intuitivo valorizado do que no conhecimento científico impessoal e indiferente do médico. Tal fato se prende em razão da psicanálise não ter o interesse nem se destinar a uma prática médica, optando, portanto, por uma prática que envolva uma pesquisa científica e uma prática educativa. Nesse sentido, a psicanálise infantil por ser convocada como adjuvante na prática educativa, destacando-se o trabalho de pesquisa exaustiva desenvolvido por Anna Freud na convergência entre a psicanálise e a educação. Ao se chegar à abordagem acerca do pensamento de August Aichhorn, observou-se que este buscou a psicanálise como auxilio na luta contra a delinquência por meio de um estudo aprofundado sobre o psiquismo infantil para desenvolver um centro de criminoterapia destinado ao trabalho com crianças pré-delinquentes e delinquentes, incluindo pais e professores no processo. A esse respeito, encontrou-se o posicionamento freudiano de interesse em aplicar na educação as práticas psicanalíticas, reconhecendo-se o alto valor social da educação na orientação e assistência às crianças, encaminhando-as e protegendo-as. Destaca-se o trabalho de Aichhorn intuitivamente voltado para minimizar os problemas da delinquência infantil, tomando-se, também intuitivamente, por base a psicanálise. Contudo, para que haja uma intervenção com esse tipo análise faz-se necessária uma formação psicanalítica reunindo experiência pessoal e teoria, não se podendo sobrepor a educação nem a psicanálise, desde que esta possa auxiliar na melhor condução para desenvolvimento da criança. Observou-se que Aichhorn fez utilização do referencial psicanalítico para desenvolver o seu trabalho com a delinquência infantil, a partir do entendimento da sintomática neurótica e na constatação de que o ato de delinquência se caracteriza pela ausência de sofrimento, indicando que os processos do aparato psíquico são determinados pelo comportamento social e pela criação de uma distorção que não encontra aceitação comportamental no seio social. Vê-se com isso o surgimento de um ambiente educativo com maior amplitude objetivando o equilíbrio como ideal de ego. A partir então trata acerca da relação com o professor proposta por Hans Zelligen, da comunidade com seus guias na identificação imaginária e simbólica, bem como nos testemunhos e confissões. Nessa parte da obra há um percurso em que trata das proposições efetuadas por Zellingen e Aichhorn. Aichhorn se preocupa com a delinquência e por essa razão recorre à psicanálise, sendo, pois o primeiro a efetuar uma reforma no ambiente educativo, definindo a relação entre professor e aluno, a partir da transferência positiva seguindo-se de uma orientação ideal do ego. Enquanto Zelligen atua de forma grupal, reprovando o privilegio da dualidade na relação professor-aluno, tratando de um modelo de relação de massa em torno do líder. Ocorre que ambos se aproximam e se distanciam nas suas proposições, notadamente quanto as dimensões do simbólico e do imaginário para melhor entendimento da proposição de ambos, principalmente na observância do processo biologicamente determinado a partir do desprazer ligado à pulsão sexual e o elemento orgânico, a temática de Édipo e a superação dos vestígios da infância, bem como do superego, considerando o casal parental do destino e a construção do superego da criança a partir do superego dos pais. A observância da questão do conflito entre o ego e a sexualidade, considerando o conflito psíquico, o processo educacional diferente e o cavalo de Schilda o qual, na expressão freudiana, foi conduzido pela comunidade a se acostumar da menor quantidade possível de comida, sendo que o animal assim procedeu, chegando a sobreviver com um grão de ração apenas e, quando se percebeu exitosa a empreitada da comunidade, no dia seguinte, o cavalo amanheceu morto. Observando-se a temática dos limites da educabilidade e a questão inexorável do mal-estar na civilização, considerando a idade de ouro possível e a ilusão sem consciência, as autoridades e a questão de superação das autoridades dos pais e o furor das proibições, a relação ao interdito do pensar e seus efeitos, considerando o segredo e o primeiro conflito psíquico, a proibição de pensar aplicada à mulher, o contágio do sagrado e uma visão de mundo com seu fechamento, os conselhos da psicanálise à educação, são no sentido de favorecer a sublimação em lugar da punição e da repressão, na transmissão do prazer-desejo de viver, no desenvolvimento de uma educação sexual e cívica e em deixar a casa paterna. Entende-se, com isso, a necessidade de uma prática educacional que não seja coercitiva, considerando a visualização necessária das características e participação da criança, prática essa que deve canalizar as pulsões para alternativas de outras atividades que redundará no mecanismo de sublimação com a produção de atividades artísticas ou extracurriculares que sejam capazes de promover o alcance do prazer, o bem estar e a qualidade de vida. Por isso, não se deve entoar severidade que pode evidenciar a contribuição e o desencadeamento de neuroses ou doenças nervosas, tendo em vista que a criança não se desenvolvendo de forma satisfatória, tendo reprimida a pulsão sexual, dará exatamente origem a neuroses ou doenças nervosas. Em vista disso, há necessidade de pais compreensivos que possam apoiar e compreender a expressão da angústia da criança para que ela possa desenvolver-se adequada e satisfatoriamente. No caso da transferência com relação ao líder, os grupos de líderes, o quarto das crianças a sala aula e as fãs, encontrou-se que o professor não compreende os alunos, tendo em vista que quando as crianças procuram chamar a atenção de seus educadores para situações que se revelam desagradáveis, traz a necessidade de compreensão de que assim o fazem pela prisão do gozo impedido de liberação, revivendo no seu interior e da forma que a sua compreensão permite das experiências edípicas e narcísicas. Dessa forma é preciso entender que a criança que tenha dessas experiências, valorizado a si e formado disso imagens estáveis que garantirão a identidade de sua vida psíquica. Do contrário, as crianças que não conseguirem resolver de forma satisfatória essas insatisfações, tem-se a possibilidade de desenvolver neuroses ou doenças nervosas, sob o entendimento psicanalítico. A transferência e o caso de amor ao chefe sob o poder de fascínio exercido por superiores, são questões que lavem ao entendimento de que o processo de comunicação existente na relação entre o professor e seus alunos, envolve a prática de aprender e ensinar por meio da transferência. Haverá a escuta por parte do aluno que apreenderá o conteúdo ministrado, dependendo do lugar em que este professor foi inserido na apreensão e simpatia do aluno. A esse respeito, é de fundamental importância que o professor e o educador tenham a atenção redobrada e estejam sempre atentos para que imponham seus desejos à criança, não criando expectativas nem conduzi-lo de forma a influenciar no seu pensar e desejar. Há que se entender que existe a transferência positiva, essa que deve preponderar na relação entre professores e alunos, que contribui facilitando o aprendizado para obtenção de desempenhos melhores. O fato de que a atividade educativa possui ligação direta com a cultura e a moralidade que impõem valores da sociedade, traz a necessidade de o professor e o educador precisam atuar de forma criativa e inovadora, no sentido de não trazer a valorização de atitudes primitivas que perpetuem a defesa e o segredo da sexualidade. Faz-se com isso necessário que essa prática educativa possua a base da análise pessoal formada a partir do conhecimento teórico e da experiência psicanalítica, compreendendo as dificuldades que permeiam a relação escolar para que se possa promover na formação de crianças emocionalmente saudáveis. Essa prática educativa não deve ser confundida com intervenção psicanalítica, porém deve ser desenvolvida a partir do entendimento adequado por parte do professor e do educador das fases psicossexuais de desenvolvimento da criança, contribuindo para realização de adequadas e eficazes atividades pedagógicas, uma vez que o conhecimento psicanalítico ajudará na compreensão de determinadas dificuldades que se apresentam no comportamento da criança, possibilitando um maior conhecimento acerca do processo de desenvolvimento de sua personalidade. Verificou-se, portanto, que a formação de neuroses ou de doenças nervosas possui ligação imediata com a forma como os pais e os professores vão lidar com os comportamentos que resultem das pulsões sexuais dos seus alunos. Em vista disso, tanto os pais como os professores não devem fazer utilização de severidade ou repressão castrando bruscamente as manifestações sexuais das crianças. Como a sociedade reproduzida pelos pais e professores promove o interdito, a educação funciona como instrumento para essa interdição castrando a iniciativa sexual das crianças por meio das atitudes e comportamentos repressores. Nesse sentido, a psicanálise contribui para orientar os pais e professores a entender da melhor maneira o prazer da criança na manipulação sexual da criança, permitindo que substitua essa manipulação por outro objeto, demonstrando a existência do prazer na utilização de outras alternativas. O aborrecimento ou repressão dos pais ou dos professores evidencia a geração de desequilíbrio que pode acarretar neuroses ou doenças nervosas, quando, ao invés disso, deveria agira com atitude de sublimação, substituindo o objeto de prazer localizado para outra alternativa de alcance prazeroso. Fica evidenciado que punições severas ou repressões drásticas levam ao nascimento de traumas e sentimentos de culpas que originam neuroses ou doenças nervosas, devendo-se evitar tais condutas por outras de natureza afetiva que apoiem e ajudem ao equilíbrio emocional e mental da criança. Visualizou-se com a leitura da obra que o papel do professor e do educador no contexto da perspectiva psicanalista é o de compreender e ter a aceitação adequada para demonstração de outros saberes e aprendizagens além do universo já dominado pelo entendimento da criança, possibilitando as inúmeras alternativas que se pode explorar da realidade, sem que seja preciso usar de imposições ou verdades absolutas.
CONCLUSÃO - Observou-se com a realização do presente trabalho que a atuação dos pais, do professor e do educador na fase infantil possui uma responsabilidade enorme sob a ótica psicanalítica. A obra estudada que traz uma conexão entre a educação e a psicanálise, esclarecem de forma objetiva as contribuições do pensamento psicanalítico, recorrendo às reflexões freudianas e dos condutores dessas ideias, evidenciando uma educação profilática com base na orientação psicanalítica. Teve-se, portanto, a constatação de que civilização se fundamenta nos valores morais e culturais de renuncia pulsional, caracterizando a responsabilidade de avaliação dos efeitos destrutivos dessa renuncia, cabendo à educação preparar o ser humano para sua utilidade social e aptidão cultural, sem que sacrifícios incorram repressivamente. Os apontamentos encontrados na obra dão conta de que a coerção e repressão promovida pela cultura e pelos valores morais da civilização incidem diretamente na educação, tornando-a incapaz de abrandar a infelicidade e insatisfação concernentes a sexualidade humana. As perspectivas apresentadas pela obra dão conta de outros argumentos em torno da interdição e da insatisfação sexual, castrando o individuo para a culpa e o arrependimento num cenário de ilusões que são forjadas para poupar os sentimentos de desprazer. Diante disso, a educação, sob o ponto de psicanalítico, possui um papel fundamental na condução das energias perversas socialmente úteis, identificando-se o problema de transferência e de ideal de ego, favorecendo a sujeição de todos os alunos ao professor na expressão do desejo narcisista de que todos correspondam às suas expectativas. Esse processo de subjugação imposto pela relação com autoridade converte-se com a prática do professor num interdito do pensar, refletidas desde as ocultações e segredos promovidos pelos pais para encobrir a questão sexual e assim reprimi-las e coibi-las, resultado da consciência maléfica de todos, seja pais, família ou sociedade. Essas ocultações e segredos passam então a intimidar e ofender as investigações pulsionais da criança que, por consequência, passam a desconfiar do mundo adulto. Nesse processo as religiões assumem representação significação na elaboração de infantilismo e dependência, observando-se o conflito entre as teorias sexuais infantis e os propósitos religiosos. Da mesma forma, os discursos políticos voltados para a revolução comunista atuam da mesma forma que os propósitos religiosos, ao mesmo tempo em que negam as dificuldades culturais, atuando também coercitiva e repressivamente sobre o desenvolvimento da criança. Essas repressões e coerções levam ao interdito do pensar. Sob a ótica psicanalítica a educação precisa equilibrar a permissão e a privação, tendo-se previamente a atenção na advertência que a psicanálise não defende a profilaxia das neuroses pelo processo da educação, recorrendo-se ao corpo teórico da análise para corrigir a tarefa educacional. As contribuições da psicanálise para o cumprimento da função educacional estão na demonstração da especificidade da realidade infantil, requerendo aprofundada pesquisa para desenvolvimento de suas atribuições. É nesse período que a criança está sujeita à submissão dos valores da cultura e da moralidade que contribuem para causa de neuroses ou doenças nervosas, tendo em vista o comportamento conservador repressivo e coercitivo exercido tanto pelos pais como pelos profissionais da educação. Para que a educação possa contribuir para o desenvolvimento saudável e qualidade de vida criança, faz-se necessário aos profissionais dessa área a responsabilidade de atuar com a compreensão de que a cultura e os valores morais da sociedade podem coibir o adequado desenvolvimento da criança, exigindo-se uma capacidade que envolva a intervenção pedagógica pautada no apoio aos anseios e desejos para a formação das crianças. Essa intervenção traz a implicação de um processo de formação teórico articulado com a experiência individual no sentido de articular os conteúdos e saberes em conformidade com as situações de aprendizagem que respeitem as dimensões socioafetiva, cognitiva e física dos alunos em fase de desenvolvimento. É preciso que os profissionais da educação respeitem as fases de desenvolvimento da criança e, tendo conhecimento psicanalítico, possa assim desenvolver uma atividade eficiente e eficaz que contribua para formação individual. Por conclusão, é indubitável a contribuição do presente estudo tendo em vista o caráter inovador da obra freudiana no desenvolvimento da psicanálise e do entendimento fora do campo da moral da sexualidade. Trata-se de um marco teórico que necessita de leituras, releituras e aprofundamentos para melhor entendimento da perspectiva psicanalítica, por possibilita a abertura de novas perspectivas para compreensão do ser humano. O entendimento psicanalítico de que a civilização está expressada na cultura e nos valores morais conservadores, dando lugar ao interdito, a repressão e a coerção à sexualidade, torna-se indispensável melhor apreciar a obra freudiana acerca da pulsão sexual para que haja uma melhor compreensão acerca da natureza humana e de seus complexos. Observou-se que a psicanálise pode contribuir para a formação de uma educação emancipatória e progressista no sentido de melhor entender a natureza humana a partir de uma melhor compreensão da sua sexualidade. Esse foi o propósito freudiano ao longo de sua obra sem, no entanto, se deter especificação numa educação psicanalítica que seria professada por seus seguidores, embora não havendo consenso entre eles, mas como resultado geral identificando contribuições específicas para tal. A exclusão da sexualidade no campo educacional é, sem sombra de dúvida, um dos problemas que levam a uma série de outros problemas como o interdito do saber, o interdito do prazer e a insatisfação da pulsão sexual, responsáveis esses pela criação de neuroses e doenças nervosas. Outros aspectos ligados à educação chamaram atenção dos autores da obra estudada, como o papel desempenhado pelos professores na reprodução da moralidade e da cultura civilizada baseada no conservadorismo e na exclusão da sexualidade humana procurando segredar ou ocultar tão evidência para o melhor convívio social. Na verdade não se pode ter um bom convívio social ou qualidade de vida com a ocultação ou exclusão da sexualidade na relação humana, tendo em vista esta estar presente no desenvolvimento do ser humano desde a infância e por todas as fases da vida humana. É dessa forma que o pensamento freudiano destaca o papel da educação, notadamente quando o processo educativo está permeado de repressão coibindo a pulsão sexual, tornando-se uma prática inválida capaz de acarretar danos à saúde mental do individuo. Esse modelo de educação freia o desenvolvimento de crianças, inibe o pensamento, reprime a mulher, causa danos ao adulto e traz por consequência problemas que podem levar a neuroses e doenças nervosas. Tem-se, por fim, que a leitura da obra em questão é sumamente relevante para um maior conhecimento acerca da psicanálise e do seu papel inestimável para a educação.Veja mais aqui e aqui.
REFERÊNCIA
CIFALI, Mireille e IMBERT, Francis. Freud e a Pedagogia.São Paulo: Loyola, 1999. Veja mais aquiaqui.

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