quinta-feira, março 07, 2013

WISŁAWA SZYMBORSKA, ANN RADCLIFFE, WEREFKIN, YISRAEL KAGAN, LAUREL CLARK, MARIVAUX, NIZAN & EMPÉDOCLES

 

DAS PASSADAS & INCERTEZAS – UMA: SER & NÃO-SER – Certa vez lendo o Diário (1905), da pintora expressionista russa, Marianne von Werefkin (1860-1938), encontrei: Sou mais homem do que mulher. Só a necessidade de agradar e a compaixão me transformam em mulher. Não sou homem, não sou mulher, sou eu... Cada qual, suas interrogações. Cá, comigo: Que bom! É muito chato ter certezas. DUAS: GRANDE & PEQUENO – Noutra releitura, apreciei bastante o que dissera o escritor lituano-polonês, Yisrael Meir Kagan (1838-1933), que é mais conhecido como Chofetz Chaim, entre seus escritos: O sinal de um grande homem é que quanto mais perto você chega, maior ele parece... Para quem a maioria é menor que o próprio tamanho chegar a soar estranho. Outra dele é sobre um ditado popular: O mundo diz que tempo é dinheiro, mas eu digo que dinheiro é tempo. Para ganhar dinheiro suficiente para satisfazer seus desejos, é preciso sacrificar uma quantidade excessiva de tempo. Para mim, esse sacrifício é muito grande... Nossa, bote sacrifício nisso! TRÊS: O QUE IMPORTA É VIVER! – Bom mesmo foi quando li uma frase da médica e astronauta estadunidense, Laurel Clark (1961-2003): A vida continua em muitos lugares, e a vida é uma coisa mágica... Ironia do destino, ela era uma das tripulantes do ônibus espacial Columbia, que se desintegrou na reentrada da atmosfera, numa missão da NASA. Dela ficou esta frase lapidar e tenho comigo que é assim mesmo: a magia de viver vai muito além desta vida. E vamos aprumar a conversa!

 


DITOS & DESDITOS - Neste mundo você deve ser um pouco demasiado bom para ser o suficiente... Há pessoas cuja vaidade interfere em tudo quanto fazem, mesmo nas leituras... É preciso termos muito bom senso para sentirmos que não temos nenhum... Pensamento do escritor e dramaturgo francês Pierre de Marivaux (1688-1763).

 

ALGUÉM FALOU: Os homens, enquanto não forem completos e livres, hão-de sonhar sempre de noite. A viagem é uma sucessão de irreparáveis desaparições... Pensamento do filósofo e escritor francês Paul Nizan (1905-1940).

 

OS MISTÉRIOS DE UDOLPHO - [...] Tal é a inconsistência do amor real, que está sempre atento à suspeita, por mais irracional que seja; exigindo sempre novas garantias do objeto de seu interesse. [...] O destino senta-se nessas ameias escuras e franze a testa, E quando o portal se abre para me receber, Uma voz em murmúrios ocos através dos tribunais Conta sobre uma ação sem nome. [...] Mas ouça! que grito de morte vem no vendaval, E no raio distante que vela cintilante Curva-se para a tempestade? — Agora afunda a nota de medo! Ah? marinheiros miseráveis!—não mais o dia abrirá seu olho animador para iluminar seu caminho! [...]. Trechos extraídos da obra The Mysteries of Udolpho (Penguin, 2001), da escritor inglesa Ann Radcliffe (1764-1823), pioneira do romance gótico e autora da frase: Nunca vou dar a minha mão onde meu coração não o acompanha...

 

AMOR VERDADEIRO - Amor verdadeiro. É normal \ é sério, é prático? \ O que o mundo ganha com duas pessoas \ que existem em um mundo próprio?\ Colocados no mesmo pedestal sem um bom motivo, \ escolhidos aleatoriamente entre milhões, mas convencidos \ de que tinha que acontecer dessa maneira - em recompensa por quê? \ Por nada. \ A luz desce do nada. \ Por que nesses dois e não em outros? \ Isso não ofende a justiça? Sim. \ Isso não perturba nossos princípios meticulosamente erguidos \ e lança a moral do cume? Sim nas duas contas.\ Veja o casal feliz. \ Eles não poderiam pelo menos tentar esconder, \ fingir um pouco de depressão por causa de seus amigos? \ Ouça-os rindo - é um insulto. \ A linguagem que eles usam - enganosamente clara. \ E suas pequenas celebrações, rituais, \ as elaboradas rotinas mútuas - \ é obviamente uma conspiração pelas costas da raça humana! \ É difícil até imaginar até onde as coisas podem ir \ se as pessoas começarem a seguir seu exemplo. \ Com que poderiam contar a religião e a poesia? \ O que seria lembrado? O que renunciou? \ Quem iria querer ficar dentro dos limites?\ Amor verdadeiro. É realmente necessário? \ O tato e o bom senso nos dizem para passá-lo em silêncio, \ como um escândalo nas altas esferas da Vida. \ Crianças perfeitamente boas nascem sem sua ajuda. \ Não poderia povoar o planeta em um milhão de anos, \ aparece tão raramente. \ Deixe as pessoas que nunca encontram o amor verdadeiro \ continuarem dizendo que tal coisa não existe.\ Sua fé tornará mais fácil para eles viver e morrer. Poema da escritora polonesa e Prêmio Nobel de Literatura de 1996, Wisława Szymborska (1923-2012). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

 



EMPÉDOCLES DE AGRIGENTO (490-435 a.C.)- Político, filósofo, médico, místico e poeta grego, nascido em Aeragas, hoje Agrigento, na Sicília, cidade colonial grega no litoral sul da Sicília, então parte da Magna Grécia, no Mar Mediterrâneo, um dos notáveis defensores da teoria da constituição da matéria de Pitágoras, um profundo teórico da evolução dos seres vivos e considerado o primeiro sanitarista da história.
Foi ele o primeiro filósofo nascido no Ocidente, para estabelecer um compromisso entre a doutrina eleática e a evidência comum dos sentidos, adotou todos os pontos até então considerados básicos e acrescentou-lhes um quarto, chamando-os de raizes das coisas, rizomata, que Aristóteles mais tarde os denominou de elementos. Substituiu, pois, a busca dos jônicos de um único princípio das coisas para interpretação do universo pelo de que "todos os fenômenos da natureza são resultado da mistura de quatro elementos: água, fogo, ar e terra".
Na sua concepção cosmológica com essas quatro substâncias, elas se uniriam sob a força de algo que os misturasse das várias formas. Para que isso ocorresse teorizou os seus dois princípios: o amor como fator de união, e o influxo do ódio para a divisão.
Já Anxímenes considerara o ar como substancial, mas foi o cientista de Agrigento que provou sua existência material, através de experimentos envolvendo relógios de água, e o denominou de éter. Os mananciais e os vulcões seriam provas da existência de água e fogo no interior da Terra.
Sob a influência eleática conceituou que as substâncias elementares seriam eternas e imutáveis e que não poderiam ser explicadas de outra maneira. Este princípio continua sendo empregado pela ciência até os dias de hoje, sem muita ênfase mas com ar de resignação.
Em resumo o materialismo eleático afirmava o seguinte: "o que é, é; nada pode surgir do que não é, bem como o que é não pode converter-se em nada". Visto na antigüidade como profeta e mago, em Carme Lustral apresentava-se como um profeta e mensageiro e foi também poeta, orador, além de competente médico.
Como cientista seus conhecimentos foram notáveis em várias áreas do conhecimento em sua época. Ele descobriu, embora não se saiba como, que a luz requer tempo para se propagar e que a luz da Lua seria indireta. Do médico e pitagórico Alcmeão de Crotona, assumiu a teoria de que a saúde era um equilíbrio próprio entre componentes opostos, e que a doença manifestava-se quando um deles prevalecesse. Defendeu a teoria dos poros como passagens respiratórias do corpo, e a da visão como o encontro de um raio que emanava dos próprios olhos sobre as efluências do objeto. Como administrador notabilizou-se por suas pioneiras idéias sanitaristas e ambientais nas comunidades urbanas. Mandou construir sistemas de drenagem em várias localidades do mundo grego e, inclusive conseguiu deter uma epidemia de malária em Salinonto, acontecimento que mais tarde foi lembrado, de forma agradecida, nas moedas cunhadas naquela cidade. Como político notabilizou-se por se opor a oligarquia e defender a democracia, sendo por isso, desterrado e, lendariamente, teria morrido atirando-se no Etna para provar que era um deus. Outros afirmam que como um deus, quando morreu teria se elevado para o céu. Escreveu dois poemas em jônico: Sobre a natureza e Katharmoi (as purificações), do qual resta somente uma centena de versos.
O princípio gerador de todas as coisas não seria um único elemento, mas quatro elementos: terra, ar, água e fogo, que se misturam em diferentes proporções e formam as várias substâncias que encontramos no mundo. O que unia e desunia os quatro elementos eram dois princípios: o amor e a luta. Os quatro elementos e os dois princípios seriam eternos, mas as substâncias formadas por eles seriam pouco duradouras.
Alem do mais há que se considerar que a democracia estava em fase de implantação e ele a defendeu. Virou figura lendária, um misto de cientista, de místico, de pitagórico e órfico. Escreveu dois poemas. No primeiro apresenta uma única visão do processo cosmogônico, e o segundo é religioso. Refutou as teses que atribuem a origem do universo a um único elemento. Identificou quatro substâncias básicas, que ele chamou de raízes: a água, a terra, o fogo e o ar. Tudo se consiste desses quatro elementos, e as transformações que advêm a eles seriam visíveis a olho nu. Essas substâncias são eternas, imutáveis. Jostein Gaardner afirma que talvez Empedócles tenha visto uma madeira queimar, alguma coisa aí se desintegra. Alguma coisa na madeira estala, ferve, é a água, a fumaça é o ar, o responsável é o fogo, e as cinzas são a terra. As verdades não seriam mais absolutas, como nos eleatas, mas proporcionais à medida humana. As coisas são imóveis, mas o que percebemos com os sentidos não é falso. Duas forças atuariam nas substâncias, o amor e o ódio. O amor agiria como força de atração e união, o ódio como força de dissolução. Em quatro fases, existe a alternância do amor e do ódio. Estabelece um ciclo, com a tensão da convivência dessas forças motrizes.
Empédocles dizia que alguns animais vêem melhor de dia do que de noite, e vice versa. O pensamento se produz com a sensação. Admitiu a multiplicidade de itens de uma criação, como um pintor que mistura diferentes pigmentos em sua obra. Fala muito da deusa do amor Afrodite, portadora da vida e da beleza. Em sua filosofia todos os animais têm pensamentos. A inteligência cresce de acordo com os dados sensoriais do tempo presente.
Hegel afirma que para Empédocles, outros elementos que não os quatro básicos, não são em si e para si. Não poderíamos visualizar o mundo sem os quatro elementos básicos.
Nietzsche traça um perfil de Empédocles: cabelos longos, sandálias de couro nos pés e uma coroa na cabeça. Com vestido cor de púrpura. É um filósofo trágico, pessimista, ativo. Queria provar que era um deus, atribuía-se qualidades místicas. Todos os movimentos, segundo ele nasceram de uma natureza não mecânica, mas levam a um resultado mecânico.
Conta a lenda que se atirou no vulcão Etna para provar que era um deus.
Veja mais aqui e aqui.

FONTES:
ARANHA, Maria Lucia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1994.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Atica, 2002.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
PADOVANI, Umberto; CASTAGNOLA, Luis. Historia da Filosofia. São Paulo: Melhoramentos, 1978.
PESSANHA, José Américo Motta (Org). Os pré-socraticos. São Paulo: Abril, 1978.
SOUZA, José Cavalcante. Os pré-socrático. São Paulo: Abril, 1978.
WEATE, Jeremy. Filosofia para jovens. São Paulo - Callis, 1999.




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