sexta-feira, setembro 13, 2013

MICHÈLE LE DŒUFF, BUCHI EMECHETA, OLIVERIO GIRONDO, THÉRÈSE HUMBERT, FOUCAULT & LITERÓTICA


DOIS POEMETOS PRA FELATRIZ – I – CANGULA – Cangula fêmea Sua gula é um cinema Tão extrema Minha veia estrangula! No seu poema O meu verso ejacula! – II - TUA LÍNGUA – Tua língua toca minha alma és o poço das galáxias longínquas e vejo a lua linda, cheia, radiante no céu da tua boca eu já era a Torre Eiffel e em meu coração mais batia a vida Eu te entumesço o rosto lambuzo teus lábios rubros enterro-te minha lâmina no mormaço da tua língua faminta cresço-me, enrijeço-me, teso pau madeira-de-lei acossado pela tua carícia ah! a tua gula pulsa minha veia nos meneios de veludo do teu toque com todos os truques para me capturar eu e meu míssil dominado Rara e feita, me engole debruçada sobre o meu cajado como se fosse a melhor comida o pico do Aconcágua em transe buscando a ejaculação constante do meu Etna com teu faro que desembaínha meus grunhidos e levita só assim desfalecido me devolves a vitalidade. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aquiaqui.

 


DITOS & DESDITOS - Nada disso que te contaram aconteceu, só existem teias de palavras, frases, esse encantamento de cabeça para baixo de um sonho... Trecho extraído da obra Les désancrés (Gallimard, 2013), da escritora de Maurícia, Marie-Thérèse Humbert. Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU - Dizem-me que sou cúmplice da Comuna! Certamente que sim, já que a Comuna queria antes de tudo a revolução social e a revolução social é o meu mais caro desejo. Mais ainda, tive a honra de ser uma das promotoras da Comuna… Já que parece que todo o coração que bate pela liberdade, só tem direito a um pedaço de chumbo, reclamo um desses pedaços! Se não são covardes, matem-me… Pensamento da escritora, enfermeira e professora anarquista francesa Louise Michel (1830-1905), apelidada de Enjolras, filha ilegítima de uma criada e do filho do patrão. Dedicou grande parte da sua vida à luta pela igualdade na educação. Foi expulsa do ensino público por recusar o juramento de fidelidade a Napoleão III. Em 1869, tornou-se secretária da Liga Democrática de Moralização, destinada a ajudar as operárias de Paris. Foi eleita presidente do Comité de Vigilância Cidadã do 18º Bairro. Presidiu o Club de La Revolution. Foi soldado no 61º regimento de Montmartre. Julgada em Conselho de Guerra, foi deportada em regime de recinto fechado fortificado para Nova Caledónia. Abandonou o blanquismo para se unir aos anarquistas durante a Comuna de Paris e defendeu a necessidade de uma ofensiva a Versalhes. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

 

O ESTUDO E A RODA DE FIAR – [...] desde há dois séculos, uma feminista é uma mulher que não deixa a ninguém o cuidado de pensar no seu lugar, na sua vez, de pensar, simplesmente, e não particularmente de pensar o que é a condição feminina ou o que ela deveria ser. [...] o projeto filosófico e o projeto de reflexão feminista têm em comum uma estrutura fundamental, algo como uma arte de voltar o olhar, de objetivar e de analisar os pensamentos. [...] uma das grandes nervuras dos “saberes” da nossa modernidade sendo uma certa linha de partilha, sempre colocada, muitas vezes refinada ou rebordada, mas nunca interrogada – a que assegura a diferença homem/mulher é fundamental e fundadora –, então dar a ver este epistema profundo que rege a nossa maneira de pensar poderia perfeitamente inscrever-se no projeto arqueológico; [...] deve-se no entanto notar uma curiosa omissão, a investigação não assinalada que as ditas ciências humanas não tratavam tanto de um objeto (“o homem”) como trabalharam para marcar todas as diferenças possíveis, e de facto todas as hierarquias, no conceito geral de humanidade. Elas interessaram-se nomeadamente em produzir uma oposição subordinada entre a “mulher” e “os homens [...]. Trechos extraídos da obra L'étude et le rouet: Des femmes, de la philosophie, etc. (Seuil, 1989), da filósofa francesa Michèle Le Dœuff. Veja mais aqui e aqui.

 

PALAVRAS & COISAS – [...] O que conta nas coisas ditas pelos homens não é tanto o que eles pensam aquém ou além delas, mas o que logo de entrada as sistematiza para os tempos a seguir, indefinidamente acessíveis a novos discursos e à tarefa de os transformar. [...]. Trechos extraídos da obra Les mots et les choses (Gallimard, 1990), do filósofo, historiador, filólogo, teórico social e crítico literário francês Michel Foucault (1926-1984). Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

AS ALEGRIAS DA MATERNIDADE - […] Deus, quando você criará uma mulher que se realizará em si mesma, um ser humano completo, e não um apêndice de qualquer pessoa? ela orou desesperadamente. [...] Nnu Ego era como aqueles cristãos não tão bem informados que, prometendo o Reino dos Céus, acreditavam que ele estava literalmente ao virar da esquina e que Jesus Cristo viria no dia seguinte. Muitos deles dificilmente contribuiriam com alguma coisa para este mundo, raciocinando: "Qual é a utilidade? Cristo virá em breve". , eles até tiveram pena deles e, em muitos casos, desprezaram-nos porque o Reino de Deus não era para pessoas como eles. Talvez este fosse um mecanismo de proteção concebido para salvá-los de realidades dolorosas demais para serem aceitas. [...] Enquanto voltava para o quarto, ocorreu a Nnu Ego que ela uma prisioneira: aprisionada pelo amor por seus filhos, aprisionada pelo papel de esposa mais velha. Dela, não se esperava nem que pedisse mais dinheiro para a família, essa atitude seria considerada inferior ao padrão esperado de uma mulher em sua posição. Não era justa, ela achava, o modo como os espertos dos homens usavam o sentido de responsabilidade de uma mulher para escravisá-la na prática [...] Os homens nos fazem acreditar que precisamos desejar filhos ou morrer. Foi por isso que quando perdi meu primeiro filho eu quis a morte, porque não fora capaz de corresponder ao modelo esperado de mim pelos homens da minha vida, meu pai e meu marido, e agora tenho que incluir também meus filhos. Mas quem foi que escreveu a lei que nos proíbe de investir nossas esperanças em nossas filhas? Nós, mulheres, corroboramos essa lei mais que ninguém. Enquanto não mudarmos isso, este mundo continuará sendo um mundo de homens, mundo esse que as mulheres sempre ajudarão a construir. [...] Em Ibuza os filhos ajudam mais o pai do que a mãe. A alegria de uma mãe está apenas no nome. Ela se preocupa com eles, cuida deles quando são pequenos; mas na própria ajuda na fazenda, na manutenção do nome da família, tudo pertence ao pai. [,,,] Quanto mais eu penso no assunto, mais me dou conta de que nós, mulheres, fixamos modelos impossíveis para nós mesmas. Que tornamos a vida intolerável umas para as outras. Não consigo corresponder a nossos modelos, esposa mais velha. Por isso preciso criar meus próprios. [...] Trechos extraídos da obra The Joys of Motherhood (George Braziller, 2013), da escritora nigeriana Buchi Emecheta (Florence Onyebuchi – 1944-2017).

 

HÁ QUE BUSCÁ-LO - Na eropsiquis plena de hóspedes então meandros de espera ausência \ enluadas coxas de estival epicentro\ tumultos extradérmicos\ escoriações febre de noite que burmua\ e aonda aonda aonda\ ao abrirem-se as veias\ com um peixelampo na nuca do sonho\ há que buscá-lo\ o poema\ Há que buscá-lo dentro dos pressorvos de ócio\ desnudo\ desqueixume\ sem raízes de amnésia\ nos lunihemisférios de refluxos de coágulos \ de espuma de meduas de areias dos seis ou talvez em ânditos com alento a raposino\ e a ruminante distância de santas mães vacas\ fincadas\ sem auréola\ ante charcos de lágrimas que cantam\ com um peixevéu em transe sob a língua há\ que buscá-lo\ o poema\ Há que buscá-lo ignífero superimpuro leso\ lúcido bêbado\ inóbvio\ entre epitélios de alvorada ou ressacas insones de solidão em crescente\ antes que se dilate a pupila do zero\ enquanto o endoinefável incandesce os lábios de subvozes que brotam do intrafundo eufônico\ com um peixegrifo arco-íris na mínima praça da\ frente há que buscá-lo\ o poema. Poema do poeta argentino Oliverio Girondo (1891-1967). Veja mais aqui.

 

 PROGRAMA DOMINGO ROMÂNTICO – O programa Domingo Romântico que vai ao ar todos os domingos, a partir das 10hs (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação deste domingo aqui. Na edição  deste 15 de setembro, as comemorações de 8 anos do Programa e do Tataritaritatá com muitas atrações, confira: Hermeto Pascoal, Antonio Abujamra & Oscar Wilde, Victor Jara, Hamilton de Holanda, Marcos Valle, Martinho da Vila, Jards Macalé, Ivan Lins, Elis Regina, Caetano Veloso, Maria Rita, Geraldo Azevedo, Adriana Calcanhoto, Zeca Baleiro, Djavan, Luciana Mello, Marcia Medina & Manuel Maria do Bocage, Leoni, Joana Carvalho & José Régio, Zelia Duncan, Leci Brandão, João Pinheiro & Manu Santos, Jarbinhas Barros, Ricardo Martins & Lya Luft, Gardênia Marques, Anand Rao & Soninha Porto, Seresta Moderna, Etti Paganucci, Ibys Maceioh, Eliezer Setton, Mácleim, Fator 4, Jucimar Siqueira Mazinho, Tirso Florence de Biasi, Ricardo Machado, Robson Gomes, Marquinhos Cabral,Alcione, Simone, Amy Winehouse, Tim Maia, Roupa Nova  & Fagner & muito mais! Participe, comente, curta online & abrilhante a nossa festa neste 15 de setembro, na programação da Cidade FM 87,9, a partir das 10hs. Não deixe de participar para concorrer a diversos prêmios: CDs, DVDs, livros & um tablet. Confira o programa e concorra a prêmios. Veja mais aqui.


SERVIÇO:
O que? Programa Domingo Romântico.
Quando? Neste domingo, 15 de setembro , a partir das 10hs.
Onde? Cidade FM
Apresentação Meimei Corrêa.

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