quarta-feira, dezembro 31, 2014

MATISSE, UNAMUNO & RITA LEE



Ouvindo Alô, Alô, Marciano, de Rita Lee (1947-2023), na voz da inesquecível Elis Regina.

Alô, alô, marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
Alô, alô, marciano
A crise tá virando zona
Cada um por si todo mundo na lona
E lá se foi a mordomia
Tem muito rei aí pedindo alforria porque
Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
Alô, alô, marciano
A coisa tá ficando ruça
Muita patrulha, muita bagunça
O muro começou a pichar
Tem sempre um aiatolá pra atola, Alá
Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
Alô, alô, marciano
Aqui quem fala é da Terra
Pra variar estamos em guerra
Você não imagina a loucura
O ser humano tá na maior fissura porque
Tá cada vez mais down the high society
Down, down, down
The high society
Down, down, down
The high society
Ui, gente fina é outra coisa, entende?
Down, down, down
High society
Down, down, down, down, down
High society
Hoje não se fazem mais countries como antigamente, não é?
High society, high society, high society, high society
Down, down, down
High society
Down, down, down, down down
High society
Ai que chique é o jazz, meu Deus
Down, down, down
High society
Down, down, down
Ah, Deus
(Alô, Alô, Marciano, Rita Lee e Roberto de Carvalho), Veja mais aqui.


Imagem: Nu allongé, do pintor francês Henri Matisse (1869-1954)

O SENTIMENTO TRÁGICO DE UNAMUNONão basta pensar, é preciso sentir nosso destino [...] A filosofia é um produto humano de cada filósofo, e cada filósofo é um homem de carne e osso que se dirige a outros homens de carne e ossos como ele. Faça o que fizer, filosofa, não apenas com a razão, mas com a vontade, com o sentimento, com a carne e com os ossos, com toda a alma e todo o corpo. Filosofa o homem. [...] A fé, a vida e a razão se necessitam mutuamente. O anseio vital não é propriamente problema, não pode adquirir estado lógico, não pode formular-se em proposições racionalmente discutíveis, mas se coloca a nós, como a nós se coloca a fome. Um lobo que se lança sobre a sua presa para devorá-la ou sobre a loba para fecundá-la também não pode colocar-se racionalmente, e como problema lógico, seu impulso. [...] Por minha parte, não quero celebrar a paz entre meu coração e minha cabeça, entre minha fé e minha razão; quero que combatam entre si. [...] Não faltará a tudo isso quem diga que a vida deve submeter-se à razão, ao que responderemos que ninguém deve o que não pode, e a vida não pode submeter-se à razão. “Deve, logo pode”, replicará algum kantiano. E contra-replicaremos: “Não pode, logo não  deve.” E não pode porque a finalidade da vida é viver, não compreender. [...] Aumentando o amor, esta ânsia ardorosa de ir mais longe e mais fundo vai-se estendendo a tudo o que se vê, a tudo o que se vai compadecendo de tudo. À medida que vais penetrando em ti mesmo, e mais fundo desces em ti mesmo, vais descobrindo a tua própria futilidade, que não és tudo o que não és, que não és o que gostarias de ser, que, em suma, não és mais do que uma ninharia. E ao tocares no teu próprio nada, ao não sentires o teu fundo permanente, ao não atingires nem a tua própria infinitude nem, mesmo, a tua eternidade, tendo lástima de todo o coração a ti próprio, inflamas-te em doloroso amor por ti mesmo, matando o que se chama amor-próprio, e não é mais do que uma espécie de deleite sensual de ti mesmo, algo assim como a carne da tua alma a gozar-se a si mesma. O amor espiritual a si mesmo, a compaixão que uma pessoa adquire para consigo própria, poderá, porventura, chamar-se de egotismo; mas é o que de mais oposto existe ao vulgar egoísmo. Porque deste amor ou compaixão de ti próprio, deste intenso desespero, porque, do mesmo modo que não eras antes de nasceres, também depois de morreres não serás, passas a ter compaixão, isto é, a amar todos os teus semelhantes e irmãos, em aparência miseráveis sombras que desfilam do seu nada ao seu nada, chispas de consciência que brilham um momento nas infinitas e eternas trevas. E dos demais homens, teus semelhantes, passando pelos que são mais semelhantes a ti, pelos que contigo convivem, vais-te compadecer de todos os que vivem, e até daquilo que, porventura, não vive, mas existe. Aquela longínqua estrela que brilha durante a noite, lá no alto, há-de apagar-se algum dia, e tornar-se-á pó, e deixará de brilhar e de existir. E, como ela, todo o céu estrelado. Pobre céu! E se é doloroso ter de deixar de ser algum dia, mais doloroso seria, talvez, continuar a ser sempre o mesmo, e só o mesmo, sem poder ser outro ao mesmo tempo, sem poder ser ao mesmo tempo tudo o resto, sem poder ser tudo. Se olhares para o universo do modo mais próximo e profundo que puderes olhar, que é em ti próprio; se sentires, e não só comtemplares, todas as coisas na tua consciência, onde todas elas deixaram a sua dolorosa marca, atingirás as profundezas do tédio da existência, o poço da vaidade das vaidades. E é assim como chegarás, a compadecer-te de tudo, ao amor universal. Para amares tudo, para teres compaixão de tudo, do humano e extra-hunamo, do que vive e não vive, é necessário que sintas tudo dentro de ti mesmo, que personalizes tudo. Porque o amor personaliza tudo quanto ama, tudo aquilo de que se compadece. Só nos compadecemos, isto é, só amamos, o que se nos assemelha, e assim aumenta a nossa compaixão, e com ela o nosso amor pelas coisas, à medida que descobrimos as semelhanças que têm conosco. Ou, melhor, é o nosso próprio amor, que por si só tende a crescer, o que nos revela essas semelhanças. Se consigo compadecer-me e amar a pobre estrela que um dia desaparecerá do céu, é porque o amor, a compaixão, me faz sentir nela uma consciência, mais ou menos obscura, que a leva a sofrer por não ser mais do que uma estrela e por ter de deixar de o ser, um dia. Pois toda a consciência o é de morte e de dor. Consciência, conscientia, é conhecimento partilhado, é consentimento, e con-sentir é con-padecer. O amor personaliza tudo o que ama. Só é possível apaixonarmo-nos por uma ideia personalizando-a. E quando o amor é tão grande e tão vivo e tão forte e transbordante que tudo ama, então, ele tudo personaliza, e descobre que o Todo total, o Universo, também é Pessoa. Tem uma Consciência, Consciência que, por sua vez, sofre, se compadece e ama, isto é, é consciência. E esta Consciência do Universo, que o amor descobre personalizando tudo o que ama, é o que chamamos Deus. E assim a alma compadece-se de Deus e sente que Ele se compadece dela, ama-o e sente-se amada por Ele, dando abrigo à sua miséria no seio da miséria eterna e infinita, que é, ao eternizar-se e tornar-se infinita, a própria felicidade. Deus é, pois, a personalização do Todo, é a Consciência eterna e infinita do Universo. Consciência presa da matéria e esforçando-se por se libertar dela. Personalizamos o Todo para nos salvarmos do Nada, e o único mistério verdadeiramente misterioso é o mistério da dor. A dor é o caminho da consciência, e é por ela que os seres vivos atingem a consciência de si. Porque ter consciência de si mesmo, ter personalidade, é saber-se e sentir-se distinto dos outros seres, e só se consegue sentir essa distinção com o choque, com a dor maior ou menor, com a sensação do próprio limite. A consciência de si mesmo não é mais do que a consciência da própria limitação. Sinto-me eu mesmo ao sentir que não sou os outros; saber e sentir até onde sou é saber onde deixo de ser, e a partir de onde não sou. E como saber que se existe não sofrendo nem muito nem pouco? Como voltar sobre si, lograr consciência reflexa, senão através da dor? Quando se tem prazer, esquecemo-nos de nós próprios, de que existimos, entramos noutra coisa, alienamo-nos. E só nos ensimesmamos, voltamos a nós próprios, a sermos nós, na dor. (Miguel de Unamuno y Jugo [1864-1936], O sentimento trágico da vida. São Paulo: Martins Fontes, 1996)


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terça-feira, dezembro 30, 2014

NIETZSCHE, KABALEVSKY, CASCUDO, FRANÇOIS ANDRÉ-VINCENT & PROGRAMA TATARITARITATÁ!


A LIÇÃO DO OLHAR DE NIETZSCHE – [...] Eu apresento a partir de agora, para não perder o meu jeito afirmativo, este jeito que só tem a ver mediada e involuntariamente com a contradição e a crítica, as três tarefas em virtude das quais se precisa de educadores. Tem-se de aprender a ver, tem-se de aprender a pensar, tem-se de aprender a falar e escrever: o alvo em todas as três é uma cultura nobre. Aprender a ver: acostumar os olhos à quietude, à paciência, a aguardar atentamente as coisas; protelar os juízos, aprender a circundar e envolver o caso singular por todos os lados. Esta é a primeira preparação para a espiritualidade: não reagir imediatamente a um estímulo, mas saber acolher os instintos que entravam e isolam. Aprender a ver, assim como eu o entendo, é quase isso que o modo de falar não-filosófico chama de a vontade forte: o essencial nisso é precisamente o fato de poder não "querer", de poder suspender a decisão. Toda ação sem espiritualidade, bem como toda vulgaridade repousa sobre a incapacidade de sustentar uma oposição a um estímulo - o "precisa-se reagir" segue-se a cada impulso. Em muitos casos, uma tal necessidade já é prova de um caráter doentio, de decadência, de um sintoma de esgotamento. – Quase tudo que a rudeza não-filosófica denomina com o nome de "vício" é meramente aquela incapacidade fisiológica de não reagir. Uma aplicação do ter-aprendido-a-ver: à medida que nos tornamos um destes que aprende, nos tornamos em geral lentos, desconfiados e resistentes. Deixa-se inicialmente advir todo tipo de coisa estranha e nova com uma quietude hostil - se retirará a mão daí. O ter todas as portas abertas, o deitar de bruços submisso diante de todo e qualquer pequeno fato, o inserir-se e o lançar-se sempre pronto para o salto no diverso, em resumo a célebre "objetividade moderna" é de mau gosto, é não-nobre par excellence. (Friedrich Nietzsche, Crepúsculo dos ídolos). Veja mais aqui.

Imagem: A seated female nude, possibly Mademoiselle Marie-Gabrielle Capet, 1815, do pintor francês François-André Vincent (1746-1816).



Ouvindo Concerto nº 1 para piano, do compositor russo Dmitriy Borisovich Kabalevskiy (1904-1987).

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aquiogo mais, a partir das 21hs, acontecerá mais uma edição do programa Tataritaritatá Especial de Ano Novo com muita festa e a apresentação da querida Meimei Corrêa. E com as seguintes atrações na programação: Egberto Gismonti, Pat Metheny, Quinteto Armorial, Sonia Mello, Clara Redig, Meimei Corrêa, Rosana Simpson, Katya Chamma, Tatiana Cobbett & Marcoliva, Ricardo Machado, João Pinheiro & Hermila Guedes, Auri Viola, Lyara Velloso, Dery Nascimento & Paulinho Pedra Azul, Alex Rios, Wilson Monteiro, Mazinho, Cikó, Zé Linaldo, Ozi dos Palmares, Paulinho Natureza & Sandra Regina Alves Moura, JB, Tirso Florence de Biasi & muito mais! Veja mais aqui.

SERVIÇO:
O que? Programa Tataritaritatá Especial de Ano Novo
Quando? Hoje, terça, 30 de dezembro, a partir das 21hs (horário de Brasília)
Onde? No MCLAM -
Apresentação: Meimei Corrêa



SACADAS DO CASCUDO – O historiador, antropólogo, advogado e jornalista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), além de uma personalidade das mais maravilhosas da cultura brasileira, também tirava das suas: “O Brasil não tem problemas, só soluções adiadas”, “Não se assombre, em Natal eu sou o único pecador profissional. Os outros são amadores” e mais essa: “Não me interessei por nada no mundo. Daí a minha fidelidade mental ao meu trabalho. Sou um brasileiro feliz, diz Diógenes. Vivia minha vida e não a vida indicada pelos outros. Não fui o que quiseram, fui o que senti, a volição de ser. Hoje, sou um resto de idade, estou fora do ar, tenhos dias eufóricos, compreendeu? O trabalho para mim não era maldição. Era como o trabalho gostoso de fazer um filho. Prazer”. E vamos aprumar a conversa e tataritaritatá! Veja mais aqui.


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sábado, dezembro 27, 2014

FREUD, BORGES, IÇAMI TIBA, GIANNETTI, SAÚDE & XICO SÁ



FREUD E O SISTEMA PENAL – Vamos aprumar a conversa! Nesse tempo de falência das instituições penais, como também de extrema violência, roubalheira e indelicadeza, quase não sabemos mais quem é o amigo e quem o algoz. Abordando sobre transgressão e punição no seu livro Totem e tabu, Freud traz a seguinte reflexão: “[...] Existe, entre os povos primitivos, o temor de que a violação de um tabu seja seguida de uma punição, em geral alguma doença grave ou a morte. A punição ameaça cair sobre quem quer que tenha sido responsável pela violação do tabu. [...] Somente quando a violação de um tabu não é automaticamente vingada na pessoa do transgressor é que surge entre os selvagens um sentimento coletivo de que todos eles estão ameaçados pelo ultraje; e em seguida, apressam-se em efetuar eles próprios a punição omitida. Não há dificuldade em explicar o mecanismo desta solidariedade. O que está em questão é o medo do exemplo infeccioso, da tentação a imitar, ou seja, do caráter contagioso do tabu. Se uma só pessoa consegue gratificar o desejo reprimido, o mesmo desejo está fadado a ser despertado em todos os outros membros da comunidade. A fim de sofrear a tentação o transgressor invejado tem de ser despojado dos frutos de seu empreendimento e o castigo, não raramente, proporcionará àqueles que o executam uma oportunidade de cometer o mesmo ultraje, sob a aparência de um ato de expiação. Na verdade, este é um dos fundamentos do sistema penal humano e baseia-se, sem dúvida corretamente, na pressuposição de que os impulsos proibidos encontram-se presentes tanto no criminoso como na comunidade que se vinga. Nisto, a psicanálise apenas confirma o costumeiro pronunciamento dos piedosos: todos nós não passamos de miseráveis pecadores”. (Sigmund Freud, Totem e tabu). Veja mais aqui.


A LENDA DE BORGES – Inserido no seu livro Elogio da sombra/perfis, o escritor argentino Jorge Luis Borges traz o conto Lenda, narrando um encontro inusitado: “Abel e Caim encontraram-se depois da morte de Abel. Caminhavam pelo deserto e reconheceram-se de longe, porque os dois eram muito altos. Os irmãos sentarem-se na terra, acenderam um fogo e comeram. Guardavam silêncio, à maneira da pessoa cansada quando declina o dia. No céu assomava alguma estrela, que ainda não havia recebido seu nome. À luz das chamas, Caim percebeu na fronte de Abel a marca da pedra e deixou cair o pão que levava à boca e pediu que lhe fosse perdoado seu crime. Abel respondeu: - Tu me mataste ou eu te matei? Já não me lembro; aqui estamos juntos como antes. – Agora sei que em verdade me perdoaste – disse Caim – porque esquecer é perdoar. Eu procurarei também esquecer. Abel falou devagar: - Assim é. Enquanto durar o remorso, dura a culpa”. (JorgeLuis Borges, Lenda, in: Elogio da sombra/perfis). Veja mais aqui.


O PAI, A MÃE E OS FILHOS – A importância da família no desenvolvimento da criança é inegável, exigindo uma preparação adequada dos pais para tal tarefa. O psiquiatra Içami Tiba faz uma análise de como se comportam pais e mães na atenção com a criança: “[...] Numa refeição em casa, se o filho não quer comer “que não coma”, pensa o pai. A mãe logo se dispõe a encher o estômago dele de qualquer jeito: “Quer que eu prepare aquele sanduíche que você adora?”. Quando o filho apanha de um colega, o pai se irrita e briga com ele, quando não chega a agredi-lo, para que aprenda a se defender na rua. A mãe também fica furiosa e quer dar uns tapas... mas em quem agrediu seu filho. Pais perdem os filhos em shoppings, praias, festas juninas. Mães não desgrudam os olhos de seus pimpolhos. Enfim, na família, o pai tem dois filhos, enquanto que a mãe tem três: o filho temporão é o marido!” (Içami Tiba, Quem ama, educa!). Veja mais aqui.


DA COMPULSÃO DO CONSUMO: ONIOMANIA & SHOPAHOLIC – Já nesse tempo de desenfreada compulsão de devorar as vitrines do consumo, à luz da Neuroeconomia, Eduardo Gianetti traz o seguinte esclarecimento: “No embate de forças subjacente às nossas escolhas, o sistema límbico e o córtex frontal são os principais vetores: os impulsos e desejos oriundos do primeiro gozam da prerrogativa de iniciar os lances da peleja, mas têm de abrir caminho e negociar a passagem pelo crivo modulador do segundo; só assim serão capazes de empolgar o sistema motor e acionar os músculos relevantes [...] Na prática, o córtex funciona como uma espécie de filtro ou gerente-contador, adepto do cálculo de custos e da prudência. É ele o vigia severo que, quando o primata límbico diz num repente – “Eu quero”!, responde – “Não!”; ou ao menos, dependendo do caso e da pessoa, é claro, balança a cabeça e propõe – “Calma lá, agora não!”. (Eduardo Giannetti, Ilusão da alma: biografia de uma ideia fixa). Veja mais aqui e aqui.

DUAS DICAS EM UMA: SAÚDE EM PRIMEIRO LUGAR


ALQUIMIA DA SAÚDE – A primeira dica é de James Elder que defende a alquimia dos quatro elementos nos cuidados com o corpo: “Fogo – Metabolismo e digestão: equilibrar o metabolismo para conseguir harmonia. Trabalhar bastante física e mentalmente para tornar o fogo elétrico do sistema nervoso mais sadio pelo uso. Ar – Respiração: deixar as janelas abertas sempre que possível. Inalar profundamente e exalar plenamente. Exercício intensivo é essencial para respiração e circulação eficientes. Terra – Dieta e exercício: procurar manter o peso correto. Fazer exercícios para fortalecer os órgãos, desenvolver os músculos e manter o tônus. Manter dieta equilibrada. Água – Líquidos: beber bastante líquido, principalmente água. Oito copos de água por dia é o ideal”. (James Elder, Alquimia da saúde).

SAÚDE UMBIGOCENTRISTA – Já o escritor e jornalista Xico Sá traz uma dieta mais acessível e eficiente da apolínea moda atualíssima para umbigocentristas glamourosas: “1. Francês por francês, sai Proust e entra toda a linha Lancôme. 2. Em vez de queimar pestanas e orgulhar-se de românticas olheiras, o milagre elíptico do Botox. 3. No lugar da cinemateca, sessões de bronzeamento artificial. 4. Os cortes epistemológicos serão substituídos pelo efeito de uma boa lipoaspiração. 5. Frequentar exposições de arte somente em pavilhões gigantes, como o da Bienal, que permitam queimar pneuzinhos ao longo da contemplação. 6. Em vez de amor platônicos, trepadas homéricas, como na receita do poeta da saudável marginalia. 7. Homem ou se pega pelo estômago, como na prenda culinária mais antiga, ou  pelos dotes da academia de ginástica. Desconfie sempre da sexualidade de um macho que se deixa prender pelo intelecto. Trata-se , para dizer o mínimo, de um tremendo pervertido. Ou você acha que Simone de Beauvoir vale mais do que uma cachorra do funk? 8. De humano demasiadamente humano, aceitarei apenas aquela pequena cota de celulite da qual uma gazela, mesmo de passarela, não consegue se livrar. 9. As almas se entendem, os corpos não. 10. Nada de ficar aí parada, absorta e nebulosa, olhando as interrogações de fumaça do velho e cancerígeno king-size existencial. Em vez da engorda no pasto inútil da metafísica, faça pelo menos meia hora de ginástica passiva”. (Xico Sá, Decálogo para queimar gorduras e neurônios). Vamos aprumar a conversa e tataritaritatá!


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