sexta-feira, março 20, 2015

OVÍDIO, GÓGOL, GIANNETTI, XANGAI, THERESA RUSSEL, HOUDON, CARRACCI & DIA DA FELICIDADE!!!!!


DIA INTERNACIONAL DA FELICIDADE – A Organização das Nações Unidas (ONU) consagrou o dia de hoje como o Dia Internacional da Felicidade. A propósito, trago um trecho do livro Felicidade: diálogos sobre o bem-estar na civilização (Companhia das Letras, 2002), do economista, sociólogo e professor Eduardo Giannetti: [...] Discutir a felicidade significa refletir sobre o que é importante na vida. Significa ponderar os méritos relativos de diferentes caminhos e pôr em relevo a extensão do hiato que nos separa, individual e coletivamente, da melhor vida ao nosso alcance. O que havia de errado e o que permanece vivo no projeto iluminista de conquista da felicidade por meio do progresso científico e material? Até que ponto as nossas escolhas têm conduzido à criação de condições adequadas para vidas mais livres e dignas de serem vividas? Que lições tirar das conquistas e desacertos das nações que lideram o processo civilizatório? A civilização entristece o animal humano? Qual deveria ser o peso do prazer na busca da felicidade e qual deveria ser o ligar da felicidade na melhor vida? O conhecer modifica o conhecido, o viver modifica o vivido. As questões da filosofia estão sempre voltando ao ponto de partida. Elas nunca se rendem, elas jamais se esgotam; só o que acaba é o nosso fôlego e a nossa capacidade de enfrenta-las. A humanidade não se coloca apenas os problemas que é capaz de resolver. A fome não garante a existência do alimento capaz de saciá-la. Encaradas de um ponto de vista sóbrio, sob a luz fria e clinica da razão, nossas aspirações de realização e transcendência estão fadadas ao desapontamento. O tamanho da distância entre a mais alta felicidade e a mais funda infelicidade de um homem é produto da nossa fantasia. “A vida que se vive é um desentendimento fluido, uma média alegre entre a grandeza que não há e a felicidade que não pode haver”. No fundo do coração humano, entretanto, algo surdo e obstinado resiste; algo indomado protesta a nos dizer que há alguma coisa indefinível pela qual existimos e aspiramos, algo por que vale a pena viver e sofrer. A imaginação selvagem que nos habita em segredo insinua esperanças e inspira sonhos que a razão desautoriza. Os dois lados do embate têm suas armas, têm o seu apelo, têm o seu direito. O grande equívoco é supor que um deles precise ou deva sair vitorioso. A qualidade da tensão é o essencial [...]. Veja mais aqui, aqui e aqui.

DIANA/ÁRTEMIS - Imagem: Diana - marble (1776), do escultor francês Jean Antoine Houdon (1741-1828) – Gulbekian Foudation, Lisboa - Portugal. - Na mitologia romana, Diana é a deusa da lua, da caça e dos animais selvagens. Muito poderosa e forte, era considerada a deusa pura, filha de Júpiter e de Latona. A sua mais famosa aventura foi transformar o caçador Acteão em um cervo porque a viu nua durante o banho. Não quis se casar e manteve-se casta. É a triformis dea – a deusa das três formas, a Lua: Ártemis, Selene (lua) e Hécate (Trívia), ou seja, a trindade da Lua. A deusa grega Ártemis, filha de Zeus e Leto, é a divindade da caça que traz entre as mãos um arco dourado e um coldre de setas nos ombros, trajando uma túnica de tamanho curto, sendo considerada uma prostituta sagrada e uma virgem responsável pelos partos, associada, portanto, à dupla faceta feminina que, ao mesmo tempo, protege e destrói, concebe e mata. Era irmã gêmea de Apolo e seu desejo desde criança foi pedir a Zeus para circular livremente pelas matas, dispensada da obrigação de casar. As festas em sua homenagem eram dedicadas as danças sensuais em louvor da lua. Ela é o símbolo maior do feminino, da sua autonomia e liberdade. Veja mais aqui.

Ouvindo Brasileirança (Kuarup, 2002) do cantor, compositor e violeiro Xangai - Eugênio Avelino.

AMORES & A ARS AMATÓRIA – O livro Amores & arte de amar (Companhia das Letras, 2011), do poeta e autor teatral romano Publius Ovidus Nasso, conhecido como Ovídio (42aC – 17aC), faz parte das três grandes coleções de poesias eróticas. Ele é considerado o mestre do dístico elegíaco e o último dos elegistas amorosos latinos canônicos, escrevendo sobre amor, sedução, exílio e mitologia. Dessa obra destaco o poema 3 do Livro , na tradução de Carlos Ascenso André: É justo o que peço: que a moça que ainda há pouco me cativou / ou tenha amor por mim ou faça com que tenha eu amor por ela. / Ah, foi demasiado o meu desejo! Que apenas consinta em ser amada, / e já Citereia terá ouvido todas as minhas súplicas. / Aceita quem há de servir-te por longos anos, / aceita quem saberá amar com candura e lealdade. / se não tenho a abonar-me grandes nomes de velhos / avós, se quem me deu o sangue é um cavaleiro / e meus campos não são revolvidos por arados sem conta, / se têm de poupar nas despesas ambos os meus pais, / ao menos, tenho a meu lado Febo e as suas nove companheiras / e o inventor da vinha; / ao menos, tenho aquele que a ti me entrega, o Amor; / ao menos, tenho fidelidade, que a nenhuma outra há de ceder, / e um caráter sem mácula / e uma simplicidade pura e um pudor que me faz corar; / não são mil as que me agradam, não sou um saltitante do amor. / Tu, se alguma fidelidade existe, hás de ter o meu cuidado para sempre; / contigo, quantos anos me concederem os fios tecidos pelas Irmãs, / esses me caiba em sorte vivê-los, e, perante a tua dor, morrer. / Mostra que és feliz por seres assunto de meus poemas, / e meus poemas hão de surgir, dignos de quem os inspirou; / é graças à poesia que têm nome Io, apavorada com seus chifres, / e aquela que um amante enganou, em forma de ave dos rios, / e aquela que sobre os mares foi trazida por um touro a fingir / e com mãos de donzela se agarrou aos chifres recurvos. / Também eu hei de ser cantado, do mesmo modo, no mundo inteiro, / e o meu nome para sempre ficará ligado ao teu. Veja mais aqui e aqui.

Ovide and Corine, his lover from the Amores, painted by Agostino Carracci (1557 - 1602).

TARAS BULBA – O romance histórico Taras Bulba (Alianza, 2010), do escritor ucraniano Nikolai Gógol (1809-1852) conta a história de um velho cossaco e seus dois filhos na guerra contra a Polônia. Ele mata um dos seus filhos: - Eu te dei a luz, eu te matarei!”. O seu outro filho é capturado pelos polacos e é executado: - Pai, estás a me ouvir? Taras, escondido dentro da multidão responde: Sim. E foge depois. Por fim, Taras é capturado em combate e queimado vivo. A história foi transformada em filme estadunidense, em 1962, pouquíssimo baseado na obra, dirigido J. Lee Thompson. Do livro destaco este trecho: [...] Os historiadores descreveram a contento essa campanha. Sabe-se que, na terra russa, a guerra é feita em nome da fé. Uma fé terrível, sem piedade, semelhante a um rochedo inabalável no meio de um mar sempre agitado. A massa rochosa eleva-se das profundezas do oceano, e desgraçado do navio que se chocar com ela! O seu casco será reduzido a pedaços, tudo voará pelos ares e os lamentos de terror dos infelizes marinheiros encherão os ares. A história conta como fugiam as guarnições polonesas das cidades que iam sendo libertadas, como foram enforcados os desalmados arrendatários judeus, a inferioridade revelada pelo oficial da coroa polonesa, Nikolai Pototski, e seu numeroso exercito, perante a cavalgada vitoriosa dos cossacos. Esse general foi completamente batido e metade de seu exercito afogado no rio. Encurralado na região de Poloniel pelos cossacos, Pototski jurou solenemente que faria conceder aos cossacos, da parte do rei e do governo da Polonia, todas as liberdades e restituir-lhes os antigos privilégios. Os cossacos, porém, conheciam o valor dessas promessas. Potorski não teria mais oportunidade de desfilar com seu cavalo puro-sangue na frente das damas, nem poderia mais oferecer festas suntuosas aos senadores da dieta, se o clero russo de Poloniel não o tivesse salvo. Quando todos os popes, com suas casulas bordadas a ouro, com ícones e cruzes nas mãos, e levando à frente seu bispo com mitra e báculo, saíram ao encontro do exército vencedor, os cossacos descobriram e inclinaram a cabeça. Nenhum poder humano, nem mesmo o rei, teria sido capaz de submetê-los, mas inclinavam-se perante os popes. O atamã resolveu com seus coronéis deixar partir Pototski, depois de esse ter jurado que as igrejas seriam respeitadas e que o exercito cossaco tomaria posse de seus antigos direitos. Só um coronel não concordou com aquela paz: Taras Bulba. Arrancando um punhado de cabelo da cabeça, gritou: - Ei, atamã, coronéis! Não façam esses arranjos de mulheres! Não creiam nos poloneses, pois eles nos trairão! E, quando o escrivão principal leu o texto do tratado e o comandante o assinou, Bulba ergueu seu sabre de aço damasquino e o quebrou pela metade, como quem quebra uma vara e, jogando longe os pedaços, exclamou: - Adeus! Assim como os dois pedaços deste sabre não voltarão a ser uma só arma, também nós, camaradas, não voltaremos a nos ver neste mundo [...]. Veja mais aqui.



BLACK WIDOW – O suspense Black Widow (O mistério da viúva negra, 1987), dirigido por Bob Rafelson, conta a história de uma rica e bela mulher, Catherine Petersen que tem sua forma elevada cada vez que se casa e mata seus maridos ricos. Após receber a herança, ela desaparece e assume nova identidade para se preparar para um novo golpe. O destaque do filme vai para a linda atriz estadunidense Theresa Russel. Veja mais aqui.

 


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  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Refúgio (2000), Duas Madrugadas (2005), Eyin Okan (2011), Andata e Ritorno (2014), Retalho...