quarta-feira, junho 03, 2015

GINSBERG, RESNAIS, LINS DO REGO, DENEUVE, MILTON & BRANT, LECOCQ, DUFY, CIVILIZAÇÃO & SIGNO TEATRAL.


CANÇÃO – No livro Uivo, Kadish & outros poemas (1953-1960, L&PM, 1984), do poeta estadunidense da geração beat Allen Ginsberg (1926-1997), destaco o poema Canção, tradução de Claudio Willer: O peso do mundo / é o amor. / Sob o fardo / da solidão, / sob o fardo / da insatisfação / o peso / o peso que carregamos / é o amor. / Quem poderia negá-lo? / Em sonhos / nos toca / o corpo, / em pensamentos / constrói / um milagre, / na imaginação / aflige-se / até tornar-se / humano - / sai para fora do coração / ardendo de pureza - / pois o fardo da vida / é o amor, / mas nós carregamos o peso / cansados / e assim temos que descansar / nos braços do amor / finalmente / temos que descansar nos braços / do amor. / Nenhum descanso / sem amor, / nenhum sono / sem sonhos / de amor - / quer esteja eu louco ou frio, / obcecado por anjos / ou por máquinas, / o último desejo / é o amor / - não pode ser amargo / não pode ser negado / não pode ser contigo / quando negado: / o peso é demasiado / - deve dar-se / sem nada de volta / assim como o pensamento / é dado / na solidão / em toda a excelência / do seu excesso. / Os corpos quentes / brilham juntos / na escuridão, / a mão se move / para o centro / da carne, / a pele treme / na felicidade / e a alma sobe / feliz até o olho - / sim, sim, / é isso que / eu queria, / eu sempre quis, / eu sempre quis / voltar / ao corpo / em que nasci. Veja mais aqui e aqui.

Imagem: Nu, do pintor francês Raoul Dufy (1877-1953)

Curtindo a Opéra bouffe em trois actes La petit Mariée (1875), do compositor francês Charles Lecocq (1832-1918), com Renaissance Orquestra Lyric da RTF, sob a direção de Roger Ellis.

VAMOS APRUMAR A CONVERSA: REPRISE BRINCARTE – Há um menino / Há um moleque / Morando sempre no meu coração / Toda vez que o adulto balança / Ele vem pra me dar a mão / Há um passado no meu presente / Um sol bem quente lá no meu quintal / Toda vez que a bruxa me assombra / O menino me dá a mão / E me fala de coisas bonitas / Que eu acredito / Que não deixarão de existir / Amizade, palavra, respeito / Carater, bondade alegria e amor [...]; Com esses versos da música Bola de meia, bola de gude, da dupla Milton Nascimento & Fernando Brant, alimento todo dia a criança que se mantém viva dentro de mim. Percebo que apesar de cinquentão, essa criança é a maior e melhor parte que carrego em mim. Por isso, hoje pras crianças de todas as idades é dia de reprise do programa Brincarte do Nitolino, nos horários das 10hs e das 15hs, com apresentação encantadora de Isis Corrêa Naves, no blog do Projeto MCLAM. Para conferir online é só clicar aqui ou aqui.

MENINO DE ENGENHO – O livro Menino de engenho (1932 – José Olympio, 1980), do escritor José Lins do Rego (1901-1957), romance de estreia do autor na Literatura, dividido em trinta e três capítulos contando a história de um menino órfão de um pai que assassinara sua mãe e a descoberta do mundo no engenho do avô, um patriarca do coronelato da cana-de-açúcar nordestina. Da obra destaco o trecho inicial: Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá e vi minha mãe estendida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco. A gente toda que estava ali olhava para o quadro como se estivesse a assistir a um espetáculo. Vi então que minha mãe estava toda banhada em sangue, e corri para beijá-la, quando me pegaram pelo braço com força. Chorei, fiz o possível para livrar-me. Mas não me deixaram fazer nada. Um homem que chegou com uns soldados mandou então que todos saíssem, que só podia ficar ali a Polícia e mais ninguém. Levaram-me para o fundo da casa, onde os comentários sobre o fato eram os mais variados. O criado, pálido, contava que ainda dormia quando ouvira uns tiros no primeiro andar. E, correndo para cima, vira o meu pai ainda com o revólver na mão e a minha mãe ensanguentada. “O doutor matou a Dona Clarisse! Porquê?” Ninguém sabia compreender. O que eu sentia era uma vontade desesperada de ir para junto de meus pais, de abraçar e beijar minha mãe. Mas a porta do quarto estava fechada, e o homem sério que entrara não permitia que ninguém se aproximasse dali. O criado e a ama, diziam, estavam lá dentro em interrogatório. O que se passou depois não me ficou bem na memória. [...]. Veja mais aqui.

O SIGNO TEATRAL – O livro O signo teatral: a semiologia aplicada à arte dramática (Globo, 1977), de Roman Ingarden, Petr Bogatyrev, Jindrich Honzl e Tadeusz Kowzan, organizado e traduzido por Luiz Arthur Nunes, Regina Ziberman, Ana Mariza Tibeiro Filipouski, Tania Franco Carvalhal e Maria da Gloria Bordini, aborda temas como a semiologia e o espetáculo teatral, as funções da linguagem teatral, os signos do teatro, a mobilidade do signo teatral e o signo no teatro. Da obra destaco o trecho da parte introdutória Um campo inexplorado, dos organizadores: [...] Provavelmente pelo fato de o espetáculo tomar emprestados elementos de outras formas de expressão, a tendência foi, durante muito tempo, considera-lo uma manifestação híbrida, resultante de uma soma ou fusão de diversas artes. A teoria wagneriana da gesamtkunstwerk (obra de arte total), é o produto mais típico dessa linha de pensamento. Nos dias atuais, porém, tende-se a ver o espetáculo como expressão única e independente, embora possa nutrir-se de elementos de outras linguagens. Para esse reconhecimento da especificidade da arte do espetáculo, a semiologia, com sua abordagem rigorosamente formal e objetiva, tem muitíssimo a contribuir. As dificuldades acima apontadas constituem um sério entrave; no entanto, não impediram que surgissem, desde cedo, esforços no sentido de esboçar uma semiologia do teatro. [...] quando nada, pelo estimulo que possa vir a dar ao estudo e à compreensão dessa arte que, em nosso meio, apesar de tantas forças contrárias, teima em querer subsistir e progredir [...]. Veja mais aqui.

O CHOQUE DE CIVILIZAÇÕES – O livro O choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial (Objetiva, 2010), do controvertido e conservador cientista político estadunidense Samuel P. Huntington (1927-2008), explora a importância da cultura e da religião como causas de aliança e choques entre os países, abordando temas como nova era da política mundial, bandeiras e identidade cultural, mundo multipolar e multicivilizacional, as civilizações na história e na atualidade, a natureza das civilizações, ocidentalização, poder, cultura, indigenização, La Revanche de Dieu, a ordem emergente das civilizações, em busca de agrupamentos, fracasso da mudança de civilização, círculos concêntricos e ordem civilizacional, universalismo ocidental, direitos humanos e democracia, imigração, das guerras de transição às guerras de linha de fratura, países afins e diásporas, entre outros assuntos. Destaco um dos trechos: [...] Na década de 50, Lester Pearson advertiu que os seres humanos estavam entrando numa era em que as diferentes civilizações terão que aprender a viver lado a lado num intercambio pacífico, aprendendo umas com as outras, estudando a história e os ideais e a arte e cultura uma das outras, enriquecendo-se mutuamente com as vidas umas das outras. A alternativa, nesse pequeno mundo superpovoado, é a incompreensão, a tensão, o choque e a catástrofe. O futuro da paz e o futuro da civilização dependem da compreensão e da cooperação entre os líderes políticos, espirituais e intelectuais das principais civilizações do mundo. No choque das civilizações, a Europa e os Estados Unidos se juntarão ou serão destruídos separadamente. No choque maior, o choque verdeiro, global, entre a civilização e a barbárie, as grandes civilizações do mundo, com suas ricas realizações em religião, arte, literatura, filosofia, ciência, tecnologia, moralidade e compaixão, também se juntarão ou serão destruídas separadamente. Na era que está emergindo, os choques das civilizações são a maior ameaça à paz mundial, e uma ordem internacional baseada nas civilizações é a melhor salvaguarda contra a guerra mundial. Veja mais aqui.


NOITE E NEBLINA – O premiado documentário Noite e Neblina (Nuit et brouillard, 1955), do cineasta francês Alain Resnais (1922-2014) por encomenda do Comitê Histórico da Segunda Guerra Mundial dez anos depois da guerra e inspirado no livro , Poèmes de la nuit et brouillard, (1946), do poeta e editor francês e Jean Cayrol (1911-2005), com música de Hanns Eisler. Trata-se de um guia para melhor compreensão do Holocausto, alternando imagens coloridas e em preto e branco, com fotos e filmes dos arquivos dos horrores nazistas. É um filme para reflexão, vez que registra pouco tempo depois do ocorrido e do que é a tragédia humana promovida por uma guerra - o lamentável expediente da guerra - que nos ronda no cotidiano,  nesses tempos de violência banalizada, impossibilidade de indignação. Veja mais aqui.



IMAGEM DO DIA
 Todo dia é dia de homenagear a musa de todos os tempos e respeitadíssima atriz francesa Catherine Deneuve, considerada um modelo de elegância e beleza gálica. Veja mais aqui


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