sábado, janeiro 02, 2016

CLEÓPATRA & TODO DIA É DIA DA MULHER


CLEÓPATRA (69.aC – 30 aC) – Filha de Ptolomeu Auletes, o Tocador de Flauta – o mesmo que assassinou sua filha Berenice e compôs-lhe uma elegia para o funeral - , não era egípcia, descendente de um dos generais greco-macedonios de Alexandre Magno. Cleópatra tinha o dom da dramatização. Durante toda a vida desempenhou seu papel como uma atriz consumada. Mulher de assombrosa versatilidade, sabia discutir pintura, escultura, poesia, teologia, negócios de Estado, Filosofia e religião com os homens mais cultos da época. Sua esplendida personalidade era tecida de fios de variegadas cores. Era brilhante, encantadora, astuta, cruel, frívola, diplomática, oportunamente generosa, sobretudo consumida continua e completamente por uma sede de poder ilimitado. Quando ela assumiu o poder em 51aC, contando com apenas 17 anos de idade, Cleópatra já era admirada por suas qualidades de estadista, inteligência, energia, sentido de grandes projetos e, também, paciência e tenacidade. Crescera em meio ao tumulto e à angústia da guerra, da invasão. Conheceu a humilhação da ocupação estrangeira, a arrogância e a brutalidade dos romanos, os caprichos rústicos e ruidosos daquela população mestiçada que habitava Alexandria, a docilidade e a resignação dos camponeses curvados pelo peso de milênios de submissão. Por mais que tivesse orgulho de sua ascendência real e de sua herança macedônica, sentia uma profunda simpatia pelo povo egípcio, com suas virtudes ancestrais, seu amor pela paz, sua harmonia com os elementos e as estações do ano. De natureza generosa, orgulhosa e ousada, ela se indignou quando o jugo de Roma pesou sobre aquele país cuja civilização era tão mais antiga e refinada. Acalentou o sonho e a ambição de livrar seu povo da tirania estrangeira. Todos os atos de seu governo e seu comportamento pessoal indicam que Cleópatra desde sempre acalentou a possibilidade de reinar sobre um vasto domínio, além- fronteiras. Era apaixonada pela glória e pelos homens. Em suma, era um gênio na refinada arte de viver. Lutando contra o destino apenas com as armas da beleza e do talento, quase logrou transformar Roma numa província do Egito. Sua vida terminou numa tragédia. Ela até hoje tem sido chamada a amante de todos os poetas do mundo, e a anfitrião de todos os folgazões.
CLEÓPATRA & CESAR – Animado com sua vitória sobre Pompeu, César acabava de chegar a Alexandria. Era fins de 48aC, o rei Aulete morrera; e dois dos seus filhos, Ptolomeu e Cleópatra, preparavam-se para disputar a sucessão do trono. Quando César chegou, Cleópatra estava no exílio. Um fâmulo correu a avisar César: - Um viajante acaba de chegar do Levante. Traz uma coleção de tapeçarias raras que deseja mostrar-lhe. – Onde está ele? – O guarda do portão não o quer deixar entrar, senhor. – Dize ao guarda que deixe esse homem vir até cá em seguida. O viajante, com o farde de tapetes sobre o ombro, foi trazido à presença de César. – O senhor nunca viu coisa parecida com esta que vou lhe mostrar. Dito isto, largou cuidadosamente no chão o maço de tapetes e começou a desenrolá-lo. Respondeu com um riso ao olhar espantado de César. – Eu não tinha razão, senhor? Mas César estava mudo. De dentro dos tapes, com os cabelos desgrenhados e rindo à socapa como uma colegial, saltara Cleópatra, a filha do rei egípcio. Nela estava a metade civilizada e a metade bárbara familiar da estouvada princesa que surgiu do fardo para implorar o auxílio de César a fim de reaver o trono. Um torvelinho de soltos cabelos ruivos, um riso sedutor, gestos desenvoltos e buliçosos, gracejos espirituosos expressos em perfeito latim com delicioso sotaque grego. Impossível resistir a essa cativante jovem de vinte primaveras egípcias. César, conhecido como o Marido de Todas as Mulheres (Omnium Mulierum Vir), estava escravo dos mais insignificantes caprichos dela. Ela induziu César a enterrar os dedos maculados no corrupto bolo egípcio. Persuadiu-o a matar Ptolomeu, jovem irmão e rival dela no pretender o trono. Convidou-o então para uma excursão pelo Nilo na sua barca real de ouro e púrpura. Enquanto ele um velho soldado epiléptico, ela uma jovem aventureira ambiciosa, ambos sonhavam um sonho dourado de conquista. E ela, com a ajuda de César, esperava tornar-se a senhora do mundo. Enquanto ela lhe dava um filho e herdeiro, Roma impacientava não podendo o seu general definhar entre os afagos de uma mulher estrangeira. Apaixonado crepuscular, ele resolveu regressar antes com uma vitória militar do que com um triunfo amoroso, e comunicou: Veni, vidio, vici (Vim, vi, venci!), sob a inspiração de Cleópatra ele aprendera a considerar-se um deus, e a vangloriar-se como se fosse um deus. A Senhora do Nilo começou a estabelecer planos para derrubar a república romana, enquanto ele prometeu que assim que se tornasse rei, desposaria Cleópatra legalmente e a faria rainha. Então, eles transfeririam a capital de seu império, de Roma para Alexandria. Era o sonho dela e a paixão de César um aguilhão, o filho divino de Júpiter para todo o sempre. Assim, ela se tornara afinal senhora do mundo. Num esforço para calmar sua agitação, ordenou que um de seus escravos fosse suspenso no teto de cabeça pra baixo. Um tanto aliviada por esse divertimento – seu remédio preferido para aquietar os nervos agitados – ficou impacientemente à espera de importantes notícias do senado. Não foram boas, César fora presenteado no senado romano com vinte e três punhaladas. Ela retorna ao Egito com um grande vazio no coração.
CLEÓPATRA & MARCO ANTONIO – Ela havia jogado as maiores paradas e perdera, mas Marco Antonio era um exemplar fora do comum das virtudes e fraquezas humanas. Juntamente com Otaviano e Lépido, eles formaram o triunvirato ditatorial. Com isso, ele fora em missão ao oriente, quando conheceu Cleópatra, de quem tornou-se escravo: - Se quiser ver-me, deve vir à minha galera como meu convidado -, disse-lhe ela em resposta ao chamamento dele. Ele aceitou e se achou num jardim encantado: sereias, cupidos e graças dançavam sobre um convés juncado de flores, enquanto um grupo de raparigas com flautas tocava uma música suave, e uma nuvem de incenso inebriava docemente os sentidos, fazendo tudo esquecer. Ataviada com as vestes soltas e semitransparentes da deusa Vênus, ela estava sentada debaixo de um toldo franjado de ouro, e acolheu Antonio com um sorriso de maliciosa humildade. Ele fez-lhe presente de seu coração, suas esperanças e sua vida. A principio espantou-se com o que Plutarco descrevera como sendo suas as maneiras rústicas, fato que fez com que ela, soberba atriz, adaptasse suas maneiras às de Antonio: percebendo que as chalaças dele eram brutas e sórdidas, e que tinham mais do soldado que do cortesão, ela respondeu com a mesma moeda e descambou para essa disposição de espírito sem nenhuma relutância ou reserva. Sucederam-se banquetes régios, a ponto de apostas entre ambos, resultando ao final do combate que Antonio dissera: - Basta! Você ganhou a aposta! E mergulharam em doidices: farsas, mascaradas, bebedeiras, piqueniques, excursões, danças, corridas de carros e até mesmo visitas acidentais às tabernas, disfarçados de aldeões ou escravos. Enquanto ele enlanguescia na alcova egípcia, Otaviano consolidava sua própria posição em Roma. E se Antonio era um canalha de bom gênio, Otaviano era um patife de maus bofes. Antonio divorciou-se de Otávia, casou com Cleópatra e proclamou-se libertador de Roma, os dominadores do mundo. Enfrentando Otaviano, sucumbe Antonio: abandonou todos que estavam lutando e dando suas vidas por ele, seguiu atrás dela para Alexandria, quando ela já se destinara a desposar Otaviano que veio vê-la depois que Antonio se matou. Veio, viu e não foi conquistado: queria ela capturada como prisioneira de guerra. Ainda que prisioneira, logrou introduzir a serpente em seus aposentos escondida dentro duma cesta de frutas. E assim a insaciável princesa, a mortal que supunha dominar o mundo, recebeu seu completo e final quinhão de gloria humana. Ofereceu um banquete real aos vermes famintos.
REFERÊNCIAS:
BRUSSAUD, Jean-Marc. O Egito dos faraós. Rio de Janeiro: Otto Pierre, 1978.
SILVA, José Carvalho. História universal. São Paulo: Ridel, s/d.
TANNAHILL, Reay. O sexo na história. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.


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