sábado, março 19, 2016

IARAVI, APELLATTIO, DEGAS & GAWLIK.

O CORAÇÃO DE IARAVI (Imagem: ilustração de J. Lanzellotti)– Foi no coração dela que descobri a vida e o sentido de todas as coisas, para que eu pudesse ser vivo mais que a teimosia de viver. E colhi no roseiral de todos os matizes do seu íntimo, o eflúvio anímico que me ensinou o que é divino e o que é profano, na emanação de sua forma mais menina, a cismar tão pura pelas horas perdidas do meu poetar errante, e a me ensinar do amor que nasce e cresce comigo como a nascente que brota e se faz de mar, e remoço intumescido com os cântaros e regatos de sua nudez mais que extasiante. Foi na grandeza de seu coração Paranavaí que conheci a fonte mais caudalosa de todas as cachoeiras, onde nasce a dualidade das coisas que são de si e do Paranapanema ao Ivaí, para saber onde vai dar o roteiro das profundezas marítimas, como as correntes que me faz seguir e poder penetrar na escuridão de sua fundura com o meu exílio desesperado, para me deitar na guarida da enseada na sua manhã tupi. Foi no seu coração de rainha dos campos e filha do fogo - a mais linda tantó tapuia com sua pele de romã, solfejando meu nome com sua face ao meu ombro e os lábios a me beijar como se socorresse em mim mais que o anseio solitário de acordar o mundo, para que eu possa sentir o espetáculo da natureza na sua mimosa flor a me queimar com seus fulgores e basta um beijo seu e o meu céu diverso se revolve para ser aconchegado na sua meiguice perfumada de floresta densa com o sabor de vida de sua carne ameríndia de rio manso e lua prateada. E recolho os poemas dos seus seios nus de protegida de M’boi, o Grão Pandere do sopé da Serpente, alumiados pela luz do pinfé com todos os versos de amor, a me livrar dos empecilhos e das emboscadas que se escondem pelas correntezas e cataratas, e a me guiar com seus olhos de cristais liquefeitos feito alas de manacás iluminados pelas veredas da paixão. Foi no coração da bela caingangue a se erguer desnuda e bela das águas turbilhonantes, me ensinando a cantar a canção dos enamorados pelas vazantes e ribanceiras, a me socorrer pelas noites e dias quando romper com meus braços e coragem os taquarais que me cercam e por todo matagal sermos mais que dois amantes seguidos pelos rios do seu corpo sob a égide de Caix Cã Gogn que apaga seu Xuxá para que possamos desfrutar do nosso amor em paz. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui e aqui

 Imagem: a arte do pintor impressionista francês Edgar Degas (1834-1917). Veja mais aqui e aqui.

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MANIFESTO APPELLATIO – “Todo indivíduo tem o dever de considerar a humanidade inteira como sua família e de se comportar em toda circunstância e em todo lugar como um cidadão do mundo, fazendo assim do humanismo a base de seu comportamento e de sua filosofia”.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: a arte da pintora polonesa Ewa Kienko Gawlik.
Veja aqui e aqui.
 

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