quarta-feira, outubro 12, 2016

PAULO FREIRE, VYGOTSKY, CLARA BELLAR, ELIZA SANTA ROZA, PROTÁSIO DE MORAIS, RONALDO MENDES, RACHEL LUCENA, AMARO FRANCISCO, IRINÉIA, LAURO PALHANO, BUMERANGUE, LUCIAH & CRIANÇA


INEDITORIAL: TODO DIA É DIA DA CRIANÇA (Imagem: arte da poeta, artista visual e blogueira LuciahLopez) - Salve, salve, gentamiga! Sempre fui menino. Mesmo cinquentão, sempre mantenho viva a minha infância e o que há de melhor em mim da meninice. Por isso venho de chapa com a minha canção Todo dia é dia de ser criança: Ser criança é viver o amor, é viver seja onde for com sorriso em suas mãos e se encantar com a beleza de tudo da natureza sem temor e inibição. Ser criança é toda hora dar valor aqui e agora, começando a brincadeira e reinando a vida inteira com pureza de ação e calor no coração. Vamos então contar história pros meninos, pras meninas do raio da silibrina e coisa do caritó, debulhar todo pencó, toda rima, toda prosa, todo mote, toda glosa, cantoria trololó. Toda moça mais bonita vai ficar fazendo fita e mesura pra vovó. Os meninos mais festeiros vão pular de cambiteiros até desatar o nó. E eu não vou só, por que? Ser criança é ser feliz. Todo dia é dia de ser criança e de ter a esperança no meu Brasil melhor, o meu país melhor pras crianças e todos nós. E agora vamos pras novidades do dia: na edição de hoje o brincar de Lev Vygotsky, a escrita de Paulo Freire, os jogos infantis de Eliza Santa Roza, o Bumerangue do GROP, o Bicho D’água de Lauro Palhano, o Lobisomem Zonzo, Vivendo e Aprendendo de Clara Bellar, o Congresso da Abenepi, a arte de Luciah Lopez, Protásio Morais, Amaro Francisco, o Arraial da Bicharada, João Teimoso do Dim, Dona Irineia, Ronaldo Mendes, a minha canção Criança, a entrevista de Rachel Lucena, o cordel na escola de Márcia Nunes Machado & muitas outras. No mais, vamos aprumar a conversa & veja mais aqui e aqui.

Veja mais sobre:
De segunda pra semana, Monteiro Lobato, Carlos Drummond de Andrade, Nise da Silveira, Roman Jakobson, Nísia Floresta, Federico García Lorca, Lobo de Mesquita, Gloria Pires, Leon Eliachar, João Rodrigues Esteves, Cláudio Tozzi & José Mauricio Nunes Garcia aqui.

E mais:
Tomás de Aquino, Padre Bidião, Ufologia, Padre Bidião & Confissão do Poeta Popular aqui.
Proezas do Biritoaldo: quando Deus num quer, santo num voga aqui.
Fecamepa: quando o nó se desata, bote banca porque o afolosado é a maior moleza, viu? Aqui.
No Reino da Teibei & Aprumando a conversa aqui.
Tolinho & Bestinha: quando Tolinho bateu pino com o capeta granulado aqui.

DESTAQUE: O BRINCAR DA CRIANÇA
[...] É notável que a criança comece com uma situação imaginária que, inicialmente, é tão próxima da situação real. O que ocorre é uma reprodução da situação real. Uma criança brincando com uma boneca, por exemplo, repete quase exatamente o que sua mãe faz com ela. Isso significa que, na situação original, as regras operam sob uma forma condensada e comprimida. Há muito pouco de imaginário. É uma situação imaginárias, mas é compreensível somente à luz de uma situação real que, de fato, tenha acontecido. O brinquedo é muito mais a lembrança de alguma coisa que realmente aconteceu do que imaginação. É mais a memória em ação do que uma situação imaginária nova. [...]. Trecho extraído da obra A formação social da mente (Martins Fontes, 1991), do psicólogo e cientista bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934). Veja mais aqui, aqui e aqui.

CRIANÇA
(Imagem: Conceição dos bugres, de Protásio de Morais)

Brinquedo de criança
Que eu vou brincar
Contigo nesta noite
Eu quero me embalar
Coisas de infância
Que eu vou sonhar
Com novas brincadeiras
Que eu vou inventar
Brincando de cantiga
Que eu vou cantar
Cantando a minha vida
Que já vai começar
Pular amarelinha
Ou estudar toda lição
São coisas que a gente
Vai guardar no coração
Ou pula academia
Ou faz a roda ou garrafão
Jogando bola o tempo todo
Para alegrar nossa canção
Capelinha de melão
É de São João, É de cravo, é de rosa
É de manjericão
Pular corda direitinho
Pula fora, não
Se pular a corda fora
Leva um beliscão
O seu rei mandou dizer
Pra cantar outra canção
Que a cantiga já ta feita
E não tem outra não
Não tem outra não
Não tem outra não
Não tem outra
Não.
(Criança, In:Falange, falanginha, falangeta. Maceió: Nascente, 1995) © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


ESCRITA DAS CRIANÇAS - [...] devemos estimular ao máximo as crianças para que falem e para que escrevam. É das garatujas, uma forma indiscutível de escrita, que devemos elogiar, que elas partem para a escrita a ser estimulada. Que escrevam, que contem suas histórias, que as inventem e reinventem os contos populares de seu contexto.[...]. Trecho extraído da obra Professora sim, tia não: cartas para quem ousa ensinar (Olho D’Água, 1993), do educador, pedagogista e filósofo Paulo Freire (1921-1997). Veja mais aqui e aqui.

NO ARRAIAL DA BICHARADA

Imagem: Ciranda, cirandinha, de Amaro Francisco.

Pulga toca flauta perereca, violão piolho, pequenininho também toca rabecão
Pulga mora embaixo, percevejo mora ao lado, piolho pequenino também mora no telhado.
Lá vem a dona pulga Vestidinha de balão Dando o braço ao piolho Na entrada do salão.
No arraial da bicharada (Música popular – domínio público) recolhida das obras Antologia de cantos orfeônicos e folclóricos (FTD, 1965), de Wagner Ribeiro & Recordar é viver: cancioneiro popular (Loyola, 1984), de Ivo Inácio Bersch. Veja mais aqui.



OS JOGOS INFANTÍS - Os jogos infantis [...] são em geral roteiros compreensíveis, que possuem coerência e inteligibilidade, mesmo quando contêm elementos que se contrapõem à realidade material: voar, mudar de tamanho, possuir superpoderes, etc. Esses elementos não constituem para a criança nenhum sentimento de estranheza, pois no brincar há uma consciência da irrealidade da trama, que é produzida intencionalmente, tal como nas novelas de ficção. Trecho extraído do livro Quando brincar é dizer: uma experiência psicanalítica da infância (Relume-Dumará, 1993), da psicanalista Eliza Santa Roza. Veja mais aqui.


Imagens: Joões Teimosos, da Galeria do Dim.

PERNSAMENTO DO DIA: BUMERANGUE - Um homem tinha um jardim cheio de flores lindas. Eram as flores mais vendidas do país, todas as pessoas do mundo sabiam e queriam comprá-las. Eram as flores mais bonitas e as que tinham melhor perfume no mundo todo. Todos os anos, ele ganhava o prêmio das flores maiores e de melhor qualidade; toda a região as admirava. Um dia, uma jornalista perguntou ao homem qual era o segredo de seu êxito. O senhor responder: - Meu êxito se deve a que, cada cultivo, separo as melhores sementes e as divido com meus vizinhos para que eles também as semeiem. – Como? – disse a jornalista. – Isso é uma loucura! Não tem medo de que seus vizinhos tornem-se famosos como o senhor e fiquem com os prêmios? O senhor respondeu: - Faço isso porque, se eles semeiam bem, o vento e as abelhas devolverão para o meu cultivo bom pólen e boas sementes, e assim a colheita será melhor. Se não fosse assim, eles espalhariam sementes de má qualidade e o vento as levaria até a minha plantação. As sementes deles cruzariam com as minhas e fariam com que minhas flores fossem de pior qualidade. Historinha extraída da obra Atividades para o desenvolvimento da inteligência emocional nas crianças (Ciranda Cultural, 2009), do Grup de Recerca em Orientació Psicopedagògica (GROP). Veja mais aqui.


Imagem: Mulher com crianças nos braços, cerâmica de Dona Irinéia.

A PANELA DO BICHO D’ÁGUA - Duas léguas acima o Corrente despeja no São Francisco. Suas águas negras comprimem as do tributado, para depois nelas se misturarem, em golfadas e novelos, à grande distância da foz. No seu estuário, as águas contorcem-se em eterno movimento giratório, a que chamam panela. Mora ali, naquele rodamoinho gigantesco e perene, o Bicho d’água e quem quiser vê-lo é só chegar no vórtice infernal, se tiver coragem, e largar uma garrafa de azeite doce. Poderá então ver o palácio onde vive a faustosa entidade, que se apresenta aos olhos dos mortais na figura de tosco tronco flutuante, imóvel, contra a corrente impetuosa. O incauto viajante que se aproximar, iludido pela inofensiva aparência, não tem salvação. Pior do que o Moleque d’água, mais malvado, mais traiçoeiro, inflexível; ele e o seu comparsa, o Minhocão, são o terror do pescador e dos que viajam a sós pelo rio, mormente na calada da noite. Trecho extraído da obra Paracoera (Schimidt Schmidt, 1939), do escritor Lauro Palhano (pseudônimo de Juvêncio Lopes da Silva Campos 1881-1947). Veja mais aqui.  


O LOBISOMEM ZONZO – A peça teatral infantil O lobissomem zonzo (Nascente, 2008) é oriunda do historieta infantil homônima, contando as aventuras de quatro garotos, Bichim, Maluquim, Gordim e Jeguim que vão brincar de esconde-esconde e, por conta dos seus amostramentos, Gordim vai se esconder num buraco fundo e não consegue. Eis que no afã de querer salvar o amigo, os meninos se depara com o maior de todos os temores: o lobisomem. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

O FUTURO DE NOSSAS CRIANÇAS – O documentário Vivendo e aprendendo (Being and becoming, 2014), da atriz, cantora, diretora de cinema, roteirista e produtora francesa Clara Bellar, apresenta as questões atinentes à descolarização, observando que a separação que existe entre as disciplinas dentro do colégio não se repete na vida e que o estudo em casa assistido pelos pais revela que o aprendizado acontece o tempo todo, enquanto brincam, enquanto estão concentrados em alguma coisa. Apresenta algumas experiências de crianças que pediram para sair da escola e os pais tiveram que organizar a vida para se dedicarem, também, à educação dos seus filhos. Esses mesmos pais revelam que se tornaram empreendedores para fixarem residência no campo, trabalharem lá e cuidarem da educação dos filhos com mais tranqüilidade. O documentário traz uma constatação efetuada pela Associação Nacional de Ensino Domiciliar (ANED), de que, em 2013, havia uma estimativa de mais de mil famílias no país que escolheram pela educação fora da escola, utilizando diferentes métodos de ensino e aprendizagem. No Brasil a legislação federal não permite a prática de ensino, sendo obrigatória a matrícula dos filhos em uma instituição escolar. Enquanto isso, a doutora pela USP, Luciane Muniz Ribeiro Barbosa, que defendeu a tese Ensino em casa no Brasil: um desafio à escola?,  observa que a educação domiciliar na visão dos juristas é inconstitucional e o Código Penal prevê crime de abandono intelectual aos pais que se mostrem omissos ou neguem a responsabilidade da matrícula dos filhos em instituição oficial, encontrando, porém, a avaliação de outros juristas que sinalizam lacunas constitucionais que favorecem o ensino em casa, propiciando uma outra forma de socialização e evitando os problemas do bullyng e da competição. Ela traz o exemplo do estudo Fifyeen years later (Quinze anos depois, 2009), realizado no Canadá, com uma geração de jovens que haviam sido educados em casa trazendo aspectos positivos e apontando problemas de socialização. Além do mais, abre a questão se a escola efetivamente garante o direito à educação aos seus estudantes. O debate está aberto.Veja mais aqui.


Imagem: a arte naif de Ronaldo Mendes.

AGENDA: IV CONGRESSO INTERNACIONAL E XXIV BRASILEIRO DA ABENEPI – Acontecerá entre os dias 09 e 12 de agosto de 2017, no Hotel Eindsor Oceânico, no Rio de Janeiro, o IV Congresso Internacional e XXIV Brasileiro da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatriz Infantil e Profissões Afins (ABENEPI), propondo um momento de reflexão conjunta sobre os grandes desafios que a aceleração desenfreada dos tempos atuais nos impõem, celebrando os que valorizam a troca, respeitam a divergência e procuram converter sua indignação e desconforto com as condições atuais de desatenção à infância e adolescência numa luta permanente por um futuro mais responsável por si mesmo. Veja mais aqui e aqui


ENTREVISTA: PROFESSORA RACHEL LUCENA – Alguns tempos atrás, a professora carioca Rachel de Oliveira Pereira Lucena, concedeu uma entrevista logo após o desenvolvimento uma atividade que envolveu a exposição de trabalhos poéticos dos seus alunos Colégio e Curso Fator, material que publicamos numa edição festiva no blog Brincarte do Nitolino. Confira a entrevista aqui.

REGISTRO – CORDEL NA ESCOLA
Numa tarde de sábado de 2009, recebi o convite da professora Márcia Nunes Machado, para realizar uma apresentação do meu cantarau Tataritaritatá, na Escola Estadual Rosalvo Lobo, em Maceió. Armado da minha viola de 12 cordas, sapequei poesias de Ascenso Ferreira, cordéis de Patativa de Assaré e Leandro Gomes de Barros, entre outras composições autorais, mandando ver pros jovens do educandário. Por resultado, dias depois do evento, foi desenvolvida uma série de atividades com os alunos dos 6º ao 9º ano, sobre a Literatura de Cordel. Tudo isso está registrado pra conferir aqui, aqui e aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.



JUDITH BUTLER, EDA AHI, EVA GARCÍA SÁENZ, DAMA DO TEATRO & EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA

  Imagem: Acervo ArtLAM . A música contemporânea possui uma ligação intrínseca com a música do passado; muitas vezes, um passado muito dis...