sexta-feira, janeiro 25, 2013

CONNIE PALMEN, MARJANE SATRAPI, FRANCES BURNETT, NAIM FRASHËRI & TODO DIA É DIA DA MULHER

 

É pra ela que a vida brilha tanto e eu faço o meu canto pra lhe dar...

 


A FILHA DO BUCHO DE ZEDERINAQue barriga é essa, Zederina? Sei não, mãe. Tem coisa! Tem não, pai, menstruei esse mês já. A barriga cresce a cada, não tem cara de lombriga não. Só cresce, mulher, essa menina tá embuchada. Tô não, pai. Tá não, véio, ela tá de boi. Então que bucho é esse se não for pra parir, hem? Sei não, pai. Eu sei, Jesus me contou num sonho: você tá prenha e será menina! Deus-me-livre! Cruz-credo, véio. Como é que pode, se todo mês o sangreiro desce? Pode escrever: vai ser menina! Então foi aquele valeiro safado! Ô mãe!... Ela tá mentindo, quando ela some arriando os quartos toda fuviando pras bandas daquele enrolão. Tô não, pai. Quero ver mesmo se tá boi, menina! Chegue, venha ver, mãe, olhaqui. Como é que pode: isso é bucho duns sete meses, ora! O sangue desce todo mês, pai. Vamos levar ela pro médico na cidade. Precisa não, vou agora no atendimento lá do grupo. Vá lá, vá!

E aí doutor? A senhora está grávida de oito meses, vai dar à luz mês que vem. Como é que pode? Vá pra enfermagem fazer o pré-natal e se preparar pro parto, semana que vem quero vê-la aqui.

Embuchou, Zeferida? E apois, seu Zé, e nem sabia! Ocente, se for menino tu me dá? Dou, mas pai disse que sonhou que era menina. Então dê pro meu irmão que ele tá precisado. Será que seu Coca quer mesmo? Quero sim, mas só se for menina. Acertado pra um ou pro outro.

Pronto, mãe, pai: uma notícia ruim e outra boa. Conte logo a ruim! Tô prenha mesmo! Num disse. E a boa, se avie! Se for menino, vai pro seu Zé; se for menina, pro seu Coca. Endoidou, foi? Nada pai, problema resolvido.

Chama a parteira aí, véi! Aonde é que aqui tem parteira, mulher? Chama a véia vizinha, homem! Já chegou só com o zoadeiro. Vixe! Que foi? Tá laçada. E agora? Vai dar trabalho. Simbora, mulher, deixa de conversa!

Pronto, a menina escapuliu! Então me dê que a mãe dela tá doida e vai ganhar o olho da rua depois do resguardo! Me dê, mãe! Vá-se pro meio do mundo com aquele valeiro safado, aqui você não fica nem mais um segundo, só emprenhou pra desmoralizar a família! Foi não, pai! Suma daqui senão lhe quebro no pau e jogo no meio do rio pra morrer longe afogada! Arrede, filha, nunca mais quero ver a sua cara, deixa que a menina a gente cuida. Mas, mãe.. Sai-te daqui, já!

Quarenta anos se passaram e estava sozinha até ontem, meus avós morreram e nada mais restava. Não tive encontrado minha mãe, não sei o que seria de mim. Pelo menos ela ronca ali inocente no sofá sem saber nem que sou sua filha...

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Os homens sabem muito sobre o mundo e pouco sobre si mesmos. Coração e cérebro pertencem um ao outro. O sentimento é sensível e o pensamento é sensível. Muitas vezes, o acaso é mais sábio do que a nossa vontade. Devemos enfrentar nossos monstros, domar os lobos, buscar e matar o Minotauro nos labirintos de nossas almas, pois se não o fizermos, eles nos matarão. Por que tão poucas pessoas entendem que o desprezo dos outros, a condenação de quem você ama, na verdade fortalece o seu amor? Eu podia ler o desânimo com a minha escolha nos olhos de todos ao meu redor. Pensamento da escritora holandesa Connie Palmen.

 

ALGUÉM FALOU: Vais conhecer muitos idiotas na vida. Se te magoarem, lembra-te que é porque são estúpidos. Assim, não vais reagir à sua crueldade, porque não há nada pior do que ser amargo e vingativo. mantem sempre a tua dignidade e sê verdadeira. De qualquer forma, é a covardia de gente como você que dá chance a ditadores se instalarem! Pensamento da escritora, roteirista e cineasta iraniana Marjane Satrapi. Veja mais aqui e aqui.

 

UMA PRINCESINHA - [...] Ela diz que não tem nada a ver com sua aparência ou com o que você tem. Tem a ver apenas com o que você pensa e o que você faz [...] Ela não se importava muito com outras meninas, mas se tivesse muitos livros poderia se consolar. [...] Tudo é uma história - Você é uma história -Eu sou uma história. [...] Eu sou uma princesa. Todas as garotas são. Mesmo que vivam em minúsculos sótãos antigos. Mesmo que se vistam com trapos, mesmo que não sejam bonitos, nem inteligentes, nem jovens. Elas ainda são princesas [...] Talvez aprender as coisas rapidamente não seja tudo. Ser gentil vale muito para outras pessoas... Muitas pessoas inteligentes fizeram mal e foram perversas. [...]. Trechos extraídos da obra A Little Princessa (HarperCollins, 1998), da escritora estadunidense Frances Hodgson Burnett (1849-1924). Veja mais aqui e aqui.

 

DOIS POEMASPOESIA: Poesia,/ como você encontrou o seu caminho para mim? / Minha mãe não conhece muito bem o albanês, / escreve suas cartas como Aragón, sem ponto nem vírgula; / Em sua juventude, meu pai navegou sob outros céus. / No entanto, você chegou / andando no paralelepípedo da minha pacata / cidade de pedra; / timidamente você bateu na porta da casa de / três andares / no número 16. PAI: Uma noite ele entrou bêbado, / sentado perto do fogo, jogou fora / o boné velho, tirou / o jornal do bolso. / Nada dizia por que ele havia bebido. / Mamãe disse: "Uau, quem sabe." / Alguém havia criticado / os versos do filho mais velho no jornal. / No bar cheio de barulho e fumaça / mostraram-lhe o recorte do jornal, / alguém disse: "Foda-se a poesia do seu filho." / Ninguém jamais se / interessou pelos versos do filho. / Naquela noite foi a primeira vez, / na fumaça espessa do bar estreito. Poemas do escritor albanês Naim Frashëri (1846-1900).

 


TODO DIA É DIA DA MULHER – Trata-se de uma campanha de valorização e reconhecimento do papel desempenhado pela mulher na sociedade, bem como de combate à violência contra a mulher, não se restringindo apenas ao dia 08 de março - Dia Internacional da Mulher -, muito menos ao 30 de abril - Dia Nacional da Mulher. Envolve, portanto, uma série de entrevistas e homenagens a todas as mulheres, sejam elas famosas celebridades, sejam elas anônimas ou profissionais do dia a dia igualmente meritórias de aplausos.  Veja mais detalhes aqui aqui.






Nada merece mais a nossa gratidão que o ventre materno, seja ela simples dona de casa alagoana ou uma resignada do mosteiro de Argenteuil.

Decerto todos nós passamos pelo canal de parturição, nós, vivos ou mortos, já viajamos nove meses na aeronave do ventre, dependentes da ternura materna até termos a consciência do oxigênio e da vida.

Nada seria interessante se não fosse o poder da concepção que elas carregam no ventre, seja ela secretária executiva de Natal ou trabalhadora de Orange.

Nada é mais admirável que a fecundação quando tudo se faz de prazer atravessando a zona pelúcida para gerar filhos da vida, adubados pelo carinho e a ternura da maternidade, seja de uma simples balconista de Terezina ou aquela de Guaratinguetá de Di Cavalcanti.

Admirável é a sua anatomia, o seu design belo de recipiente do amor e do prazer, seja ela gueixa de Kioto, Aprés le l bain de Degas ou vendedoras de frutas da Martinica. Ou mesmo a de Unamuno no banho, ou costureira do mercado de Abi Djan.

Que seja amada como uma simples rendeira de Aracati, ou mestiça do Gabão; ou tuaregue do Níger; ou ticoqueira da cana-de-açúcar.

Que seja amiga mesmo como camponesa nordestina ou do milharal do Haiti. Ou mesmo uma cachorrona sexy, maluca pauleira, fatal miss ou sedutora perversa.

Que seja malandra, dócil ou abestada, ou quitandeiras do Recife, prostitutas de Brasília ou a executante de alaúde de Caravaggio.

Sempre serão belas mesmo que seja uma simples jovem turca, ou esquimó da Groenlândia ou, mesmo, a Garota de Ipanema.

Sempre serão exuberantes mesmo na simplicidade daquela das colinas de Chittagong em Bangladesh ou aquela lavadeira de Portinari. Ou nativa birmanesa ou aquela marabá de Rodolfo Amoedo. Ou mesmo a colhedora de chá do Ceilão ou uma linda índia Kamayurá. Ou, ainda, Le bain au serail de Theodore Chasseriau.

Pode ser uma humilde tecelã de seda em Bali ou operária de qualquer montadora de São Bernardo do Campo. Ou a nômade Fars, ou humilde verdureira da feira de Caruaru.

Pode ser uma dedicada vendedora de cosméticos de Aracaju ou Nu à contre jour de Bonnard. Ou uma Diana de Lee Falk, ou a Danae de Rembrand.

Pode ser uma teimosa da vida ou Fleurs de la prairie de Maillol ou humilde enfermeira de um hospital de João Pessoa.

Pode ser uma adolescente eterna sonhadora ou a estudante de Anita Malfati ou uma nativa das ilhas Trobriand, ou a Vênus Anaduomene de Ingres ou As Artes de Van Gogh.

Que seja musa dos escritores, poetas e compositores ou mesmo uma perdida nas veredas da vida, ou Vairumati de Gaugin, Vênus de Brozino ou a que carda lã no Nepal.

Seja a Bovary de Balzac ou a dedicada submersa entre marido e filhos. Ou a Nu de Modigliani ou uma passageira de Olinda; seja a mãe de Almada Negreiros, ou de Gorki, ou Valentina de Guiido Crepax.

Seja ela Velta, ou Lôra Burra, a Vênus de Urbino de Ticiano ou Léda Atomique de Salvador Dali; ou femme de frisant de Toulouse-Lautrec; ou uma da cadeira de David Lingare.

Mas também que seja ela Safo, louca, aguerrida ou desgarrada. Que seja uma sumidade intelectual ou muçulmana de Oman, mestiça de Cuenca, mulata do Rio de Janeiro ou mesmo estabanada andrógina da noite na paulicéia desvairada.

Seja mesmo o que for: a “Mulher” de Geraldinho Azevedo & Neila Tavares, ou mesmo “Todas elas juntas num só ser” de Lenine & Carlos Rennó, ou tantas outras grandes e anônimas mulheres deste planeta, aqui só gratidão. Obrigado por existirem. Esta a minha homenagem, MULHER


TODO DIA É DIA DA MULHER – Participam da campanha Todo dia é dia da mulher famosas, anônimas, esportistas, professoras, turistas, pesquisadoras, radialistas, profissionais liberais, artistas, empresárias, jornalistas, autônomas, ilustres, ambulantes, intelectuais, mães e jovens, para todas a nossa homenagem. Veja mais detalhes  aqui e aqui.

Com vocês, a mulher:


















































































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HIRONDINA JOSHUA, NNEDI OKORAFOR, ELLIOT ARONSON & MARACATU

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Refúgio (2000), Duas Madrugadas (2005), Eyin Okan (2011), Andata e Ritorno (2014), Retalho...