quinta-feira, março 07, 2013

NARCISA AMÁLIA, AXEL HONNETH, CALANE DA SILVA, SOUZENELLE, JOSEPHINE TEY, SAGAN, JEAN MUIR, ALETTA HULSHOFF & PITÁGORAS

 


TRÊS DE UMAS: ENTRE EMPOLGAÇÕES & DESAPONTAMENTOS – A coisa anda tão empenada que sou forçado a admitir como Epitáfio do Fecamepa: O Brasil é um pedaço de paraíso arrodeado de desgraça por todo lado! E o brasileiro é um fabricante de bosta (leia-se Fabo), atolado na merda desde que nasceu. Tenho dito! (Veja mais do Fecamepa aqui e aqui, e do Fabo aqui). E admito a profecia do Plínio Marcos: Um dia morreremos afogados no cocô! (Veja mais aqui). Pois é, já dizia Lima Barreto: A realidade é mais fantastica do que tudo aquilo que se possa fantasiar. (Veha mais aqui). DUAS: FIAPO DE POESIA – Como a coisa anda pra lá de escatológica eu me arrepiei com essa do Aníbal Machado: O pássaro agonizante põe pela boca os milhares de quilômetros que devorou pelos ares. (Veja mais aqui). Eita, parece mais que estou regurgitando, botando pra fora os bofes. TRÊS: ALIVIANDO NA DOSE – Ora, ora! Peraí que num tô pra lá do fim do mundo! Melhor aliviar com a expressão sorridente do saudosíssimo Carl Sagan: Diante da vastidão do tempo e da imensidão do universo, é um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com você... (Veja mais aqui). Eu que sou grato, meu caro, por ter durante o que vivi lido suas obras. E vamos aprumar a conversa!

 


DITOS & DESDITOS - Um dos segredos de uma vida de sucesso é saber ser um pouco lucrativamente louco... Cada um de nós deveria tolerar, em cada um dos outros, três defeitos. Se fizermos essa concessão, verificaremos com surpresa que todas as pessoas são boas... Pensamento da escritora e dramaturga escocesa Josephine Tey (Elizabeth Mackintosh – 1896-1952).

 

ALGUÉM FALOU: Gosto de interpretar pessoas que parecem reais. Para mim, ser uma grande atriz significa interpretar qualquer papel... qualquer tipo. Esse é o significado de atuar... Eu estava constantemente fazendo inimigos porque falava o que pensava livremente. Ao alcance da voz de um roteirista, eu reclamaria amargamente que a história que ele havia escrito era atroz e não tinha mais enredo do que um barril de maçãs azedas. Eu explicava como certo diretor era uma pessoa impossível e descobria um olhar vidrado surgindo nos olhos da pessoa com quem eu estava falando... Pensamento da atriz e educadora estadunidense Jean Muir (1911-1996).

 

OS SÍMBOLOS DO CORPO – [...] Primeiro germe, o pé contém todo o corpo. Desde o calcanhar até a extremidade dos dedos, passando pela roda solar, ele tem inscrito em si o devir do homem [...]. Trecho extraído da obra O simbolismo do corpo humano: da árvore da vida ao esquema corporal (Pensamento, 1995), da escritora francesa Annick de Souzenelle. Veja mais aqui e aqui.

 

UM APELO AO POVO BATAVO: FEMINISMO & PANFLETAGEM ENGAJADA - Quem nunca ouviu os rumores? Os rumores de que o príncipe Luís Bonaparte governará sob o título de rei dos batavos... Desde a Guerra dos Oitenta Anos , temos sido oprimidos pelos príncipes de Orange . Com a ajuda dos franceses, poderíamos finalmente ter demitido o odiado stadholder onze anos atrás. Verdadeiramente. Pois eles queriam nos devolver os direitos que nos pertenciam... Sobre nós, um homem quer entregar um cetro a um soberano estranho. Vamos nos transformar em uma província do império francês. Um homem nos fará escravos. O estado vai falhar. O comércio vai secar. Nossos filhos serão recrutados como soldados de um governante estranho, levados para o matadouro em terras distantes. Texto Oproeping aan het Bataafse volk (1806), do panfleto escrito pela feminista neerlandesa Maria Aletta Hulshoff (1781-1846). Todas as cópias deste panfleto, exceto cinco, foram destruídas pelas autoridades, razão pela qual a família dela a sequestrou e a levou para um local seguro, porém, em estado de espírito combativo, findou ela escapando das garras de sua família e voltou para a Holanda mantendo a sua luta.

 

TEORIA DO RECONHECIMENTO – [...] A criatividade da criança – na verdade, a faculdade humana de imaginação – pressupõe uma capacidade de ficar sozinha, que só pode surgir da confiança básica no cuidado de um ente querido. [...] Se a mãe conseguiu passar no teste inconsciente da criança ao suportar os ataques agressivos sem retirar seu amor em vingança, a criança tem que aceitar que pertence a um mundo externo. Se o amor da mãe for duradouro, a criança pode desenvolver um senso de confiança no atendimento de suas necessidades e a capacidade de ficar sozinha. A criança pode seguir sua própria vida pessoal sem medo de ser abandonada, porque ela possui a confiança de que suas necessidades serão atendidas porque ela é de valor único para a mãe. O mesmo padrão se aplica à vida adulta, na qual um indivíduo é capaz de confiar em si mesmo porque acredita que tem um valor único para outros indivíduos. Ao se certificarem do amor da mãe, os filhos pequenos passam a confiar em si mesmos, o que lhes permite ficar sozinhos sem ansiedade. [...] São todos esses desvios morais que constituem o processo de desenvolvimento da sociedade e suas relações de reconhecimento. Em cada época histórica, as antecipações individuais e particulares de relações de reconhecimento expandidas se acumulam em um sistema de demandas normativas e isso, consequentemente, força o desenvolvimento da sociedade como um todo a se adaptar ao processo de individuação progressiva. O processo de desenvolvimento caminha na direção de uma liberação cada vez maior da individualidade, aumentando a autonomia pessoal. [...] Assim como, no caso do amor, os filhos adquirem, pela experiência contínua do cuidado 'maternal', a autoconfiança básica para fazer valer suas necessidades de forma não forçada, os sujeitos adultos adquirem, pela experiência do reconhecimento jurídico, a possibilidade de vendo suas ações como a expressão universalmente respeitada de sua própria autonomia. A ideia de que o auto-respeito é para as relações jurídicas o que a autoconfiança básica foi para o relacionamento amoroso já é sugerida pela adequação conceitual de ver os direitos como símbolos despersonalizados de respeito social da mesma forma que o amor pode ser concebido como a expressão afetiva de cuidados retidos à distância. [...] O que é necessário são condições nas quais os direitos individuais não sejam mais concedidos de forma díspar aos membros de grupos de status social, mas sejam concedidos igualmente a todas as pessoas como seres livres; só assim a pessoa jurídica individual poderá ver neles um referencial objetivado para a ideia de que lhe é reconhecida a capacidade de julgar autonomamente. [...] Portanto, a verdadeira tarefa é equipar o “outro generalizado” com um “bem comum” que coloque todos na mesma posição para entender seu valor para a comunidade sem restringir a realização autônoma de si mesmo. Nesse tipo de sociedade, sujeitos com direitos iguais poderiam reconhecer mutuamente sua particularidade individual, contribuindo a seu modo para a reprodução da identidade da comunidade. […]. Trechos extraídos da obra The Struggle for Recognition: The Moral Grammar of Social Conflicts (Mit Press, 1996), do filósofo e sociólogo alemão Axel Honneth, apontando que a identidade dos indivíduos se determina por um processo intersubjetivo mediado pelo mecanismo do reconhecimento. Neste sentido, o reconhecimento é entendido, por ele, como uma construção intersubjetiva, dialógica e histórica, por meio da qual os sujeitos buscam a sua realização em três domínios essenciais: o afeto, os direitos e a estima social, dos quais advém, respectivamente, a autoconfiança, o autorrespeito e a autoestima. É neste sentido que ele expressa: O conteúdo emocional da vergonha consiste, como constam em comum acordo as abordagens psicanalíticas e fenomenológicas, em uma espécie de rebaixamento do sentimento do próprio valor.

 

SOL & PALAVRA – [...] Aprendi que a palavra, o tal Verbo, é, afinal, o Ser, a palavra Ser, que é Amor dentro de cada um de nós, onde cabe o todo poderoso “Posso”, ação criativa e criadora, autêntica palavra-milagre, que nos faz desapegar do ego, da mente egóica, que permite ultrapassar todos os obstáculos e que nos liberta dos liames egóicos e que, por isso, pode e é também Luz curadora. [...]. Trecho extraído da obra Gotas de Sol: a manifestação da palavra (CIEDIMA SARL, 2006), do escritor e jornalista moçambicano Calane da Silva (1945-2021), autor do poema Um tempo: No gesto \ cumpre-se\ um tempo\ palavra sôfrega\ de futuros.\ No amor\ aniversariza-se \ o sentimento \ rompendo\ Os nossos muros.

 

DOIS POEMAS - POR QUE SOU FORTE - Dirás que é falso. Não. É certo. Desço \ Ao fundo d’alma toda vez que hesito…\ Cada vez que uma lágrima ou que um grito\ Trai-me a angústia – ao sentir que desfaleço…\ E toda assombro, toda amor, confesso, \ O limiar desse país bendito\ Cruzo: – aguardam-me as festas do infinito!\ O horror da vida, deslumbrada, esqueço!\ É que há dentro vales, céus, alturas,\ Que o olhar do mundo não macula, a terna\ Lua, flores, queridas criaturas,\ E soa em cada moita, em cada gruta,\ A sinfonia da paixão eterna!…\ – E eis-me de novo forte para a luta. OUVINDO UM PÁSSARO – I - Longe, n´um valle de arvoredo umbroso, \ gorgeia um pintassilgo enamorado; \ouço-lhe o trino meigo e lamentoso, \ o accento apaixonado...\ E scismo, em volta na volupia doce,\ como se outr´ave enamorada eu fosse. II - Ao madrigal do passaro responde, \ dentro em meu peito, um límpido gorgeio...\ — E´minh´alma que trila, sobre a fronde\ da crença, amante o seio!...\ — Aves se affectos, scismas e luares,\ compreendem-se e casam-se nos ares!... III - O coração de onde deserta o sonho \ é desolado como um Campo-Santo; \ cinge-o nos élos frios um medonho \ réptil, — o Desencanto, \ Quando ele guáia e em prantos se abebéra, \ fogem, voando, o Amor e a Primavera. IV - Ai! da creança, que lhe brinca á porta!... \ Ai! do sedento, que o demande!... Móra \ na cryspa esconsa, da Esperança mórta\ a sombra , que apavora...\— Negreje a noute, resplandeça o dia,\ mésta, uma estrige, nos salgueiros pía! V - Por isso guardo o sonho meu captivo, \ há longos annos, neste cófre d´alma,\ —Canto, emudeço, e, incompreendida, vivo \ triste, silente, calma, \ a esse gorgeio magico, distante, \ — o ouvido atento, — a alma saudosa e amante. Poemas da escritora e jornalista Narcisa Amália de Campos (1852-1924), que foi a primeira mulher a trabalhar como jornalista profissional no Brasil e, movida por forte sensibilidade social, combateu a opressão da mulher e o regime escravista. Antes de sua morte, deixou um apelo: Eu diria à mulher inteligente [...] molha a pena no sangue do teu coração e insufla nas tuas criações a alma enamorada que te anima. Assim deixarás como vestígio ressonância em todos os sentidos...

 



PITÁGORAS – o filosofo pré-socratico Pitágoras foi o fundador da escola pitagórica. Ele nasceu em Samos pelos anos 571-32 e fundou na colônia grega Crotona, na Italia, Magna Grécia, uma associação cientifico-ético-politica, que foi o centro de irradiação da escola e encontrou partidários entre os gregos da Italia meridional e da Sicilia. Pitágoras aspirava a fazer com que a educação ética da escola se ampliasse e se tornasse reforma política. Isto, porém, levantou oposições contra ele e foi constrangido a deixar Crotona, mudando-se para Metaponto, ai morrendo provavelmente em 497-96 a. C. Segundo o pitagorismo, a essência, o principio essencial de que são compotas todas as coisas, é o número, ou seja, as relações matemáticas. Os pitagoricos, não distinguindo ainda bem forma, lei e matéria, substancias das coisas, consideraram o numero como sendo a união de um e outro elemento. Da racional concepção de que tudo é regulado segundo relações numéricas, passa-se à visão fantástica de que o numero seja a essência das coisas. Mas, achada a substancia uma e imutável das coisas, os pitagoricos se acham em dificuldades para explicar a multiplicidade e o vir-a-ser, precisamente mediante o uno e o imutável. E julgam poder explicar a variedade do mundo mediante o concurso dos opostos, que são o ilimitado e o limitado, ou seja, o par e o impar, o imperfeito e o perfeito. O numero divide-se em par, que não põe limites à divisão por dois, e, por conseguinte, é ilimitado. Quer dizer, imperfeito, segundo a concepção grega, a qual via a perfeição na determinação. E impar, que põe limites à divisão por dois e, portanto, é limitado, determinado, perfeito. Os elementos constitutivos de cada coisa – sendo cada coisa número – são o par e o impar, o ilimitado e o limitado, o pior e o melhor. Radical oposição esta, que explicaria o vir-a-ser e o multíplice, que seriam reconduzidos à concordância e à unidade pela fundamental harmonia matemática, que governa e deve governar o mundo material e moral, astronômico e sonoro. Como a filosofia da natureza, assim a astronomia pitagorica representa um progresso sobre a jônica. De fato, os pitagoricos afirmaram a esfericidade da terra e dos demais corpos celestes, bem como a rotação da terra, explicando assim o dia e a noite. E afirmaram também a revolução dos corpos celestes em torno de um foco central que não se deve confundir com o sol. Pelo que diz respeito à moral, enfim, dominam no pitagorismo o conceito de harmonia, logicamente conexo com a filosofia pitagorica, e as praticas ascéticas e abstinenciais, com relação à metempsicose e à reencarnação das almas.
Mediante o exposto há que se considerar que durante o século VI a.C., verificou-se em certas regiões do mundo grego, uma revivescência da vida religiosa, para qual contribuiu, inclusive, a linha política adotada em geral pelos tiranos: para enfraquecer a antiga aristocracia, que supunha descendente dos deuses protetores da polis, das divindades oficiais, os tiranos favoreciam a expansão de cultos populares ou estrangeiros. Dentre as religiões de mistérios, de caráter iniciatico, uma teve então enorme difusão: o culto de Dioniso, originário da Trácia, e que passou a constituir o núcleo da religiosidade orfica. O orfismo – de Orfeu, que primeiro teria recebido a revelação de certos mistérios e que os teria confiado a iniciados, sob a forma de poemas musicais – era uma religião essencialmente esotérica. Os órficos acreditavam na imortalidade da alma e na metempsicose, ou seja, a transmigração das almas através de vários corpos, a fim de efetivar a purificação. A alma aspiraria, por sua própria natureza, a retornar à sua pátria celeste, às estrelas, mas para se libertar do ciclo das reencarnações, o homem necessitava da ajuda de Dioniso, deus libertador que completava a libertação preparada pelas práticas catárticas. Pitagoras de Samos, que se tornou figura legendária já na própria antiguidade, realizou uma modificação fundamental na religiosa órfica, transformando o sentido da via de salvação: no lugar de Dioniso ele colocou a matemática.
Fundando uma confraria científico-religiosa, Pitágoras criou um sistema global de doutrinas, cuja finalidade era a de descobrir a hormania que preside à constituição do cosmos e traçar, de acordo com ela, as regras da vida individual e do governo das cidades. Partindo de idéias órficas, o pitagorismo pressupunha uma identidade fundamental, de natureza divina, entre todos os seres. Essa similitude profunda entre os vários existentes era sentida pelo homem sob a forma de um acordo com a natureza, que, sobretudo, depois do pitagorico Filolau, será qualificada como uma harmonia, garantida pela presença do divino em tudo. Natural que, dentro de tal concepção, o mal seja sempre entendido como desarmonia. A grande novidade introduzida, certamente pelo próprio Pitágoras, na religiosidade órfica foi a transformação do processo de libertação da alma num esforço inteiramente subjetivo e puramente humano. A purificação resultaria do trabalho intelectual, que descobre a estrutura numérica das coisas e torna, assim, a alma semelhante ao cosmo, em harmonia, proporção, beleza. Pitágoras teria chegado à concepção de que toda as coisas são números através, inclusive, de uma observação do campo musical: verifica no monocórdio que o som produzido varia de acordo com a extensão da corda sonora. Ou seja, descobre que há uma dependência do som em ração à extensão, da música tão importante como propiciadora de vivências religiosas extáticas em relação à matemática. Pitágoras concebe a extensão como descontinua: constituída por unidades indivisíveis e separadas por um intervalo. Segundo a cosmologia pitagorica, essa intervalo seria resultante da respiração do universo que, vivo, inalaria o ar infinito (pneuma apeíron) em que estaria imerso. Mínimo de extensão e mínimo de corpo, as unidades comporiam os números. Os números não seria, portanto, meros símbolos a exprimir o valor das grandezas. Para os pitagoricos, eles são reais, são a própria alma das coisas, são entidades corpóreas constituídas pelas unidades contiguas. Assim, quando os pitagoricos falam que as coisas imitam os números, estariam entendendo essa imitação, mimesis, num sentido perfeitamente realista: as coisas manifestariam externamente a estrutura numérica que lhe é inerente. Os pitagoricos adotaram uma representação figurada dos números, que permitia explicitar sua lei de composição. Os primeiros números, representados dessa forma, bastavam para justificar o que há de essencial no universo: o um é o ponto, mínimo corpo, unidade de extensão; o dois determina a linha; o três gera a superfície, enquanto o quadro produz o volume. Utilizando essa versão puramente geométrica do gnomon introduzido na Grécia por Anaximandro, versão que o transforma esquematicamente em esquadro, os pitagoricos investigam as diferentes series numeras. E verificam que o crescimento gnomonico da serie dos números pares determina sempre uma figura oblonga retangular, enquanto a série dos números cresce como um quadrado, ou seja, como um quadrilátero que conserva seus lados sempre iguais, embora aumente de tamanho. Assim, o numero par pode ser visto como a expressão aritmo-geométrica da alteridade, enquanto o impar seria a própria manifestação básica na matemática, da identidade. A partir desses fundamentos matemáticos, os pitagoricos podem então conceber todo o universo como um campo em que se contrapõem o mesmo e o outro. E podem estabelecer, para os diferentes níveis da realidade, a tábua de opostos que manifestam aquela oposição fundamental: 1 – finito e infinito; 2 – impar e par; 3 – unidade e multiplicidade; 4 – à direita e à esquerda; 5 – macho e fêmea; 6 – repouso e movimento; 7 – reto e curvo; 8 – luz e obscuridade; 9 – bem e mal; 10 – quadrado e redondo. Assim, categorias biológicas (macho/fêmea), oposições cosmológicas (à direita/ à esquerda – relativas ao movimento das estrelas fixas e ao dos astros errantes), éticas (bem/mal), etc, seriam, na verdade, variações da oposição fundamental que determinaria a própria existência das unidades numéricas: a oposição do limite (peras) e do ilimitado (apeíron).
A primitiva concepção pitagorica de numero apresentava limitações que logo exigiram dos próprios membros tentativas de reformulações. O principal impasse enfrentado por essa aritmo-geometria baseada em números inteiros foi a relativa aos irracionais. Tanto na relação entre valores musicais, expressos matematicamente, quanto na base mesma da matemática surgem grandezas inexprimíveis naquela concepção de numero. Assim, a relação entre o lado e a diagonal do quadrado, que é a da hipotenusa do triangulo retângulo isósceles com o cateto, tornava-se irracional: aquelas linhas não apresenta, razão comum, o que se evidencia pelo aparecimento, na tradução aritmética da relação entre elas, de valores sem possibilidade de determinação exaustiva. O escândalo dos irracionais manifestava-se no próprio teorema de Pitágoras, o quadrado construído sobre a hipotenusa é igual à soma dos quadrados construídos sobre os catetos: desde que se atribuísse valor 1 ao cateto de um triangulo isósceles, a hipotenusa seria igual a raiz quadra de 2. Ou, então, quando se pressupunha que os valores correspondentes à hipotenusa e aos catetos eram números primos entre si, acabava-se por se concluir pelo absurdo de que um deles não era nem par nem impar. Apesar desses impasses o pensamento pitagorico evoluiu o expandiu-se, influenciando praticamente todo o desenvolvimento da ciência e da filosofia gregas. Em parte a difusão do pitagorismo deveu-se à própria destruição do núcleo primitivo de Crotona. Os pitagoricos se dispersaram e passam a atuar amplamente no mundo helênico, levando a todos os setores da cultura o ideal da salvação do homem e da polis através da proporção e da medida.
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FONTES:
ARANHA, Maria Lucia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1994.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Atica, 2002.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
PADOVANI, Umberto; CASTAGNOLA, Luis. Historia da Filosofia. São Paulo: Melhoramentos, 1978.
PESSANHA, José Américo Motta (Org). Os pré-socraticos. São Paulo: Abril, 1978.
SOUZA, José Cavalcante. Os pré-socrático. São Paulo: Abril, 1978. 




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