A PESQUISA
– O escritor e filósofo Michel Randan aborda a questão da pesquisa nos tempos
atuais, afirmando que: “Pesquisa é sobretudo tornar-se livre, à imagem da
realidade, que é, ela própria, uma questão. Os novos tempos mudam precisamente
quando não é mais proibido colocar as questões certas. Isto é a verdadeira
liberdade de ser propriamente dita. Os novos físicos não são místicos, mas se veem
confrontados com uma situação metafísica que é também uma dimensão: a das
interações que refletem igualmente o coração e o sagrado. Quando participo do
universo, só posso observá-lo através desse princípio de identidade que é o ser
profundo. Eu estou diante do vivo, um outro vivo prodigioso se ignora. O aviso
assume uma multiplicidade de formas: posso refutar o que não é observável, dedutível,
analisável. Mas minha refutação só reflete minha capacidade colocar uma questão
mais ampla. A que se assemelha a realidade que eu não a observo? Ora, real
combina com vivo. E este vivo é também uma entidade biológica, espiritual e psíquica
na qual nada está separado. Independentemente de mim, o vivo modula suas
forças, dá conta de todos os dados para se acomodar e em definitivo seguir seu
caminho. A neguentropia leva vantagem sobre a entropia. O universo é movimento.
E é ao mesmo tempo consequente, lógico, simétrico, e no entanto livre para
inventar incessantemente novas formas do vivo. Neste sentido, a realidade
cósmica, a ma teria em seu conjunto, exprime uma liberdade de ser que é também
nossa. O homem não está determinado; neste mundo de interações, está livre para
manifestar sua presença”. (Michel Randon, A ciência face aos confins do
conhecimento).
OS
QUATRO PILARES DA IGNORÂNCIA E A NATUREZA HUMANA – O jornalista, escritor e
ativista político judeu húngaro, Arthur Koestler (1905-1983), apresenta os quatro pilares da ignorância: “[...] a evolução
biológica é o resultado de mutações ocasionais, preservadas por seleção
natural; a evolução mental é o resultado de tentativas ocasionais, preservadas
por reforços (recompensas); todos os organismos inclusive o homem, são em essência
autômatos passivos, controlados pelo ambiente e a única finalidade na vida é a
diminuição das tensões através de reações de adaptação; o único método
cientifico digno desse nome é a medida quantitativa; e, em consequência, os fenômenos
complexos devem ser reduzidos a elementos simples, suscetíveis de receber esse
tratamento, sendo desnecessária a preocupação de que as características específicas
de um fenômeno complexo, como o homem, se possam perder no processo”. Em
contrapartida o mesmo autor conclui: “Homem algum é uma ilha isolada: cada
homem é um hólon. É uma entidade bifronte como Jano, que, olhando para o seu
interior, se vê como um todo único e completo em si mesmo, e, olhando para
fora, se vê como uma parte dependente. A sua tendência autoafirmativa é a
manifestação dinâmica de sua condição de todo único, da sua autonomia e independência
como hólon. A tendência antagônica, também universal, que é a integrativa,
expressa a sua dependência do todo maior que integra: a sua condição de parte”.
(Arthur Koestler, O fantasma da máquina).
COMPROMISSO
– O escritor e filósofo Alan Wats traz uma expressão do nosso compromisso: “Premissas
defeituosas somente podem ser abandonas por aqueles que vão às raízes de seu próprio
pensamento e conseguem descobrir o que realmente são”. (Alan Watts, O homem, a
mulher e a natureza). Veja mais aqui.
PESQUISA & METODOLOGIA
CIENTÍFICA: COMO ESCOLHER UM TEMA PARA SUA PESQUISA? – A escolha do tema é uma
iniciativa individual, mesmo quando indicada pelo orientador ou pela
instituição acadêmica. A escolha do tema deve ser feita a partir do foco de
interesse do pesquisador. Ele deve ser sintético, objetivo e original. É o
primeiro passo de investigação e que deve ser discutido, analisado e
apresentado. O tema compreende a pergunta: o que é? Quando se pensa na
elaboração de um tema é de suma importância que se saiba ou se tenha em mente
quais são os seus antecedentes e consequências. Assim, o tema ideal é aquele em
que se pode deixar bem definidas as causas e efeitos, para que se possa
apresentar uma sugestão, um resultado ou solução. Vera (1983) traz
questionamentos quanto a escolha do tema, observando que este significa que se
deve estar em condições de explicar a temática proposta a todos os envolvidos,
seja orientador, ou banca examinadora; saber desenvolver as questões
implícitas; e poder assinalar aspectos particulares por meio de casos e
exemplos, além de algumas aplicações possíveis. Alerta, então, o autor que é
preciso uma compreensão parcial do assunto que se quer estudar e apresentar. A
esse respeito, Thompson (1991) faz indicação de aspectos que devem ser levado
em consideração quando da escolha do tema: quanto à área, ramo, assunto e o
próprio tema. A primeira consideração deve quanto à área, ou seja, a opção
recai em conformidade com a natureza do curso. Quanto ao ramo, o tema deve ter
objetivo o aprofundamento de estudo na área de trabalho, buscando ampliação de
conhecimento, familiarização com princípios básicos, compreensão dos aspectos
envolvidos, análise e pesquisa. Quanto ao assunto, a escolha deve ser originada
pelo gosto individual na busca por ampliação de conhecimentos, esclarecendo e
aprofundando o que se quer questionar e analisar. Por fim, quanto ao tema
propriamente dito, aconselhando-se a utilização do método dedutivo, procurando
a particularização e isolamento de um ponto específico. A respeito da escolha
do tema, Eco (1983) faz algumas sugestões: o tema precisa responder aos interesses
do proponente de estudo; deve-se buscar e disponibilizar fontes de consulta; e
realizar um quadro metodológico da pesquisa. Assim, tendo-se o tema definido é
necessário, em seguida, apresentá-lo. E a apresentação do tema é exatamente
descrever as causas e efeitos advindos dele, delimitando o que se quer dizer e
aonde se quer chegar, respondendo o que é que ele significa com todas as suas
implicações e peculiaridades. Tem-se, portanto, passos a seguir: o primeiro
deles é escolher um tema de interesse ou afinidade. Depois, deve-se identificar
se ele é conhecido publicamente ou não. Logo após torna-se necessário deixá-lo
bem definido e claramente expresso. É preciso, então, saber o que se quer com
esse tema e deixá-lo bem delimitado. É importante que se questione,
problematize e indague o tema de todas as maneiras. Feito isso, é chegada a
hora de buscar fontes e pesquisas a respeito do tema escolhido. O PROJETO DE PESQUISA – Após a escolha
e delimitação do tema, formulação do problema, hipóteses e variáveis, é chegada
a hora da elaboração do projeto de pesquisa. Este projeto, segundo Vera (1983)
é um plano que possui a função de preparar com critério e a finalidade de
proporcionar apoio e ajuda o produto da reflexão e do conhecimento do tema de
pesquisa, constituído para introduzir um princípio de ordem nos conceitos e
estabelecendo a hierarquia lógica das questões. Assinala Vergara (2007) que o
projeto é uma carta de intenções definida com clareza o problema motivador da
investigação, com um referencial teórico e uma metodologia a ser empregada,
apresentando cronograma e bibliografia, tudo em obediência às normas prescritas
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Acrescenta Furasté (2008)
que o projeto de pesquisa é a versão preliminar do trabalho que se vai
realizar, sendo um esboço inicial do que se quer fazer, tornando-se, portanto,
uma das fases da pesquisa na qual é efetuada a descrição da estrutura do
estudo. Esse projeto serve de roteiro para o que se pretende realizar no
trabalho acadêmico. As partes que compõe o projeto são a inscrição e
delimitação do tema, problema a ser abordado, hipóteses, objetivos geral e
específicos, justificativa, referencial teórico, metodologia com a definição do
tipo de pesquisa, cronograma e referências bibliograficas. Para Rudio (1988), a
elaboração de um projeto de pesquisa implica o desenvolvimento de passos
metodológicos que decorrem de respostas que envolvem o que pesquisar definindo
o problema, hipóteses, questões norteadoras, base teórica e conceitual; por que
pesquisar, apresentando a justificativa da escola do problema e estudo; para
que pesquisar, apresentando os objetivos com os propósitos de estudo; como
pesquisar, apresentando a metodologia adequada e escolhida; quando pesquisar,
elaborando um cronograma de execução; e apresentação das referências
bibliográficas básicas apresentadas na base teórica e conceitual. É nessa etapa
que se faz necessária a definição do objeto de pesquisa articulado com as
escolhas do tema e formulação do projeto de pesquisa. Efetuada a escolha e
delimitação do tema, formulação do problema e das hipóteses, passa-se à
justificativa do estudo. Para Furasté (2008) a justificativa é a apresentação
dos motivos que levaram à decisão de se abordar o tema dentro do universo
acadêmico, colocando as razões que levaram à escola e que sustentam a
realização do trabalho. A justificativa tem por função destacar a relevância e
o porquê da realização da pesquisa, apresentando os motivos que a justificam, além
de ser clara e trazer as contribuições que preveem a compreensão, intervenção
ou solução do problema; deve articular a relevância intelectual e prática do
problema investigado. Os objetivos, para Furasté (2008), são definidos como
geral e específicos, sendo, portanto, a definição com precisão e clareza das
metas, propósitos e resultados concretos a que se pretende chegar. Os objetivos
são as expressões das metas que se almeja alcançar com a investigação, prevendo
as intenções que se situam tanto no plano geral quanto no específico, por meio
da utilização de verbos no infinitivo. Para Vergara (2007), os objetivos podem
ser final ou intermediário. Se o problema é uma questão a investigar, objetivo
é um resultado a alcançar. O objetivo final dá a resposta ao problema. Os
objetivos intermediários são metas de cujo atingimento depende o alcance do
objetivo final. A definição da base teórica ou conceitual é a definição clara
dos pressupostos teóricos, das categorias e conceitos a serem utilizados no estudo,
atendendo às características de ser sintético e objetivo, estabelecendo um
diálogo entre a teoria e o problema a ser investigado, ser ético, fazendo as
devidas referências aos autores considerados na abordagem. Essa base teórica ou
conceitual é denominada, segundo Furasté (2008) de referencial teórico
significando a apresentação do embasamento teórico sobre o qual se fundamentará
o trabalho com os pressupostos que darão suporte à abordagem dos estudos. Esse
referencial teórico, segundo Vergara (2007) tem por objetivo apresentar os
estudos sobre o tema, ou especificamente sobre o problema, já realizados por
outros autores, compreendendo uma revisão da literatura concernente ao acervo
de teorias e críticas, como também trabalhos realizados como referências,
revelando as preocupações e preferências do autor do projeto, apontando lacunas
ou discordâncias ou pontos a ratificar. Outros objetivos do referencial teórico
são o de permitir maior clareza na formulação do problema de pesquisa,
facilitar a formulação de hipóteses ou suposições, sinalizar o método mais
adequado para solução do problema, permitir a identificação de qual
procedimento será mais pertinentes para a coleta e tratamento dos dados e
fornecer elementos para interpretação desses dados. Para Creswell (2007) os
objetivos da revisão da literatura são o compartilhamento dos resultados de
outros estudos que estão relacionados com a proposta do projeto, obedecendo a
observância da tipologia de pesquisa, seja qualitativa, quantitativa ou mista. A
metodologia é a parte que, segundo Vera (1983), é um momento heurístico em que
ocorre a reunião sistemática e ordenada de textos, obra e dados. Assim, é
identificada como sendo o caminho ou a forma de desenvolver a pesquisa por meio
do processo de elaboração investigativo, escolhendo aquele que melhor
identifique e tenha correspondência com a problemática e o referencial teórico.
Nessa parte são identificados os sujeitos de pesquisa, a coleta de dados e a
descrição da organização e análise dos dados. É nessa parte que se deve definir
o tipo de pesquisa a ser realizada, estabelecendo o universo e a amostra
compreendidas pelo estudo, a seleção dos sujeitos, a forma como serão
coletados, levantados, comparados, tratados e analisados os dados recolhidos. Explica
Furasté (2008) que a parte do projeto de pesquisa destinado à metodologia é
aquele que compreende a definição dos procedimentos técnicos, das modalidades
de atividades e dos métodos que serão utilizados. O cronograma, para Furassté
(2008) é definido como a distribuição das tarefas e etapas que permitirão um
aproveitamento racional e lógico da disponibilidade de tempo para a realização
do trabalho. É nessa parte do projeto que são estabelecidas as datas-limite
para leitura, redação, revisão, digitação, entrega e outras atividades. O
cronograma possui a finalidade de definir o tempo necessário para realização de
cada uma das etapas propostas para realização da pesquisa, descrevendo as
atividades a serem realizadas em cada etapa, indicando a duração de cada
atividade prevista. Nessa parte do projeto deverão estar discriminadas todas as
etapas de trabalho com os seus respectivos prazos. As referências possuem a
finalidade de trazer a relação de todas as fontes utilizadas na elaboração do
projeto de pesquisa, seguindo orientações técnicas normatizadas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essas referências são, portanto, a lista
das obras citadas no referencial teórico. FORMULAÇÃO
DA HIPÓTESE – Depois de escolher e delimitar o tema de pesquisa e formular
o problema de pesquisa, é chegada a hora de formular a hipótese de estudo. Para
Vera (1983), a hipótese é um enunciado geral que precisa ser verificado e
validado, ou melhor, confirmado ou refutado.
Por isso, as hipóteses confirmadas tornam-se leis que constituem um
sistema teórico. A hipótese, conforme Vergara (2007), é uma suposição ou
antecipação da resposta ao problema, ou seja: uma afirmação. A investigação
será feita para confirmá-la ou refutá-la. Essa hipótese é usada geralmente em
estudos positivistas ou neopositivista, implicando testagem de relações via
procedimentos estatísticos. Segundo Triviños (1987), a hipótese surge após a
formulação do problema, uma vez que ela envolve uma possível verdade ou
resposta ou resultado provável, apoiada numa teoria. Essa hipótese pertence
geralmente aos estudos experimentais, muito embora, seja aceita noutros tipos
de estudo, funcionando como foco norteador. Para tanto, o autor assinala as
condições essenciais para a correta formulação das hipóteses: devem ser
expressa numa linguagem clara, ser específica, ter apoio de uma teoria, possuir
dimensão geral, ser proposta favorável à interrogativa colocada pelo investigar
e seus termos devem possuir a qualidade de ser verificada empiricamente. Observa
Creswell (2007) as condições para a formulação da hipótese nos estudos quantitativos,
qualitativos e mistos. Na pesquisa quantitativa, segundo Creswell (2007) as
hipóteses funcionar para moldar e focar especificamente o objetivo do estudo,
por serem as previsões que o pesquisador faz sobre a relação entre as
variáveis, sendo, portanto, estimativas numéricas de valores da população
baseados em dados coletados em amostras. O teste de hipóteses emprega
procedimentos estatísticos nos quais o investigador faz inferências sobe a
população a partir de uma amostra de estudo. Elas são usadas em experimentos
nos quais os investigadores comparam grupos. Em vista disso, possui diretrizes
que incluem o uso de variáveis dependentes e independentes, além de uma forma
rigorosa. Elas podem ser nula ou alternativa. A hipótese nula representa o
método tradicional de redigir hipóteses fazendo uma previsão de que na
população total não existe relação ou diferença entre os grupos. Já a hipótese
alternativa o investigador faz uma previsão sobre o resultado esperado para a
população do estudo. Também pode ser direcional, quando a hipótese prever o
resultado potencial e criada para examinar a relação entre as variáveis, como
pode ser não-direcional, quando faz-se uma previsão, mas a forma exata de
diferenças não é especificada pelo pesquisador não saber o que pode ser
previsto. Na pesquisa qualitativa, segundo Vergara (2007), as hipóteses
confirmam ou não a suposição de estudo, usando mecanismos estatísticos que não
precisam funcionar como testagem. Na pesquisa mista, segundo Creswell (2007),
as hipóteses possuem características como a de precisarem questionamento
qualitativo e quantitativo para focar e restringir as declarações de objetivo,
incorporarem elementos de boas questões técnicas, atenção à ordem das questões,
entre outras. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA – Tendo escolhido o tema, o
próximo passo é delimitá-lo por meio de uma análise sistemática, extraindo da
temática de estudo os seus principais elementos constitutivos. Furasté (2008)
assinala que a delimitação do tema é o momento mais complexo, desafiador e
importante para o processo inicial do trabalho. Com base nisso, é de
fundamental importante seguir regras para efetuar uma divisão de um todo do
tema em suas partes, tais como: adequar de forma gradual e completa a divisão
obedecendo a princípios, não podendo a parte igualar-se ao todo porque essas
partes devem ser independentes umas das outras. A partir da delimitação, dá-se
a formulação do problema, quando o tema proposto deve ser problematizado. Esta
consiste no apontamento de um problema que é fundamental e precisa ser
analisado e resolvido com relação à temática. Segundo Vera (1983), um problema
de pesquisa é um enunciado ou fórmula que deve ser determinado com precisão
para ser examinado, avaliado e solucionado durante a realização dos estudos. Triviños
(1987) orienta que existem duas formas para delimitar, definir e formular o
problema de pesquisa: do ponto de vista instrumental e prático é recomendável o
foco de pesquisa deva estar articulado com a proposta temática e que o assunto
deva surgir da prática diária do pesquisador. Assim, o problema deve ser
definido a priori pelo pesquisador, de forma clara ou difusa, para o
procedimento do levantamento durante a pesquisa. No dizer de Creswell (2007), o
problema de pesquisa consiste na apresentação de uma sentença que traga
informações para despertar interesse no leitor, assinalada por meio de frases
que identificam um problema que precisa ser abordado. Nesse sentido, o autor
traça diretrizes que, ao formular o problema, deve ter em mente a inscrição de
uma frase de abertura que seja capaz de estimular o interesse do leitor e que
transmita uma questão com a qual o público geral possa se relacionar. Como
regra geral, destaca o autor que se deve evitar uso de citações, que o
proponente mantenha distância de expressões idiomáticas, que se considere o uso
de informação numérica para produzir impacto, que seja identificado claramente,
que indique a importância e que assegure que seja estruturado de maneira a
considerar com a técnica de pesquisa no estudo. IDENTIFICAÇÃO DAS
VARIÁVEIS DE PESQUISA - Entende Triviños (1987) que as hipóteses estão
constituídas de uma ou mais variáveis, para que se tenha uma clara ideia dos
rumos e conteúdos de uma pesquisa. Assim, as variáveis, como as hipóteses se
constituem de conceitos que possuem definições gerais que precisam ser
esclarecidos de forma precisa, devendo o investigador operacionalizar esses
conceitos, dando-lhes sentido e conteúdo prático. Assim, a operacionalização
das variáveis consiste em dar às mesmas um sentido facilmente observável que
permita operar e medir. A variável, conforme Triviños (1987), é conceituada
como as características observáveis de algo que podem apresentar diferentes
valores. Assim ela é identificada na pesquisa quantitativa como sendo a medida,
e na pesquisa qualitativa a variável é descrita. O uso das variáveis, conforme
Vera (1983) obedece a uma intenção científica, ou seja: formular leis e teorias
sobre a base de dados de observação correlacionados matematicamente. Os tipos
de variáveis, segundo Triviños (1987) são independentes, dependentes e
intervenientes. As variáveis independentes são aquelas que caracterizam o
sujeito que se estuda, sua posição, caracteres. Esta é, portanto, a causa, e é
obtida mediante testes, inquéritos e estatísticas. Estas são as variáveis
explicativas que atuam sobre as variáveis dependentes que sofrem os efeitos
dela. No dizer de Creswell (2007) estas variáveis são aquelas que causam,
influenciam ou afetam os resultados, sendo, também, chamadas de variáveis de
tratamento, manipulas, antecedentes ou previsoras. Em vista disso, entende-se
que essa variável deve ser de tratamento. Outras variáveis independentes podem
simplesmente ser variáveis mensuradas nas quais não correu manipulação e podem
ser estatisticamente controladas no experimento. A variável dependente é o
efeito, ou seja, aquela em que se obterá com uma precisão que estará em razão
direta da qualidade dos procedimentos que tenham sido aplicados na determinação
dos valores das variáveis. Essas variáveis, para Creswell (2007) dependem das
variáveis independentes por serem os resultados da influencia que essas
originam, podendo, também, serem chamadas de variáveis de critérios, de
resultado ou de efeito. Assim sendo, é a resposta ou a variável de critério que
supostamente é causada ou influenciada pelas condições de tratamento
independentes. A variável interveniente é aquela que influi ou produz
alterações nas variáveis independentes e dependentes. Para Creswell (2007),
essas variáveis são também conhecidas como mediadas, ou seja, que medeiam os
efeitos da variável independente sobre a variável dependente. Outros dois tipos
de variáveis são destacadas por Creswell (2007): as de controle e as mistas. As
variáveis de controle desempenham um papel ativo nos estudos quantitativos,
sendo, portanto, um tipo de variável independente que são mensuradas em um
estudo porque elas potencialmente influenciam a variável dependente. Já a
variável de deslocamento ou falsa, conforme Creswell (2007), é aquela que não é
mensurada nem observada em um estudo, já que existe e sua influencia não pode
ser diretamente detectada em um estudo e só certificada após a conclusão dos
estudos. Acrescenta Triviños (1987) que as variáveis podem ser ainda contínuas,
discretas ou fundamentais. As contínuas admitem subdivisões entre as dimensões
inteiras. A discreta não admite subdivisões. As fundamentais são aquelas que se
referem aos caracteres básicos do que se investiga. O uso das variáveis
quantitativamente será efetuado para relacionar as variáveis ou comparar
amostras ou grupos em termos de um resultado. Em suma: uma variável, segundo
Vera (1983) é representada por um signo ou letra incluída em uma formula, ou
conjunto de signos lógicos ou matemáticos, que, por sua vez, representa um
conjunto de objetos ou valores de forma indeterminada. O conjunto de valores ou
objetos chama-se classe, campo de existência ou de variabilidade da variável.
Se duas variáves se relacionam entre si como os membros de uma equação
algébrica, constituem uma função: fixando valores a uma das variáveis, a que é
chamada de independente, a outra ou as outras assumirão valores em relação aos
atribuídos à primeira, esta ou estas variáveis se chamam variáveis dependentes.
Veja mais aqui e aqui.
REFERÊNCIAS
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