domingo, março 01, 2015

BOTTICELLI, TODOROV, CHOPIN, MARCIAL, VIANNINHA, RIVETTE, PRESOTTO & EGUMBIGO!

EGUMBIGOS NO PAÍS DOS INVISÍVEIS – Ora, ora! Para quem vem de lá para cá, ou vai daqui pra lá, só tem umbigo: confidências absortas, cabeça à mil dos desejos e nada mais tem sentido. É tudo invisível: injustiça, fome, desigualdade, violência, pedintes, presidiários. Só com o umbigo se come vidros no deleite das ofertas e na navegação da última moda. Pra que tristeza se tem as teclas da felicidade ao alcance dos dedos e ouvidos? Sozinho não fica, xô solidão! Basta ser feliz na redoma dos egumbigos e o resto que se foda! Veja mais aqui.

Imagem: O nascimento de Vênus, do pintor italiano Sandro Botticelli (1445=1510)

Ouvindo Noturnos, do compositor e pianista polonês Frédéric Chopin (1810-1849), na interpretação do pianista brasileiro Artur Moreira Lima.

OS EPIGRAMAS DE ESCÁRNIO E LICENCIOSIDADE – O poeta latino Marcial (40 a.C – 104 d.c) retratou nos seus epigramas a ironia e mesmo obscenidade, o cotidiano e as fraquezas da sociedade romana da época dos Flávios. Suas primeiras obras de sucesso foram o Liber spectaculorum, com mais de trinta poemas em exaltação aos jogos e as coletânea de poemas comemorativos para as festas em honra ao deus Saturno, Xenia e Apophoreta. Começou, então a publicar a genial série de 12 livros de Epigramas (85-100), onde escreveu com desenvoltura textos mordazes, retratos satíricos, anedotas, quadros, trocadilhos e poemas de ocasião, uma verdadeira crônica de seu tempo e ao mesmo tempo um diário do poeta, considerado o mais original da literatura latina. O primeiro epigrama que destaco é este: Qualé, Flaccus, meu tipo de mulher? uma nem fácil nem muito difícil. O meio termo pra mim ainda é o melhor: uma que não me esfole nem me deixe mal. Este outro epigrama trata sobre o livro: Certamente podias conter três centenas de epigramas, Mas quem te suportaria e te leria inteiro, meu livro? Aprende agora quais são as vantagens de um livro pequeno. Esta é a primeira: que menos papel é gasto por mim; Além disso, em uma hora o copista termina estes versos, E ele não gastará tanto tempo com minhas bobagens; A terceira razão é esta: que se acaso tu fores lido por alguém, Mesmo que sejas muito ruim, não serás desprezível. O convidado te lerá enquanto o vinho for misturado, Mas antes que o cálice servido comece a ficar quente. Crês que estás protegido por tamanha brevidade? Ai! Que para tantos leitores ainda assim serás longo! Veja mais aqui.


A CONQUISTA DA AMÉRICA – No livro A conquista da América: a questão do outro (Martins Fontes, 2003), o filósofo e linguista búlgaro Tzvetan Todorov faz a exposição de suas pesquisas a respeito do conceito de alteridade na relação entre as pessoas envolvidas em grupos sociais distintos, tendo como tema central a questão do imigrante diante das ações de xenofobismo. Ou seja, a descoberta que faz o eu do outro, tratando sobre o descobrir, o conquistar, o amar e conhecer, a partir de observância da igualdade e desigualdade, das tipologias das relações com outrem, o escravismo com observância do colonialismo e da comunicação, Montezuma e os signos, entre outros importantes assuntos. Veja mais aqui.

RASGA CORAÇÃO – O drama que ganhou o Prêmio SNT 1974, Rasga Coração, do dramaturgo, ator e diretor Oduvaldo Vianna Filho -  o Vianinha (1936-1974), é nas palavras do próprio autor uma homenagem ao lutador anônimo político, aos campeões das lutas populares, preito de gratidão à Vela Guarda, à geração antecedente que foi a que politizou em profundidade a consciência do país. Segundo ele, a peça estuda as diferenças que existem entre o novo e o revolucionário, contando a história de Manguari Pistolão, lutador anônimo, que depois de quarenta anos de luta por aquilo que achava novo, revolucionário, vê seu filho acusa-lo de conservadorismo, antiguidade e anacronismo. Na cena 9 do segundo ato, encontramos o personagem Manguari se expressando: Não posso mais, não posso mais viver com uma pessoa que me olha como se eu estivesse morto! Como se todas as pessoas que estão aí fora gemendo no mundo fossem a mesma coisa! Como se não houvesse dois lados! E eu sempre estive ao lado dos que têm sede de justiça, menino! Eu sou um revolucionário, entendeu? Só porque uso terno e gravata e ando no ônibus 415 não posso ser revolucionário? Sou um jovem comum, isso é outra coisa, mas até hoje ferve meu sangue quando vejo do ônibus as crianças na favela, no meio do lixo, como porcos, até hoje choro, choro quando vejo cinco operários sentados na calçada, comendo marmitas frias, choro quando vejo vigias de obras aos domingos, sentado, rádio de pilha no ouvido, a imensa solidão dessa gente, a imensa injustiça. Revolução sou eu! Revolução pra mim já foi uma coisa pirotécnica, agora é todo dia, lá no mundo, ardendo, usando as palavras, os gestos, os costumes, a esperança desse mundo, você não é o revolucionário, menino, sou eu, você no meu tempo, chama-se Lorde Bundinha que nunca negou que era um fugitivo, você é um covardezinho que quer fazer do medo de viver, um espetáculo de coragem! Veja mais aqui.

VIDRÁGUAS, ENCAIXES & POSTIGOS – A poetamiga Carmen Silvia Presotto além de ser autora de livros encantadores, é também editora e responsável pelo Projeto Vidráguas e de projetos culturais lá no Rio Grande Sul. Em uma das vezes que nos encontramos, recebi seus livros, li-os e adorei, tanto que propus que ela me concedesse uma entrevista exclusivíssima sobre suas atividades. Sempre generosa e amável, fui premiado tanto com o seu depoimento como pela oportunidade de conhecer seus livros, entre os quais, destaco o seu poema Livre: Redesenho o cotidiano / Pontos / E tramas / - coisa absurda – / Me ouço em outros poemas / Feito sussurro ao vento. Veja a entrevista e mais poemas dela aqui e aqui.


LA BELLE NOISESUE – O encantador drama franco-suíço-italiano La belle noisesue (A bela intrigante, 1991), do cineasta francês Jacques Rivette é baseado no conto Le chef-d´ouvre incomu (1831) do autor francês Honoré de Balzac (1799-1850) e de três contos recolhidos da obra do escritor estadunidense Henry James (1843-1916). O filme é belíssimo valendo-se não só das imagens paradisíacas proporcionadas pelas atrizes Jane Birkin, Emmanuelle Béart e Marianne Denicourt, como pelo talento de gênio de seu diretor. Indispensável. Veja mais aqui.


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Todo dia, a primeira vez, Gilvan Samico & Paul Mathiopoulos aqui.

E mais:
Afrodite & O julgamento de Páris, Lya Luft, Marcia Tiburi, Cacilda Becker, Diana Krall, José Celso Martinez Corrêa, Krzysztof Kieslowski, Jeanne Hébuterne, Débora Arango, Julie Delpys & Enrique Simone aqui.
Reflexões de metido em camisa de onze varas e cheio de nó pelas costas, Viviane Mosé, Ralph Waldo Emerson, Isaac Newton, o Método Perigoso de Carl Gustav Jung & Sabina Spielrein, A Síndrome de Klüver-Bucy, Auguste Comte & Cloltilde de Vaux aqui.
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O morto e a lua, Ferreira Gullar, Oscar Wilde, Louis Malle, Montaigne, Lisztomania, Juliette Binoche, Virginia Lane, Luhan Dias & Neurofilosofia e Neurociência Cognitiva aqui.
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A República no reino do Fecamepa – lições de ontem e de hoje pro que não é: Platão, Cícero, Maquiavel, Montesquieu, Rousseau, Georg Lukács, Norbert Elias, Zygmunt Bauman & aqui.
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Todo dia o primeiro passo, José Orlando Alves, Gilberto Mendonça Teles, Belle Chere & David Ngo, Lia Rodrigues Companhia de Danças & Maria Núbia Vítor de Souza aqui.
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  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Refúgio (2000), Duas Madrugadas (2005), Eyin Okan (2011), Andata e Ritorno (2014), Retalho...