sábado, abril 08, 2017

GABRIEL GARCIA MARQUEZ, JORGE ANTUNES, PASINI, MUYBRIDGE, VYA VYA & DANIELA BOTTI

ETERNA GRATIDÃO – Vitória não é pra todo dia, derrotas acumuladas, quedas muitas, imprevisíveis e constantes. Um dia, no começo, tudo é distante, nem se prevê direito no que vai dar, nunca se sabe. Persistir, resistir, perseverar, até sem saber a razão ou motivo fútil. Só o de fazer alguma coisa. E depois de noites em claro, dias com a paciência e a lucidez por um fio, tudo beirando o enlouquecimento prévio, enfim, quando menos se espera, o que tão longe se encontrava, perto demais está pra ser real. Eu que o diga e reitero. Há um ano e meio atrás era quase nada, processo lento de evolução: é preciso respeitar as leis da natureza, ir de degrau em degrau até chegar ao topo – se é que há ápice ou fundura pro que quer que seja. Alguns atalhos serviram para mais atraso. Alguma vez com pressa de ir adiante, mais voltei pra infatigavelmente tudo recomeçar. E refiz, recomecei tantas e muitas vezes. Havia horas que a caminhada mais parecia retrocesso. Algumas poucas vezes, inesperadamente surpreso quando dava fé, além de onde estava. Ora risos, ora choros. Evidente que planejei e tornei a planejar centenas senão milhares de vezes, não sei, e retornei pra prancheta tantas foram de rabiscar, redesenhar, redimensionar, re-ratificar quanto possível, sempre com o impossível à espreita mangando de mim. Revia tudo como se fosse pela primeira vez e retomava se necessário, quando não ia de qualquer jeito e foi. Entre idas e vindas, restaram os que ficaram dos que se foram. Se muitos ou poucos, não importa, vale sempre o simples aceno ou cumprimento, essa a primeira vitória. Porque pra mim não é só subir ao pódio, pronto, erguer o troféu, salvas e vivas, festa e fim de papo. Nada disso. Pra mim, o que vale mesmo é cada abraço por mais virtual que seja, cada mínimo comentário, cada simples curtida, já é suficiente para que eu tenha, todo dia, o mesmo vigor de começar como se nada antes existisse. Sou teimoso e aprendi a lição: vencer é pra quem sabe perder e aprender com os erros o melhor jeito, a melhor forma, maneira ou modo de acertar. Se acertei mesmo, eu não sei, quem sabe, amanhã é outro dia e novas metas, outros objetivos. Não é sozinho que tudo é construído, muitas colaborações voluntárias e anônimas, gestos de carinho, atos de apoio e de incentivo, tudo ameniza a dor da caminhada árdua e íngreme. Não foi sozinho que cheguei aqui, muitos, até inconscientemente, aqui estiveram comigo pra força no braço, persistência, determinação. Sou premiado e, apesar de estar só, não vou sozinho, muitos senão todos comigo na estrada. E se me vejo agora vencedor, não é por nada, é porque tenho no peito a gratidão de que se cheguei aqui por causa de cada um de vocês, principalmente você que aqui esteve e está testemunhando meus desatinos e insensatez. Por isso, a mim nada mais resta que agradecer um por um: obrigado, obrigado, obrigado. E vamos aprumar a conversa! © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

 Curtindo os álbuns da arte musical do compositor Jorge Antunes.

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Lendas do Nordeste, Buda, Edmund Husserl, Basílio da Gama, Freud & Bertha Pappenheim: o caso Anna O, Edmond Rostand, Sergei Egornov, Steve Howe & Anne Brochet aqui.
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A arte da tailandesa Vya Vya

DESTAQUE:CEM ANOS DE SOLIDÃO
[...] Desde a tarde do primeiro amor, Aureliano e Amaranta Úrsula tinham continuado a aproveitar os escassos descuidos do esposo , a se amar com ardores amordaçados em encontros ocasionais, e quase sempre interrompidos por regressos imprevistos. Mas quando se viram sozinhos na casa sucumbiram no lírio dos amores atrasados. Era uma paixão insensata, alucinada, que fazia tremerem de pavor na cova os ossos de Fernanda e os mantinha num estado de excitação perpétua. Os gemidos de Amaranta Úrsula, as suas canções agônicas, estavam do mesmo jeito às duas da tarde na mesa da sala de estar e às duas da madrugada na despensa. “O que mais me aborrece”, ria, “é o tempo enorme que perdemos.” No aturdimento da paixão, viu as formigas devastando o jardim, saciando a sua fome pré-histórica nas madeiras da casa, e viu a torrente de lava viva se apoderando outra vez da varanda, só se preocupou em combatê-la quando a encontrou no quarto. Aureliano abandonou os pergaminhos, não tornou a sair de casa, e respondia de qualquer maneira às cartas sábio catalão. Perderam o sentido da realidade, a noção tempo, o ritmo dos hábitos cotidianos. Tornaram a fechar portas e janelas para não demorarem nos trâmites de desnudamento, e andavam pela casa como Remedios, a bela, sempre quis estar, e se espojavam em pêlo nos barreiros do quintal, e uma tarde por pouco não se afogaram quando se amavam na caixa-d’água. Em pouco tempo fizeram mais que as formigas ruivas: quebraram os móveis da sala, rasgaram com as suas loucuras a rede que resistira aos tristes amores de acampamento do Coronel Aureliano Buendía e abriram os colchões e os esvaziaram no chão, para se sufocar em tempestades de algodão. Embora Aureliano fosse um amante tão feroz como o seu rival, era Amaranta Úrsula quem comandava com o seu engenho disparatado e a sua voracidade lírica aquele paraíso de desastres, como se tivesse concentrado no amor a indomável energia que atataravó consagrara à fabricação de animaizinhos de caramelo. Além disso, enquanto ela cantava de alegria e morria de rir das suas próprias invenções, Aureliano ia se tornando mais absorto e calado, porque a sua paixão era ensimesmada e calcinante. Entretanto, ambos chegaram a tais extremos de virtuosismo que quando se esgotavam na exaltação tiravam melhor partido do cansaço. Entregaram-se à idolatria dos corpos, ao descobrir que os tédios do amor tinham possibilidades inexploradas, muito mais ricas que as do desejo. Enquanto ele amaciava com claras de ovo os seios eréteis de Amaranta Úrsula, ou suavizava com gordura de coco as suas coxas elásticas e o seu ventre de pêssego, ela brincava de boneca com a portentosa criatura de Aureliano e pintava-lhe olhos de palhaço com batom e bigodes de turco com lápis de sobrancelhas e armava-lhe laços de organza e chapeuzinhos de papel prateado. Uma noite se lambuzaram dos pés à cabeça com pêssegos em calda, lamberam-se como cães e se amaram como loucos no chão da varanda, e foram acordados por uma torrente de formigas carnívoras que se dispunham a devorá-los vivos. [...]
Trecho da obra Cem anos de solidão (Record, 1985), do escritor, jornalista e ativista político colombiano Prêmio Nobel de Literatura de 1982, Gabriel García Marquez
(1927-2014). Veja mais aqui, aqui e aqui.

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
A arte do fotógrafo britânico Eadweard Muybridge (1830-1904).
Veja Fanpage aqui & mais aqui e aqui.

DEDICATÓRIA:
A edição de hoje é dedicada à professora doutora Daniela Botti.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: arte do arquiteto e artista plástico Fernando Pasini.
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
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HIRONDINA JOSHUA, NNEDI OKORAFOR, ELLIOT ARONSON & MARACATU

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Refúgio (2000), Duas Madrugadas (2005), Eyin Okan (2011), Andata e Ritorno (2014), Retalho...