quarta-feira, dezembro 04, 2013

REBECCA SOLNIT, LENA YAU, LENA, QUIJANO, ROSSET & RUTGER BREGMAN

 


ADEMILDE SEMPRE – Homenagem para a cantora Ademilde Fonseca Delfino (1921-2012) – Diziam que ela era potiguar, sim, de coração. Para lá foi desde criança. Nascera mesmo em Vitória de Santo Antão, Pernambuco. Foi em Natal que ela começou, ainda mocinha, participando de um grupo de seresteiro que tinha a participação de Laudimar Gedeão Bonfim, quem viria a se casar com ela, mudando-se para o Rio de Janeiro. Aos 21 anos de idade, ela apareceu para o público com Tito-tico no Fubá/Volte ao morro, pela Columbia, em 1942. No mesmo ano vieram Altiva América/Racionamento e Apanhei-te cavaquinho/Urubu malandro. Em 1944, pela Continental apareceram na sua voz Brinque à vontade/Os narigudos e Dinorá/É de amargar. Pela mesma gravadora, em 1945: O que vier eu traço/Xem-em-ém e Rato, rato/História difícil. Segue-se em 1946: Estava quase adormecendo/Sonoroso. Em 1948 foi coroada pela Revista do Rádio a Rainha do Chorinho, ocasião em que lançara Vou me acabar/Sonhando. Em 1950 aparecem João Paulino/Adeus, vou-me embora, e estoura seu grande sucesso Brasileirinho/Teco-teco. Edita A rainha do choro, muda de gravadora, agora na Todamérica que lança Molengo/Derrubando violões e Vão me condenar/Não acredito. Depois disso, na mesma década, lança mais 26 compactos repletos de grandes sucesso e realiza diversas excursões. Em 1960, muda novamente de gravadora, por onde lança 5 compactos até 1962, porque em 1963, muda novamente de gravadora, lançando pela Marcobira Marcha do pinica/Tô de bobeira. Em 1964, exibe-se por seis meses em palcos de Lisboa, ao lado de Jamelão e, ao retornar ao país, lança pela Serenata o compacto Esquece de mim/Carnaval na lua. Depois disso, participa em 1967 do II Festival Internacional da Canção, com a música Fala baixinho, de Pixinguinha com letra de Hermínio Belo de Carvalho. Em 1970 realiza uma série de shows no Teatro Opinião, no Rio de Janeiro. Em 1975, ela lança pela Top Tape o álbum Ademilde Fonseca e, no ano seguinte integra a série Ídolos MPB nº 14 e pelo MIS/Copacabana, em 1977, A rainha e seus chorões maravilhosos. Sem gravadora desde 1975, ela retorna aos palcos do Projeto Pixinguinha, na sala Funarte, acompanhada pelo conjunto Época de Ouro. Só em 1997 sai a coletânea A Rainha do Choro e, em 1998, Ademilde Fonseca vol. 2. Em 2000 ela participa das Eternas Cantoras do Rádio, ao lado de Carmélia Alves, Violeta Cavalcanti e Ellen de Lima, bem como participa do projeto A Música Brasileira deste século por seus autores e intérpretes. Integra o trio ao lado de Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo no projeto Vê se gostas, ocasião em que é lançado o album Chorinhos & Chorões, e as 20 selecionadas de Ademilde Fonseca. Em 2001 participa do Café Brasil, Teldec, com o conjunto Época de Ouro, Paulinho da Viola, entre outros. Em toda sua trajetória ela trabalhou por mais de 10 anos da extinta TV Tupi, seus discos superaram a marca de mais de meio milhão cópias e se aprensentou em diversos países. Nossa saudade e homenagem. Veja mais aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Pense um pouco na definição de rentista: alguém que usa seu controle sobre algo que já existe para aumentar sua própria riqueza. O senhor feudal dos tempos medievais fez isso construindo um pedágio ao longo de uma estrada e fazendo com que todos que passassem pagassem. Os gigantes da tecnologia de hoje estão fazendo basicamente a mesma coisa, mas transpostos para a rodovia digital... Não, a riqueza não é criada no topo. É apenas devorado lá... Pensamento do historiador e escritor holandês Rutger Bregman.

 

ALGUÉM FALOU: É tempo de aprendermos a nos libertar do espelho eurocêntrico onde nossa imagem é sempre, necessariamente, distorcida. É tempo, enfim, de deixar de ser o que não somos... Pensamento do sociólogo peruano Aníbal Quijano (1930-2018). Veja mais aqui e aqui.

 

O MUNDO E SEUS REMÉDIOS – [...] Preso em si mesmo, tal como se apresenta na intuição do doar-se, o mundo é mudo. O silêncio do mundo é provavelmente a fonte principal da angústia diante da doação da qual derivam as construções morais [...]. Trecho extraído da obra Le monde et ses rèmedes (Presses Universitaires de France, 2000), do filósofo e escritor francês Clément Rosset (1939–2018).

 

UM GUIA DE CAMPO PARA SE PERDER - [...] Deixe a porta aberta para o desconhecido, a porta para a escuridão. É daí que vêm as coisas mais importantes, de onde você veio e para onde irá. [...] A arte não é esquecer, mas deixar ir. E quando todo o resto acabar, você pode ficar rico em perdas. [...] Perder-se não era tanto uma questão de geografia, mas sim de identidade, um desejo apaixonado, até mesmo uma necessidade urgente, de se tornar ninguém e ninguém, de se livrar das algemas que o lembram de quem você é, de quem os outros pensam que você é. [...] Quando alguém não aparece, as pessoas que esperam às vezes contam histórias sobre o que pode ter acontecido e chegam a acreditar na deserção, no sequestro, no acidente. A preocupação é uma forma de fingir que você tem conhecimento ou controle sobre o que não tem – e me surpreende, até mesmo em mim, o quanto preferimos cenários feios ao puro desconhecido. Talvez seja com fantasia que você preenche os mapas, em vez de dizer que eles também contêm o desconhecido. [...] Há muitos anos que me emociono com o azul que está no limite do que se vê, aquela cor dos horizontes, das cadeias de montanhas remotas, de tudo o que está longe. A cor dessa distância é a cor de uma emoção, a cor da solidão e do desejo, a cor de lá visto daqui, a cor de onde você não está. E a cor de onde você nunca poderá ir. [...] Perder-se: uma entrega voluptuosa, perdido nos braços, perdido para o mundo, totalmente imerso no presente para que o que o rodeia se desvaneça. Nos termos de Benjamin, estar perdido é estar totalmente presente, e estar totalmente presente é ser capaz de estar na incerteza e no mistério. [...] Adoro sair do meu caminho, além do que conheço, e encontrar o caminho de volta alguns quilômetros a mais, por outra trilha, com uma bússola que discute com o mapa... noites sozinho em motéis em cidades remotas do oeste, onde não conheço ninguém e ninguém que conheço sabe onde estou, noites com pinturas estranhas, colchas florais e televisão a cabo que proporcionam um alívio da minha própria biografia, quando, nos termos de Benjamin, me perdi, embora saiba onde estou. Momentos em que digo a mim mesmo enquanto os pés ou o carro ultrapassam uma crista ou fazem uma curva, nunca vi este lugar antes. Momentos em que algum detalhe arquitetônico à vista que me escapou durante tantos anos me diz que eu nunca soube onde estava, mesmo quando estava em casa. [...] A preocupação é uma forma de fingir que você tem conhecimento ou controle sobre o que não tem – e me surpreende, até mesmo em mim, o quanto preferimos cenários feios ao puro desconhecido. [...]. Trechos extraídos da obra A Field Guide to Getting Lost (Penguin, 2006), da escritora, historiadora e ativista estadunidense Rebecca Solnit. Veja mais aqui.

 

VINTE ANOS NÃO É NADA - Ele voltou para casa. \ Sua esposa o acolheu. \ Em uma placa de melamina lascada, \ o fóssil de um escalope de vitela, sua refeição favorita. \ Os olhos de Ulisses se encheram de lágrimas. \ Ele enfiou a mão no bolso em busca de uma folha de lótus roubada naquela ilha. \ Ele devorou. Dois segundos depois, sua memória se esvaziou. \ Daqueles banquetes com Calipso e Circe nem mesmo o perfume permaneceu. \ Ele beijou Penélope carinhosamente \ e sentou-se para jantar, sentindo prazer. \ Sua língua havia esquecido outras pátrias. Poema da escritora, jornalesta e pesquisadora venezuelana Lena Yau.

 



ROUBARAM A TENDA DO HOLMES!!!!!! – Sherlock Holmes e Dr. Watson estão acampando. Eles armam a barraca sob as estrelas e vão dormir. No meio da noite Holmes acorda Watson:

- Watson, olhe para as estrelas e me diga o que você deduz.

- Eu vejo milhões de estrelas e, se algumas delas têm planetas, é bem possível que haja alguns planetas como a Terra, e se há alguns planetas co0mo a Terra lá em cima, também pode haver vida. E você o que acha, Holmes?

- Watson, seu idiota, alguém roubou nossa barraca!!!

FONTE:
Considerada a segunda piada mais engraçada em festival de humor na Internet, copatrocinado por Richard Wiseman e pela British Association for the Advancement of Science. In: MYERS, David. Psicologia. Rio de Janeiro: LTC, 2006.

O FUNCIONALISMO E O PRAGMATISMO DE WILLIAM JAMES  - A contribuição doutrinária do filosofo norte-americano William James (1842-1910), projetou-se em três campos diferentes, mas complementares: no da psicologia, no da teoria do conhecimento e no da filosofia da religião. No domínio da teoria do conhecimento, ganha relevo a sua teoria da verdade. Na área da psicologia a sua afirmação de que a todo estado de consciência corresponde certa manifestação fisiológica, pode ser vista como precursora do behaviorismo metodológico, posteriormente desenvolvido por John Watosn. Com relação à teoria da verdade, no domínio da epistemologia, ele se destacou ao rejeitar tanto a interpretação realista clássica da verdade quanto a interpretação idealista. A seu ver, a verdade de uma proposição consistiria no fato de que ela é útil, de que ela conduz ao sucesso e concede satisfação. Ao analisar a experiência religiosa, ele trouxe a perspectiva do pragmatismo, rejeitando a interpretação psiquiátrica do misticismo, assinalando o rigor dos critérios derivados de sua teoria pragmática como ponto de vista intelectualista, expressos em termos de produção de argumentos visando a demonstração. FUNCIONALISMO – o Funcionalismo foi a nova corrente psicológica instaurada por William James, voltada para a área científica que, até então, estava desenvolvendo estudos dos fenômenos psíquicos que constituíam uma disciplina de caráter metafísico e ocupada com a essência última do homem. Foi William James o primeiro norte-americano a organizar um laboratório de psicologia experimental, defendendo o estudo dos fatos psíquicos como intimamente relacionados com os fatos estabelecidos pela fisiologia nervosa. A estes estavam aliadas a teoria da evolução biológica e os dados fornecidos pela arqueologia para o alcance de uma verdadeira ciência do homem. Ao mesmo tempo ele exigia que se aliasse ao espírito científico-natural, a fim de preserva o investigador de certas cruezas de raciocínio tão comuns no homem de laboratório. Este projeto metodológico levou o autor a construção de uma nova psicologia, estabelecendo o novo conceito de fluxo de consciência e teoria das emoções, defendendo a ideia de que a consciência não constitui uma estrutura fixa, possuidora de certas faculdade; seria um fluxo permanente como um processo dinâmico que se organiza em vista de um fim. Sua teoria das emoções afirma que as emoções não são mais que um produto da reverberação de certas modificações. O seu conceito-chave do fluxo de consciência e sua ligação com a atenção seletiva, enfatizava que a consciência como uma multiplicidade repleta de objetos e relações. A psicologia, para ele, é a ciência da vida mental abrangendo tanto os seus fenômenos como as suas condições. Ela não tem como meta a descoberta dos elementos da experiências, mas o estudo sobre a adaptação dos seres humanos ao seu ambiente. A função da consciência é guiar aos fins necessários para a sobrevivência e é vital para as necessidades dos seres complexos em um ambiente complexo. Na sua corrente psicológica, o autor escreveu sobre todos os aspectos da psicologia humana, do funcionamento cerebral até o êxtase religioso, da percepção especial até a mediunidade psíquica. A personalidade, para ele, emerge da interação entre as facetas instintuais e habituais da consciência e os aspectos pessoais e volitivos. As patologias, as diferenças pessoais, os estágios de desenvolvimento, a tendência à autorrealização e todo o resto são redistribuições dos blocos de construção fundamentais fornecidos pela natureza e refinados pela evolução. Em vista disso, a consciência implica um tipo de relação externa. Os hábitos são ações ou pensamentos que aparecem aparentemente como respostas automáticas a uma dada experiência, diferindo dos instintos pelo fato de que o hábito pode ser criado, modificado ou eliminado pela direção consciência, além de ser valiosos e necessários. O sentimento de racionalidade defende que a teoria deve ser intelectualmente agradável, consistente e lógica, devendo, ainda, ser emocionalmente atraente e encorajar ao pensar ou agir de forma que seja satisfatória e aceitável ao nível pessoal. Essa teoria sustenta haver um equilíbrio entre a indiferença e os sentimentos, e a expressão deles serve ao organismo da melhor forma. Ao mesmo tempo que o desapego é um estado desejável, há também vantagens em estar dominado pelos sentimentos; o transtorno emocional é um meio pelo qual hábitos duradouros podem ser rompidos; liberta as pessoas a tentarem novos comportamentos ou explorarem novas áreas de percepção. A saúde mental é o agir como se as coisas pudessem ir bem, o agir com base em ideias. Os obstáculos mais óbvios e prevalentes ao crescimento na vida são os hábitos, uma vez que eles são as forças que retardam o desenvolvimento e limitam a felicidade. Os relacionamentos são inicialmente instintivos e formados para se adaptarem a diferentes exigências culturais. A vontade é o ponto central a partir do qual a ação significativa pode ocorrer. O ser humano possui a capacidade inata para fazer escolhas reais, apesar das limitações genéticas, dos hábitos pessoais e de outras circunstâncias externas. Enfim, o fluxo de consciência é a ideia de que a consciência é um processo de fluxo continuo e qualquer tentativa de reduzi-la a elementos pode distorcê-la. A teoria das emoções é uma teoria biológica que delineia as conexões entre as emoções e as mudanças fisiológicas a elas associados. Para o autor, há dois tipos de conhecimentos: aqueles oriundos da experiência denominados de conhecimento familiar, e o conhecimento adquirido através do intelecto, o conhecimento a respeito de. O self seria a continuidade pessoal que cada um de nós reconhece cada vez que acorda, podendo ser material, social, espiritual. Para o autor, melhorar a atenção voluntária inclui treinar a vontade, uma vez que ela desenvolvida permite que a consciência atenda às ideias, percepções e sensações que não são imediatamente agradáveis ou convidativas. O PRAGMATISMO – É um método de esclarecimento de conceitos, uma teoria da significação situada no terreno da lógica. Para o autor, o pragmatismo é a teoria da verdade e tem por princípio a prova ultima do que significa a verdade e a conduta que essa mesma verdade dita ou inspira. É a doutrina que valida as ideias medidas por suas consequências práticas. Essa teoria defende que o pensamento estabelece certas determinações, conhecimentos, conceitos, para finalidades práticas, econômicas, utilitárias. Assim, o conceito é considerado uma abreviação cômoda de sensações múltiplas que representam a experiência genuína. O prático e o utilitário são os valores das doutrinas, das teorias, entre elas, uma não é mais verdadeira do que as outras, mas mais útil do que outras. O pensamento é verdadeiro se tem êxito prático. A ciência é um instrumento da vontade para as suas finalidades.

REFERÊNCIAS
BENJAMIM JUNIOR, Ludy. Uma breve história da psicologia moderna, 2009.
FADINGAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 2002.
JAMES, William. Pragmatismo e outros textos. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
MARICONDA, Pablo. William James: vida e obra. São Paulo: Abril Cultural, 1979
PADOVANI, Umberto; CASTAGNOLA, Luís. História da filosofia. São Paulo: Melhoramos, 1979.
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sideny. História da psicologia moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2012.


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