domingo, fevereiro 27, 2011

ROBERT FROST, ELIZABETH BROWNING, RUBEM BRAGA, NEERJA BHANOT, MARCELO YUKA, AFRODESCENDENTE, CELIA LABANCA & CARNAVAL



O filme Neerja (O Poder da Coragem, 2016), dirigido por Ram Madhvani, trata da história de vida da modelo e corajosa comissária de bordo Neerja Bhanot (1963-1986), que sacrificou sua vida protegendo 359 passageiros do voo 73 da Pan American World Airways, em 1986, perdendo a vida no voo, que partiu de Mumbai, na Índia, rumo aos Estados Unidos, foi sequestrado por quatro integrantes da organização terrorista Abu Nidal, durante uma escala em Carachi, no Paquistão, com a intenção de lançá-lo contra um prédio em Israel.

CARTA PARA NEERJA BHANOT – Imagem: Art by Nimisha Bhanot - Quando a vi pela primeira não sabia que poderia ser o amor. O seu olhar de indiana Chandigarh, de família Punjabi pousou sobre os meus e sequer imaginava sonhar um dia o amor. Ela achegou-se, falou de si e de Mumbai para encantar o meu coração feito Bombaim. Percorri sua bela face, sua expressão escultural de modelo bem sucedida, carregada das frases de Rajesh Khanna que eu nem sabia quem, a me dizer da felicidade de se tornar comissária de bordo por voos internacionais. Havia na sua esfuziante alegria uma tristeza recôndita, só muito depois soube a razão: um casamento arranjado em Doha, que durou apenas dois meses de tão deteriorado por inúteis e mesquinhas pressões ao dote. Havia um sotaque hindi que me atraía mais pela natureza do seu sorriso pleno e cativante. A partir daquela hora nos vimos outras vezes e outros dias, como cúmplices de nossos segredos irreveláveis. Foram tantos encontros de olhares, bocas, braços e pernas, a nossa mútua entrega de todas as confissões mais íntimas e anímicas. Naquela hora falou-me da necessidade urgente que havia de nos vermos no dia seguinte. E nos vimos aos abraços, afetos além da conta. Naquele dia era mais um dos seus voos, trezentos e setenta e nove pessoas a bordo, entre passageiros e tripulantes. Ao nos despedir ela me dirigiu um olhar ubíquo com um gesto de um beijo interminável. Ela se foi e acompanhei seus passos, o ritmo elegante dos seus quadris, o distanciamento do seu corpo que se ia para desaparecer com um último aceno à porta da área de embarque. Ali fiquei imaginando nossos dias e noites, absorvido por sua inesquecível emanação. Precisava me encaminhar aos afazeres, não conseguia concatenar nada, sua imagem ocupava todos os meus pensamentos e ações por toda manhã. Ainda era dia quando vi o noticiário, sabia que ela havia dado conta naquele exato momento de que algo corria errado e avisava ao comandante do Clipper Empress of the Seas. Não demorou muito para que eu tomasse ciência do sequestro em Karachi, passageiros e tripulação, havia ali uma mudança de planos para Lárnaca no Chipre, com fins de libertar prisioneiros palestinos. As notícias eram desencontradas, mas como se eu estivesse nela como estive por noites e dias, eu sentia mesmo distante todos os seus movimentos como do aviso para que a tripulação da cabine escapasse por uma escotilha e ela assumia o controle da situação. Senti que matavam um cidadão estadunidense, o alvo preferido dos invasores que queriam outros para identificação pelos passaportes. Eram mais quarenta e um alvos ali, ela os escondeu – uns debaixo dos assentos, outros por uma rampa de lixo, ela fazia o que podia naquela difícil situação. Mais um fora assassinado nas dezessete horas de negociações, tiroteio e disparos de explosivos: entre os mortos, quarenta e três passageiros. Os demais, apenas moeda de troca no resgate de terroristas presos que, afinal, foram salvos, porque ela conseguiu impedir a decolagem e seu esforço em abrir uma das portas de emergência da aeronave, ajudou que outros escapassem do ataque. Ah, o mais doloroso foi sentir o tiro que nela fez uma dor imensa em mim, enquanto protegia três crianças brancas de uma chuva do ataque. Doeu e quase desfaleci, a minha heroína sucumbia aos vinte e três anos num gesto de bravura em um tempo que se pensava em paz. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui e aqui.


DITOS & DESDITOS - Quando a poeira da morte emudece a voz de um grande homem, mesmo as mais simples palavras por ele proferidas transformam-se num oráculo. Pensamento da poeta inglesa da época vitoriana Elizabeth Barrett Browning (1806-1861). Veja mais aqui e aqui.

ALGUÉM FALOU: Todo camburão tem um pouco de navio negreiro. Pensamento do músico, compositor e ativista Marcelo Yuka (Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana – 1965-2019), um dos fundadores da banda O Rappa e, posteriormente, do grupo F. U. R. T. O.

QUINCA CIGANO – [...] Feito Quinca Cigano, eu também só tenho caçado brisas e tristeza. Mas tenho outros pesos na massa de meu sangue. Estou cansado; quero parar, engordar, morrer. Que os Coelho da ilha me arranhem um pio, não para caçar mulher, mas para caçar sossego. Deve ser um pio triste, mas tão triste que, a gente piando ele, só escuta depois de todos os bichos tristes. Eu não quero, como Quinca Cigano, sair pelo mundo caçando passarinho verde. Passarinho verde não existe; e quem disse que viu, ou ensandeceu ou mentiu. Extraído da obra A borboleta amarela (Record, 1980), do escritor Rubem Braga (1913-1990). Veja mais aqui.

POESIA - É absurdo pensar que o único meio de saber se um poema é imortal seja aguardar que ele perdure. Quem sabe ler um bom poema deve poder dizer, no momento em que é por ele atingido, se recebeu ou não um golpe que nunca mais se curará. Significa isto que a perenidade em poesia, como no amor, apreende-se instantaneamente; não necessita de ser provada pelo tempo. A verdadeira prova de um poema não reside no fato de nunca o havermos esquecido, mas de nos apercebermos imediatamente de que jamais poderemos esquecê-lo. Texto do poeta estadunidense Robert Frost (1874-1963). Veja mais aqui.



A CULTURA AFRODESCENDENTE - Segundo o IBGE, o Brasil tem a maior população de origem Africana do mundo, são cerca de 80 milhões de brasileiros com ascendência negra, onde a maior concentração dá-se no estado da Bahia, chegando a 80% da população. Os negros vieram de várias partes da África, não apenas para povoar o Brasil, como também para dar prosperidade econômica através de seu trabalho, que praticamente eram transformados em maquinas de trabalho. Os negros escravos trouxeram as suas diversas matrizes culturais que aqui sobreviveram e serviram como patamar  de resistência social  a tal regime. Como as manifestações da quilombagem e suas diversas culturas eram consideradas  primitivas e exóticas, os negros escravos foram obrigados a transformar não apenas a sua religião, como também todos seus padrões culturais, em uma cultura de resistência social, e aqueles que não puderam atacar frontalmente, procuraram formas simbólicas ou alternativas para oferecer resistência a essas forças mais poderosas. Sendo assim o sincretismo, assim chamado na religião negra, foi uma forma sutil de camuflar internamente seus deuses, para assim preservá-los da imposição da religião católica, já que tanto o monopólio de poder político, como o monopólio de poder religioso, proibia os negros de praticá-la. Daí o mecanismo de defesa sincrético dos negros. Apesar da repressão que os negros sofreram devido as suas manifestações culturais mais cotidianas, sua contribuição cultural atualmente é enorme, tanto na musica, como na dança, alimentação e língua, e em todos esses, temos a influência negra. Carvalho (1993) afirma que: “Ainda não se leu algo sobre o potencial da crueldade de que seria capaz o elemento negro. Muita literatura se escreveu no século passado  e até no presente, em que o negro é a figura, quando  boa, somente capaz de encarnar docilmente as mães pretas, os pais Joões, os molecotes alcoviteiros ingênuos e simplórios. Fora disso á a massa comum das fazendas  e eitos ou individualmente, o lavradez, o quilombola fujão, o monstro figurativo em desenhos ferozes, representando semblantes temíveis, desalmados, perversos, apavorantes.” Esta cultura está tão enraizada no país que muitas vezes os brasileiros nem percebem. Culinária Negra: Com sua maneira exótica de cozinhar, a culinária negra fez valer seus temperos, modificando e substituindo ingredientes dos pratos portugueses, fazendo a mesma coisa com pratos da terra, chegando finalmente a cozinha brasileira, onde introduziu o leite de coco, o azeite de dendê, a pimenta malagueta, o feijão preto, o quiabo, ensinado também a fazer pratos com camarão seco, vatapá, caruru, mungunzá, acarajé, angu, pamonha e a usar as panelas de barro e a colher de pau. Dança: As danças afro-brasileiras foram definidas como as danças religiosas e profanas da África trazidas pelos escravos e desenvolvidas e transformadas por  forças de diferentes influências, inclusive do sincretismo religioso. Nas danças religiosas, cada orixá (divindade africana) é convocado ou homenageado através de ritmos e movimentos próprios e característicos. As danças profanas ocorriam nos ocorriam nos momentos de festas nas senzalas e eram, entre outras, o Zambê, o Lundu, o Jongo e o Samba.  O jogo da capoeira é a síntese da dança desenvolvida  inicialmente por escravos negros no Brasil . A sua essência, disfarçada em brinquedo, distração de quem busca extravasar cada função interior nos gestos exteriores. È na dança que se manifesta a tradição milenar da cultura negra de reverenciar as origens. A postura reverente dos capoeiras uns com os outros , para com o povo, a terra, o berimbau, o ataque, se explica no propósito maior da dança: unir, ligar estreitamente como as mãos que se apertam no final de cada jogo. “Os negros usavam a capoeira para defender sua liberdade.” Mestre Pastinha. A Serra da Barriga: Hoje, a Serra da Barriga é uma área que recebe turistas, que buscam conhecer um pouco mais da história do Quilombo dos Palmares. No local, foram construídos um posto de observação e dois mirantes, que estão sendo reformados, de onde se pode admirar toda a beleza do local. Na serra, também são realizadas comemorações, principalmente no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, para relembrar a luta de Zumbi dos Palmares. A Serra da Barriga é um dos mais significativos exemplos de resgate da história dos afro-brasileiros com papel fundamental na reconstrução da trajetória da luta de libertação dos escravos. As fugas dos negros haviam começado já antes do final do século XVI; mas, se tornaram mais freqüentes e numerosas, durante a ocupação holandesa, pelo conseqüente enfraquecimento do aparelho repressor tradicional. No município se encontra a Serra da Barriga, a oeste da sede do município, local onde reuniram-se os negros para fazer resistência à escravidão. Os escravos fugidos do cativeiro reuniam-se em aldeamentos chamados Quilombos, assim no plural, porque eles foram muitos, e não apenas o situado na Serra da Barriga, que vinha a ser o mais importante, "a capital" dos Palmares, abrigando cerca de trinta mil negros vindos de todos os pontos da capitania. Os negros viviam das culturas do milho, mandioca, feijão e bananeiras. Possuindo apenas três entradas, cada uma guarnecida por 200 guerreiros. Nestes quilombos existiam armas e munições com as quais foi organizada a república dos Palmares, abrigando, por quase um século, o anseio de liberdade dos negros, sob o comando do rei Ganga-Zumba, o deus da guerra. Com sua morte, o seu substituto foi Zumbi, rei dos Palmares, possuidor de grande poder espiritual, resistiu a várias expedições militares. Após três anos de luta, Zumbi foi morto no dia 20 de novembro, data em que hoje se comemora o "Dia Nacional da Consciência Negra". União dos Palmares, homenagem aos Quilombos. Símbolo da resistência negra, União dos Palmares guarda uma das mais belas páginas da História do Brasil. Foi neste município que os negros construíram a república independente do Quilombo dos Palmares, cujo objetivo era a libertação do negro escravo. A serra da Barriga é o marco vivo da resistência negra pela liberdade e é justamente nesta serra que estás implantado o Parque Nacional de Zumbi. A Umbanda - A Umbanda, religião genuinamente brasileira, é uma mistura do Cristianismo, Espiritismo, Catolicismo e Culto aos Orixás. A Umbanda tem base principalmente do evangelho cristão, e sua maior lei é Amar a Deus sobre todas as coisas e o amor ao próximo e a si mesmo. É uma religião espírita que trabalha com os espíritos desencarnados. A Umbanda é voltada para a pratica da caridade, propagando que o respeito ao ser humano, é fundamental para o progresso de qualquer sociedade. Primeiro terreiro de Umbanda no Brasil: A umbanda não tem manifestação Kardecista e nem de Candomblé. O primeiro templo de Umbanda registrado no Brasil foi a do Médium Zelio Fernandino de Morais (15 de novembro de 1908), com o nome de “Tenda Nossa Senhora da Piedade” sendo o primeiro templo de umbanda do Brasil. Zélio de Morais começou a ter sua primeira manifestação espírita ainda jovem, aos 17 anos, seus pais ficaram preocupados, pois não sabiam do que se tratava, Zelio hora estava falando manso, hora estava exaltado. Seus pais procuraram ajuda de seu tio Dr. Epaminondas de Morais, medico psiquiatra e diretor do Hospício de Vargem Grande, o medico não conseguiu dar um diagnostico certo sobre o que se passava com Zelio, então o psiquiatra deu a  idéia  de procurar um padre para umas sessões de exorcismo, Zelio foi encaminhado a três padres, e as sessões não deram resultado. Um amigo sugeriu que levassem o rapaz para a recém fundada Federação Kardecista de Niterói. Federação era precedida pelo Sr. José de Souza, Zélio de Moraes já estava tendo uma manifestação mediúnica, foi convidado a sentar-se a mesa, mais se sentiu contrariado as normas da instituição afirmou que ali falta uma flor, levantou-se e foi a te o jardim e apanhou uma flor branca e a colocou no centro da mesa aonde se realizava os trabalhos. O Sr. José de Souza logo verificou que ali havia a presença  de um espírito manifestado através de Zélio e passou a ter um dialogo a seguir: “Sr.José: Quem é você que ocupa o corpo deste jovem? O espírito: Eu? Eu sou apenas um caboclo brasileiro. Sr.José: Você se identifica como caboclo, mas vejo em você restos de vestes clericais! O espírito: O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre, meu nome era Gabriel Malagrida, acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da inquisição por haver previsto o terremoto que destruiu Lisboa em 1755. Mas em minha última existência física Deus concedeu-me o privilégio de nascer como um caboclo brasileiro. Sr.José: E qual é seu nome? O espírito: Se é preciso que eu tenha um nome, digam que eu sou o CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS, pois para mim não existirão caminhos fechados. Venho trazer a Umbanda uma religião que harmonizará as famílias e que há de perdurar até o final dos séculos. E no desenrolar da conversa Sr.José pergunta ainda se já não existem religiões suficientes, fazendo inclusive menção ao espiritismo. O espírito: Deus, em sua infinita bondade, estabeleceu na morte, o grande nivelador universal, rico ou pobre poderoso ou humilde, todos se tornam iguais na morte, mas vocês homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar estas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Por que não podem nos visitar estes humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além? Porque o não aos caboclos e preto-velhos? Acaso não foram eles também filhos do mesmo Deus?... Amanhã, na casa onde meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda e qualquer entidade que queira ou precise se manifestar, independente daquilo que haja sido em vida, todos serão ouvidos, nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas a nenhum diremos não, pois esta é à vontade do Pai. Sr.José: E que nome darão a esta Igreja? “O espírito: Tenda Nossa Senhora da Piedade, pois da mesma forma que “Maria ampara nos braços o filho querido, também serão amparados os que se socorrerem da Umbanda.” No outro dia, a casa de Zélio Morais ficou lotada de médiuns e curiosos, pontualmente o Caboclo das Sete Encruzilhadas incorporou e com as palavras abaixo iniciou o seu culto: “Vim para fundar a Umbanda no Brasil, aqui se inicia um novo culto em que os espíritos de pretos velhos africanos e os índios nativos de nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A prática da caridade no sentido do amor fraterno será a característica principal deste culto” A partir de então foi inicia a Umbanda no Brasil podendo participar, todos sem preconceito, respeitando cada entidade ou religião. Após 55 anos de atividade O Sr. Zelio entregou o terreira as suas filhas Zélia e Zilméia a qual esta ultima aos seus 88 anos continua sob a direção do terreiro ate os dias de hoje. Zelio Fernandino de Morais  desencarnou no dia 03 de outubro de 1975. Dentro da cidade de Maceió, existe o GUESB, localizado no bairro Village campestre II que é administrado pela Mãe Neide. Mulher que assumiu sua mediunidade ainda na adolescência e lutou para  entender e aprender sua religião, Filha de pais católicos e sempre estudou em escolas católicas, enfrentou dificuldades, para fundar um centro de Umbanda e lutar contra o preconceito das pessoas. Os Orixás: Os negros nas senzalas cantavam e dançavam em louvor aos Orixás, entretanto seus senhores não gostavam, e tentavam convertê-los a fé cristã. Aqueles que não se convertiam eram cruelmente castigados. Foi então que nasceu o sincretismo em que os negros africanos associaram os Orixás aos santos católicos de seus senhores. Embora aos olhos dos brancos eles estavam comemorando os santos católicos, na verdade estavam cultuando seus amado. Orixás. Ori = Coroa; Xá = Luz. Principais orixás Oxossi: Orixá da saúde, prosperidade, força, energia, farmacopéia (farmácia), nutrição. É o “caçador” do Axé. Representado pelos Caboclos e Caboclas.  Sincretizado no Rio de Janeiro com São Sebastião, tem o seu dia comemorado em 20 de janeiro. OGUM: Orixá da energia (ligada a atitude), perseverança, vencedor de demanda, persistência, tenacidade, renascimento (no sentido de capacidade de se reerguer). Reino: Orixá sem reino específico, que atua na defesa de todos os reinos em função  A Energia de Ogum está em todos os lugares. Cor básica: vermelha e branco. Sincretizado no Rio de Janeiro com São Jorge, tem o seu dia comemorado em 23 de abril. XANGÔ: Orixá da justiça e do conhecimento (estudo de maneira geral), equilíbrio das forças de um modo geral, ligadas a questões de Justiça. Sincretizado no Rio de Janeiro com São Jerônimo, tem o seu dia comemorado em 30 de setembro. OMOLU: Orixá de transformação energética, de toda energia produzida de forma natural ou artificial, quer dizer, a energia natural é toda aquela emanada da natureza ou do nosso próprio pensamento e a artificial é a fabricada (oferendas). Ele transforma tudo e descarrega para terra. Orixá da transição para a vida astral. Senhor dos segredos da vida e da morte. Mestre das Almas. Quando desencarnamos tem sempre um enviado de Omulu do nosso lado, por isso é que ele sempre diz que temos que resgatar a nossa dívida; temos que agir efetivamente para resgatarmos o nosso Karma. Sincretizado no Rio de Janeiro com São Lázaro tem o seu dia comemorado em 17 de dezembro. IANSÃ: Orixá dos ventos, raios e tempestades. Responsável pelas transformações, (mutações e mudanças) ligadas às coisas materiais, fluidez de raciocínio e verbal, Orixá intimamente ligada aos avanços tecnológicos. Grande guerreira. Sincretizada no Rio de Janeiro com Santa Bárbara tem o seu dia comemorado em 4 de dezembro. IEMANJÁ: Orixá dos mares. Responsável pelos bens materiais, grande provedora e mãe. Senhora da Calunga Maior, portanto grande absorvedora de energias negativas. Traduz a sua vibração em paz e harmonia. Protetora da família, dos laços familiares. Sincretizada no Rio de Janeiro com N. Senhora da Glória tem o seu dia comemorado em 15 de agosto.OXUM: Orixá do amor, da harmonia e da concórdia. Equilíbrio emocional. Senhora das águas doces, rios e cachoeiras. Reino: Cachoeira. OXALÁ: Pai de todos os orixás rei da criação, comanda todos os outros orixás, para que nada fuja do seu controle representa Jesus Cristo. Veja mais aqui, aqui e aqui.

RESPONDA QUEM SOUBER - Por Célia Labanca Nada contra ninguém, porque não identifico um responsável, ou uma. Talvez possa considerar como tais, porque permeiam ações e atitudes descabidas, a ignorância, a irresponsabilidade, e o desamor. Estou falando de carnaval. – As comemorações carnavalescas vêm de nove mil anos antes de Cristo. Presume-se que nasceram de rituais exotéricos quando os povos primitivos saudavam o fim do inverno e a chegada da primavera que dava início ao período de plantação. Tinham a ver com a renovação da vida; com a liberdade, a fertilidade e a abundância. Tinham a ver com todos os deuses e com a integração, hoje perdida, entre os humanos e a natureza. Oficializados, os festejos ganharam quatro dias para a folia antes do início da primavera, a partir dos dias 17 de março daquele calendário. Junto com a “Baccanalia” como lhe chamavam, os romanos passaram a comemorar também a “Liberalia”. Dias estes que os reis e os poderosos usavam para dar liberdade geral às populações do campo para saírem às ruas e fazerem uma enorme farra, permitindo serem a comida, a bebida, as cantorias e as danças, dispostas sem limites à “Carnavalia” daquela população, até a sua proibição pelos excessos. – “Pois é... Não sabíamos que foi a partir da tal proibição que estas comemorações chegaram até nós, como quem passeia, com calma, por toda a península ibérica como se já se soubessem moradoras imutáveis e inabaláveis do sol dos trópicos!” Disse Aminta, personagem de um dos meus romances.Em Pernambuco ele esteve ligado em sua origem às classes trabalhadoras urbanas, e serviu, sobretudo, como mecanismo de aproximação entre brancos, negros, e mestiços. – Foram aqueles trabalhadores responsáveis pela criação dos clubes carnavalescos em rechaço aos preconceitos, inclusive religiosos da época. Clubes que terminaram por fazer partícipes as elites econômicas e intelectuais do Estado. Já o nosso frevo, teve sua origem entre os negros capoeiristas. – Eles tiveram papéis importantes na configuração do frevo porque eram descomprometidos com as manobras do dobrado, do xaxado, do lundum e das marchas militares tocadas pelas bandas marciais criadoras do andamento e do ritmo do frevo. Quando passaram a interagir com o tal frenético som, criaram passos, os “passos” que representam a dança que é a expressão máxima do nosso carnaval. Mas, a história do carnaval infelizmente hoje é outra. – Hoje no país, ele passa pelo show bizz, pelas mostras afro, e chega ao carnaval eletrônico dos trios elétricos, somente comerciais, descaracterizando-o da manifestação popular que lhe deu origem, porque industrializando-o, objetivam apenas o lucro municiado pelo consumismo e pelo imediatismo em detrimento da cultura genuína e democrática dele. Aqui o institucionalizaram. Para isto, tiraram-lhe a coroa, e inventaram-lhe um codinome, passando a chamá-lo de multicultural! – Esqueceram que o frevo com mais de cem anos merece o reinado de apenas quatro dias por ano somente para ele; que misturá-lo a outros ritmos senão os que lhe definem, não é outra coisa senão desatino, senão ganância; que substituí-lo em pólos absolutamente dispensáveis, de animação, permitindo que os outros tantos ritmos que têm anos inteiros para serem tocados, mostrados, cantados, se apropriem e se locupletem dele, é, portanto, no mínimo dispensável. Ainda, esqueceram do que disse Tolstoi, com a maior propriedade: “se queres ser universal, cantas bem a tua aldeia!" Insisto ainda em dizer que o que caracterizou o nosso carnaval o fazendo único no Brasil, e realmente emanado do povo em sua raiz, foram os frevos de rua, com seus metais; de bloco, com paus e cordas; de canção, feito para cantar; de salão que são marchinhas mais animadas para dançar, e o frevo rasgado, de competição, para ser somente tocado. – Foram deles que vieram contemporâneos os maracatus, os bumbas meu boi, os caboclos de lança, as troças de sujos, e mais todos os clubes e demais blocos carnavalescos, e a legítima história de luta e resistência expressada entre povo, frevo e carnaval, tão singulares e sérios em seus propósitos, e que hoje, em grande parte, penam por estarem sendo alijados com a intromissão abusiva dos ritmos estrangeiros, ameaçando-os de em breve deixarem de ser o que sempre foram para nossos afetos e memórias. Os investimentos públicos para o período são altíssimos. Mas, poucos, muito poucos são eles para a manutenção do nosso Carnaval de Pernambuco (é melhor chamá-lo apenas assim), por conta das fortunas para manterem-se os chamados pólos de animação para artistas e músicas invasoras que não lhe dizem respeito. A quem interessa a descaracterização do carnaval de Pernambuco? A quem interessa abafar as nossas tradições incentivando quem já tem mercado o ano inteiro? Qual o fundamento para feri-lo quase de morte transformando-o num festival qualquer, aos milhares, que já existem país a fora? Por que cercear o humor, a crítica e a dança do povo, características do período, e ainda nos enfiar os “Calipsos” da vida carnaval abaixo? Por que não se convidam para os tais pólos de animação os Papangús de Bezerros, os Caretas de Triunfo, os Clubes de Carpina, de Vitória, os Maracatus de baque solto e virado da Mata Norte, o Pintombeiras dos Quatro Cantos, o Vassourinhas, o Lili, o Grito da Véia, o Bloco da Saudade, os Tambores Silenciosos, o Bloco das Ilusões, e tantos outros, subvencionando-lhes, para ouvi o que cada um tem a dizer mantendo o intercâmbio legitimamente cultural do carnaval de Pernambuco? Por que o Boi de Parintins vem para Olinda e o nosso Bumba Meu Boi não vai para lugar nenhum? Por que trios elétricos no carnaval de Olinda?Por favor, que alguém me responda somente essas perguntas. A mim, ao povo, à arte popular, à cultura desse Estado, e aos seus fazedores. – A indignação com o expatrio do frevo, a vulgarização e banalização do carnaval pernambucano, e a célere marcha com que os vemos indo para a vala comum é grande. E é de muita gente. CÉLIA LABANCA – A escritora e curadora pernambucana Célia Labanca é bacharel em Direito pela Unicap, é diretora Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco - MAC.PE. Criou e coordenou os cursos de Atualização da Mulher, realizados em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco, e o Cecosne, foi assessora jurídica do Estado, dirigiu as Galerias Artimagem e Artespaço, tendo realizado exposições de artistas pernambucanos em vários Estados do país. Ela coordenou o “Projeto Umbral – Mulher, Tradição e Ultrapassagem” criado pelas artistas plásticas Ana Veloso e Virgínia Colares, citado por Ana Mae, na Revista de Estudos Avançados da USP, Universidade de São Paulo/1996, entre outras importantes atividades artísticas e culturais. Veja mais dela na Rebra, no Vetor Cultural, na Estante Virtual e no YouTube.


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