sábado, junho 13, 2015

PESSOA, VYGOTSKY, GUINGA, SHAKTISANGAMA, BLASBAND, SEGALL & LUCIANO FREIRE.


ANIVERSÁRIO – No livro O eu profundos e os outros eus (Nova Fronteira, 1980), do poeta e filósofo português Fernando Pessoa (1888-1935), encontro a seção Fernando Pessoa, o outro – Ficções do interlúdio -, em que destaco o poema Aniversário no heterônimo Álvaro de Campos: No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos, / Eu era feliz e ninguém estava morto. / Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos, / E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer. / No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos, / Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma, / De ser inteligente para entre a família, / E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim. / Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças. / Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida. / Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo, / O que fui de coração e parentesco. / O que fui de serões de meia-província, / O que fui de amarem-me e eu ser menino, / O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui... / A que distância!... / (Nem o acho...) / O tempo em que festejavam o dia dos meus anos! / O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa, / Pondo grelado nas paredes... / O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas), / O que eu sou hoje é terem vendido a casa, / É terem morrido todos, / estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio... / No tempo em que festejavam o dia dos meus anos... / Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo! / Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez, / Por uma viagem metafísica e carnal, / Com uma dualidade de eu para mim... / Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes! / Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui... / A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos, / O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —, / As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, / No tempo em que festejavam o dia dos meus anos... / Pára, meu coração! / Não penses! Deixa o pensar na cabeça! / Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus! / Hoje já não faço anos. / Duro. Somam-se-me dias. / Serei velho quando o for. / Mais nada. / Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!... / O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!... Veja mais aqui e aqui.

Imagem: Perfume dos campos (1899), óleo sobre tela -, do pintor português Luciano Freire (1864-1935).

Curtindo o álbum Rasgando seda (2012), do músico e compositor Guinga com o Quinteto Villa-Lobos.

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? - (Arte de Meimei Corrêa) - Quando compus a canção Serenar era mil novecentos e oitenta e pouco. Não lembro. Sei que foi ou em meados da década de oitenta, ou um pouco mais já na segunda metade desses anos. Sei que foram dias e dias, varei noites, meses, pelejando na canção e outros tantos depois da melodia quase pronta, para trabalhar a letra. Acredito que chegou a um semestre inteiro ou mais, acho. Sei que foi demorado, parto que só rebentou mesmo depois de meses de gestação. Abandonei várias vezes, mas a música insistia. E insistente invadia meus sonhos, roubava a atenção no trabalho, surgia nas horas mais imprevistas, até mesmo quando não tinha caneta, nem violão, nem gravador, nem nada. Ficava batucando na cabeça, contando compasso para não esquecer. Ficou atravessada na garganta e só rebentou inteira na última hora, quando eu estava prestes a abandoná-la. Era a última tentativa de fechá-la, quando desisti, saiu inteira. Pronta. E ficou nisso: Ah! O amor brotou de mim como se fora a flor de lis. Fiz e refiz e nem se serenou, logrou a dor em certos sonhos infantis. Ah! O amor, predestinado a ser eterno aprendiz, seguiu no triz e nem se revelou e arrumou o que de breve nem se quis. Chegou de dentro como chama de vulcão, queimou com força e fez a vez do coração. E nem sequer sabia onde encontrar você. O amor fez a loucura dominar a solidão, me diz que não a ilusão não vai mandar e vai me dar um sim até não ter mais fim. Chegou de dentro como chama de vulcão, queimou com força e fez a vez do coração. E nem sequer sabia onde encontrar você pra me iluminar até que o mar seja comigo agora, não vejo a hora de poder tocar na sua mão. Toda emoção pra se valer precisa ter o dom da vida, vida vivida pelo coração (Serenar, letra & música de Luiz Alberto Machado). Veja mais aqui e aqui.

CULTO DA FEMINILIDADE – O livro Tantra: o culto da feminilidade – outra visão da vida e do sexo (Summus, 1994), do escritor e professor de yoga belga André Van Lysebeth (10 de outubro de 1919 - 28 de janeiro de 2004), trata sobre a viagem imaginária, uma Atlântida esquecida, a fábula do bom ariano, a impostura ariana, a primeira cidade tântrica, as castas: mistura explosiva, a Índia bramânica obcecada sexual, a visão tântrica, a outra visão do sexo, mitos e símbolos, o ritual tântrico, o domínio sexual, a filosofia tântrica, tempo profano e tempo sagrado, o overmind, a morte é a vida, a mulher, Zohar, Cabala, banho de sol cósmico, quando o sexo vira problema, uma educação sexual a realizar, a mulher campeã erótica, o yantra e o dínamo psíquico, Shiva, Shakti, todas as mulheres são deusas, musculação do yoni, o orgasmo masculino, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho A mulher, seu culto e seu mistério, que começa com uma epígrafe do Shaktisangama-Tantra II, 52: A Mulher cria o universo, ela é o próprio corpo desse universo. A Mulher é o suporte dos três mundos, ela é a essência de nosso corpo. Não há outra felicidade senão aquela proporcionada pela Mulher.  Não outro caminho senão aquele que a Mulher pode abrir para nós. Nunca houve e nunca haverá, nem ontem, nem agora, nem amanhã, outra ventura senão a Mulher; nem reino, nem peregrinação, nem yoga, nem prece, nem fórmula mágica (mantra), nem ascese, nem plenitude além daquela prodigalizada pela Mulher. [...] Toda mulher é Shakti: Deusa-mãe, iniciadora, origem de toda vida, fonte de prazer, caminho para a transcendência: a mulher e seu mistério são o coração do tantra, são a essência de sua mensagem mulher. [...] De fato, o tantrismo se resume ao acesso aos aspectos abissais da Mulher, ocultos na mulher real, comum. O Kaulâvali-Tantra diz: É preciso prosternar-se diante de qualquer mulher, seja ela moça, no esplendor juvenil, seja velha; seja bela ou feia, boa ou má. Nunca se deve enganá-la, caluniá-la nem fazer-lhe mal, nunca bater-lhe. Esses atos tornam qualquer siddhi (realização) impossível [...]. Veja mais aquiaqui e aqui.

PSICOLOGIA SOCIAL: SUBJETIVIDADE E CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO – O livro Subjetividade e constituição do sujeito em Vygotsky (Vozes, 2000), da professora, pesquisadora e doutora em Psicologia Social da Furg, Susana Inês Molon, trata da teoria do cientista e pensamento bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934) como desbravadora de fronteiras ontológicas e epistemológicas, a introdução dessa teoria na psicologia, a crise metodológica da psicologia à criação de uma psicologia social, as concepções sobre a constituição do sujeito, a subjetividade e o sujeito na construção do conceito de consciência e na definição da relação constitutiva eu-outro, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho introdutório: O resgate da teoria vygotskyana vem sendo realizado nas diversas áreas do conhecimento. Inúmeras reflexões são feitas tanto em publicações quanto em eventos científicos. O crescente interesse pelo autor, criador do enfoque sócio-histórico, advem, principalmente, da sua proposta de historicidade do homem e dos processos psicológicos. Atualmente, muitos pesquisadores estão revendo sua obra, construindo novos questionamentos e fazendo outras sínteses na busca de sistematizações de conceitos a partir de seus princípios e categorias fundamentais. Devido ao caráter inacabado de sua obra – em razão de sua morte prematura -, à riqueza e à complexidade das temáticas e à escassez de publicações, sua teoria possibilita diferentes apropriações e diversas polêmicas estão emergindo. Dentre as temáticas emergentes estão a subjetividade e a constituição do sujeito. A palavra subjetividade é imediatamente associada à psicologia, tanto no senso comum quanto nas produções científicas, aparecendo nos mais diversos contextos e apresentando vários significados. As temáticas do sujeito e da subjetividade surgiram com a ciência moderna e suas emergências estiveram vinculadas às condições que propiciaram o desenvolvimento das ciências sociais e humanas, da psicologia, em especial [...]. Veja mais aquiaquiaqui e aqui.

UMA RELAÇÃO PORNOGRÁFICA – Tudo começa com o texto Une liaison pornographique, do escritor e cineasta iraniano radicado franco-belga Philippe Blasband que, em 1999, tornou-se um drama romântico no cinema com direção do cineasta belga Frédéric Fonteyne, contando a história de um homem e uma mulher que se encontram num café a partir de um anúncio de jornal para realizar uma fantasia sexual. Eles demonstram o medo de se entregar num relacionamento, porém seguem para o hotel e, depois da experiência, passam a se encontrar regulamente. Ambos não sabem nada acerca um do outro, deixando claro que o proposito deles é meramente realizar todas as suas fantasias. A partir disso emergem sentimentos e afinadas, surgindo indagações e um relacionamento vai se acentuando além do envolvimento sexual. O próprio autor depois adaptou o texto para o teatro que, inclusive, ganhou os palcos brasileiros – Uma relação pornográfica -, com direção Victor Garcia Peralta e no elenco Guilherme Leme e Ana Beatriz Nogueira. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
Gravura do pintor, escultor e gravurista judeu brasileiro nascido na Lituânia, Lasar Segall (1891-1957).

TODO DIA É DIA DOS NAMORADOS!!!!!
Confira aqui. (Imagem: xilogravura A noite do namoro, de Manassés Borges).


Veja mais sobre:
Cantarau Tataritaritatá, O teatro pobre de Jerzy Grotowski, 1919 de John dos Passos, Estética teatral de José Oliveira Barata, a coreografia de Xavier Le Roy, a música de Carlos Careqa, a pintura de Alex Mortensen & a arte de Vesselin Vassilev aqui.

E mais:
Vamos aprumar a conversa: a culpa é da Dilma, Sermão do bom ladrão de Padre Antônio Vieira, Amargura de mulher de Henriqueta Lisboa, O projeto Atman de Ken Wilber, a música de Heitor Villa-Lobos & María Luisa Tamez, Prometeu acorrentado de Ésquilo, o cinema de Abbas Kiarostami & Juliette Binoche, a pintura de Peter Paul Rubens, a arte de Ekaterina Mortensen & Alex Toth aqui.
A literatura de Antoine de Saint-Exupéry, a música de Aarre Merikanto & Colin Hay & Cris Braun, a pintura de Paul Klee & Clóvis Graciano aqui.
Três poemetos da festa de amor pra ela: Festa, Essa carne & Viagem aqui.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, Projeto Justiça à Poesia & Simone Moura Mendes aqui.
Brincarte do Nitolino, Condição humana de Norbert Elias, a poesia de Alexander Pushkin, O lugar do outro de Jean-Luc Lagarce, o cinema de Antonio Carlos da Fontoura & Flávia Alessandra, a pintura de Paul Gauguin, a arte de Luis Fernando Veríssimo, Luiza Curvo & a música de Eduardo Camenietzki aqui.
Vamos aprumar a conversa: Segunda feira, As consequências da modernidade de Anthony Giddens, Memórias de Adriano de Marguerite de Yourcenar, a música de Robert Schumann, Fedra de Jean Racine, o cinema de Arnaldo Jabor & Sônia Braga, a pintura de Francisco Ribalta & a arte de Ary Spoelstra aqui.
O teatro de William Shakespeare, Alice no país do quantum de Robert Gilmore, O fio & as missangas de Mia Couto, Paixão & autobiografia de Patricia Galvão, a música de Carl Otto Nicolai, o cinema de Richard Eyre & Jean Iris Murdoch, a pintura de David Scott, a arte de Adriano Kitani & Programa Tataritaritatá aqui.
Freyaravi & o circo dos prazeres, Cultura do consumo & pós-modernismo de Mike Featherstone, Contos brasileiros de Julieta de Godoy Ladeira, Kama sutra de Vātsyāyana, a fotografia de Ralf Mohr, Humanitarian Projects, a música de Marisa Monte, a pintura de Crystal Barbre & a arte de Luciah Lopez aqui.
Lualmaluz, Técnica & ideologia de Jürgen Habermas, De segunda a um ano de John Cage, História da literatura brasileira de Nelson Werneck Sodré, A balsa da Medusa, a escultura de George Kurjanowicz, a música de Sally Seltmann, a pintura de Théodore Géricault & Moisés Finalé, a arte de Marni Kotak & Luciah Lopez aqui.
Quando tudo é manhã do dia pra noite, Agonia da noite de Jorge Amado, a música de George Bizet & Adriana Damato, Folclore musical de Wagner Ribeiro, a pintura de Aleksandr Fayvisovich & Bryan Thompson, Posthuman bodies de Halbertam & Livingstone, a fotografia de Christian Coigny, a arte de Mirai Mizue & Luciah Lopez aqui.
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