quinta-feira, outubro 27, 2016

WITTGENSTEIN, ALAN WATTS, D’ESPAGNET, MARIANA IANELLI, MOZART & LARROCHA, CUNNINGHAM, DON ROSS, COCO CHANEL, SHARON SIEBEN, BOSSCHART, ANA STARLING, MAILLOL, VALQUIRIA LINS, LUIZ CUNHA, RODRIGO BRANCO, TEATRO & PADRE BIDIÃO


INEDITORIAL: TUDO TEM SEU LADO BOM & RUIM & VICE-VERSA! – Tudo não só tem um lado bom! Inevitavelmente tem outro ruim. Posto que tanto pode o malfazejo agora ser benéfico depois, como o péssimo do passado ser relativamente tido por excelente amanhã. Sim. Não? Talvez. Fica claro, então, que em tudo não há só um lado como querem os sectários, muito menos apenas dualista como defendem os maniqueístas. Além do mais, não só depende de quem olha, mas até de onde e como se dá o olhar. Admito que exista quem não enxergue lá um palmo além do nariz, ou nada além do que professe suas convicções, ou mesmo até o que possa caber a sua compreensão. Não obstante, tudo vai além de tridimensional e pode ter diversas expressões, múltiplos sentidos, infinitos olhares e interpretações, gnosiológica ou epistemologicamente falando. Cada qual, cada qual. Respeito todas as diferenças e me completo com o contradito: não sou, nunca fui e nem tenho o propósito de ser o dono da verdade – todos temos muito que aprender na vida! O que possa eu defender hoje, posso não achar mais graça nenhuma daqui a pouco, malgrado os conservadores que temem o novo; nem sou de apagar o passado com a primeira veleidade do presente, como teima vanguardista. A gente se equivoca até com o que é tido por inequívoco! Já me enganei muitas e tantas vezes, nunca perdi o aprendizado. Muitas vezes me vi sensato quando incoerente, ou congruente na parvulez: rio de mim mesmo, tenho cá meus pantins e, vez por outra, removo meus paradoxos dos ombros. Sei, tudo tem sua razão de ser: uma semente plantada que desabrochou e tomou corpo até desaparecer; um dia lá, do esquecido, volta e recomeça o ciclo e, assim, sucessivamente, de geração em geração. Assim é a vida. E vamos aprumar a conversa pras novidades do dia:  na edição de hoje destaque para a filosofia de Hermes Trismegistos, a linguagem de Ludwig Wittgenstein, o pensamento de Alan Watts, a música de Alicia Del Larrocha, a poesia de Mariana Ianelli, a coreografia de Merce Cunningham, o teatro de Maria Adelaide Amaral e Marília Pêra, o cinema de Don Ross & Christina Ricci, o Congresso Internacional de Pedagogia, a escultura de Aristide Maillol, a pintura de Vanessa Bell, Johfra Bosschart & Sharon Sieben; a fotografia de Luiz Cunha, a ilustração de Ana Starling, a Flor do Una de Juarez Carlos, a entrevista de Valquíria Lins, Brincar para Aprender com a Criança, Vygotsky & o Teatro, a arte de Rodrigo Branco & O evangelho segundo Padre Bidião. Veja mais aqui.

Veja mais sobre:
Ingresia dum chato de galocha, Graciliano Ramos, Dylan Thomas, Vanessa-Mae, Piero della Francesca, Maria Della Costa, Antonio Carlos Fontoura, Maria Zilda Bethlem, Zizi Smail & Humor e alegria na educação aqui.

E mais:
Propriedade industrial no Código Civil aqui.
A poesia de Suzana Mafra aqui.
Erich Fromm, Teste da Goma & outras loas aqui.
A graviola do Padre Bidião aqui.
A poesia de Manoel Benetvi aqui.

DESTAQUE: O TRÍPLICE FOGO HERMÉTICO
Imagem: Esoteric, do pintor holandês Johfra Bosschart (1919-1998).
Aquele que ignorar os graus e os pontos no sistema do fogo externo, que não se decida pela obra filosófica. Porque jamais irá tirar a luz das trevas, se não souber conduzir tão bem os calores, a fim de que não passem inicialmente pelos do meio, conforme se dá com os elementos, cujos extremos não se convertem senão quando passam pelos do meio.
Trecho extraído de A obra secretada da filosofia de Hermes Trismegistos (L. Oren, 1976), do polímata da renascença francesa Jean D’Espagnet(1564-1637). Veja mais aqui e aqui.

O EVANGELHO SEGUNDO PADRE BIDIÃO: E JESUS VOLTOU!! – Naquela manhã o Padre Bidião invadiu minha casa exultante e aos gritos: Sim, Jesus voltou! Ele voltou! Eu tive um sonho em que ele me dizia que havia voltado. E quando acordo, veja, recebi esse bilhete que botaram por baixo da minha porta: Voltei. Assinado: Jesus. PS: Enviei esse com cópia para o papa. Não é só coincidência, eu sei que é verdade, ele falou comigo no meu sonho! Você acredita? Acredite, é verdade. É verdade mesmo! E saiu para caçar o paradeiro do seu mestre. Ele fez tanto alarde nos quatro cantos do mundo, que todos, ao saberem da notícia, já festejavam com salvas e vivas a sua chegada. E cadê ele? Nada do padre dar sinal da presença dele. Oxe, foi aí que ele rodou o mundo todo como a praga na sua nave e nada de localizar o paradeiro do seu idolatrado. De norte a sul, de leste a oeste, nos quatro cantos do planeta não teve um só pedaço de chão que ele não procurasse o seu salvador. Já estava desanimando, quando começou a me contar tintim por tintim: já estava triste e desenganado da busca, abandonando já de vez a causa, justo quando chegaram notícias de que numa favela lá nos cafundós do fim do mundo, havia nascido uma criança iluminada. Era ele, tinha certeza. Era mais um sinal e zarpou com mais de mil pro tal lugar e, lá chegando, soube que não havia sido numa manjedoura, nem uma estrela havia brilhado mostrando o caminho. Não havia reis magos, nem incenso, nem mirra, nem ouro. Apenas, era um dia chuvoso numa rua bastante emporcalhada no meio da miséria, dentro de uma lata de lixo revirada por um guenzo faminto, uma criança com ar angelical, choramingou. Era ele, sabia, outro sinal. Sim, sim. Um desabrigado da rua que ia passando embaixo do maior toró, viu quando o cachorro sarnento começou a ronronar lambendo a pele da criança. Ainda embriagado, afastou o animal e sumiu com a criança nos braços. Pra onde? Ninguém sabe. Deduz-se apenas que o pai dessa criança, José, um pedreiro que fora assassinado ao ser confundido nunca guerra de bandos, com o traficante Zé Pedreiro que se encontra foragido e que, por represália, os inimigos haviam aprisionado a mulher dele, Maria lavadeira, grávida de nove meses e que, ao dar a luz, o bebê fora jogado no lixo, mantendo-a refém para forçar o reaparecimento do fugido. Onde está ela? Pra onde levaram a criança? Ninguém sabe, nem quer saber. Apenas sabiam agora que Jesus voltou. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui e aqui.

 Curtindo o álbum Mozart (London Records, 1983), da pianista Alicia De Larrocha com a Wiener Symphoniker, regência de Uri Segal.

LINGUAGEM & VIDA  – [...] Ser-nos-á frequentemente útil se dissermos quando filosofamos: denominar algo é semelhante a colocar uma etiqueta numa coisa. [...] Pode-se representar facilmente uma linguagem que consiste apenas de comandos e informações durante uma batalha. – Ou uma linguagem que consiste apenas de perguntas e de uma expressão de afirmação e de negação. E muitas outras. – E representar uma linguagem significa representar-se uma forma de vida. [...]. Trechos extraídos da obra Investigações filosóficas (Abril, 1979), do filósofo austríaco naturalizado britânico Ludwig Wittgenstein (1889-1951). Veja mais aqui.

 Imagem: Na ponta verde, arte do fotógrafo, professor e jornalista Luiz Cunha.

PENSAMENTO DO DIA: O HOMEM CRIADOR E SENSATO - [...] O homem para ser criador e sensato precisa de ter, ou pelo menos sentir, um relacionamento e união significativos com a vida, com a própria realidade. Não basta que se relacione com um grupo humano ou um ideal humano, pois sabe que homens e povos morrem e que, além deles, há uma realidade mais permanente – a realidade do Universo natural, e que, além desta, há ainda deuses ou Deus. [...]. Trecho extraído da obra A vida contemplativa: um estudo sobre a necessidade da religião mística, pelo guia espiritual da juventude moderna (Record, 1971), do filósofo e escritor inglês Alan Wilson Watts (1915-1973). Veja mais aqui, aqui e aqui.


Imagem: a arte da ilustradora, designer & artista multimídia Ana Starling.

TREVA ALVORADA - Absurda leveza que te faz afundar / E não é a morte. / Cumpres tua descida calado / (Uma palavra por descuido / Seria amputar a verdade). / Náufrago do tempo, / Tuas horas transbordam. / Dentro da lágrima, / Imensidão, já não choras. / Estrelas e estrelas, / Copulam a sede e o engenho / De que te alimentas / Como nunca te alimentou / O gosto da carne. / Tua face atônita / Se existisse uma face, / Tuas costas nuas, / Se a nudez fosse do corpo. / Um sorvedouro / Onde a paz dos contrários, / Treva alvorada. / ecundado, flutuas. / É a lei da graça. Poema extraído do livro Treva alvorada (Iluminuras, 2010), da poeta, ensaísta, cronista e crítica literária Mariana Ianelli.


Imagem: do espetáculo de dança RainForest, do bailarino e coreóografo estadunidense Merce Cunningham (1919-2009) - (Foto: Tony Dougherty).. Veja mais aqui.

MADEMOISELLE CHANEL - A peça teatral Mademoiselle Chanel, da dramaturga luso-brasileira Maria Adelaide Amaral, conta a história da notável estilista francesa Gabrielle Coco Chanel, que ensinou elegância simples à alta burguesia do mundo e ainda criou um mito em torno de si. A montagem que assisti em 2004, no Teatro Faap, em São Paulo, foi com a saudosa Marília Pêra, dirigida por Jorge Takla. Veja mais aqui e aqui.


THE OPPOSITE OF SEX – A comédia romântica The Opposite of Sex (1998), escrita e dirigida por Don Ross, conta a história das sórdidas aventuras de uma jovem determinada a ter um caso com o namorado de seu irmão gay, envolvendo uma campanha contra ela promovida pela melhor amiga dele. O filme satiriza as idéias erradas a respeito da vida homo e heterossexual, com um dialogo hilariante. O destaque fica por conta da atuação da atriz estadunidense Christina Ricci. Veja mais aqui.


AGENDA: CONGRESSO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA – Acontecerá entre os dias 30 de janeiro e 03 de fevereiro de 2017, em Havana – Cuba, o Congresso Internacional de Pedagogia, organizado pelo Ministério da Educação de Cuba, UNESCO, UNICEF, Organização dos Estados Ibero Americanos e Associação de Educadores da América Latina e Caribe, sobre os temas que envolvem a formação em valores e educação para a cidadania, o professor e seu desempenho profissional, formação inicial e contínua de educadores, educação científica através dos desafios atuais, educação ambiental, arte e saúde; atenção integral à infância, conduta no processo de ensino e aprendizagem; formação profissional de acordo com a demanda social, entre outros. Informações http://www.lionstours.com.br/pedagogia_cuba_332.html. Veja mais aqui e aqui.


ENTREVISTA: VALQUÍRIA LINS – A poeta paraibana Valquiria Lins é licenciada em Letras pela UFPB e autora dos livros Outono (1997), Húmus (1998) e Velas de Abril (2006). Ela foi destacada entre os Poetas da Paraíba no meu blog Varejo Sortido. Agora, nessa primeira parte conheça mais da poesia da autora. A autora agora faz sua incursa na ficção, lançando o livro Acais. Por conta disso, ela concedeu uma entrevista exclusiva pra gente, contando sobre a sua trajetória, o lançamento de seu mais recente livro e de duas perspectivas e projetos artísticos. Confira a entrevista aqui e mais aqui.


Imagens: a arte do escultor e pintor francês Aristide Maillol (1861-1944).

REGISTRO: A CRIANÇA, VYGOTSKY & O TEATRO
Em 2014, durante as atividades desenvolvidas na disciplina Psicologia do Desenvolvimento, ministrada pela professora Msc Fátima Pereira, apresentei o trabalho acadêmico Contribuição do teatro no desenvolvimento da linguagem infantil: uma abordagem acerca da teoria de Vygotsky, que, por consequência, foi apresentado no IV Congresso Brasileiro de Psicologia – Ciência e Profissão, na Uninove, em São Paulo, oriundo dos trabalhos efetuados com crianças dos mais diversos educandários alagoanos da Educação Infantil e 1º Ciclo do Ensino Fundamental, que corroboraram os resultados da pesquisa no artigo que escrevi A criança, Vygotsky e o Teatro. Foi desses trabalhos que comecei a realizar palestras sobre a temática Brincar para Aprender. Veja mais aqui, aqui e aqui.  

CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Reclining nude, by Sharon Sieben.
Veja aqui e aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: arte de Rodrigo Branco.
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
Veja  aqui e aqui.


JUDITH BUTLER, EDA AHI, EVA GARCÍA SÁENZ, DAMA DO TEATRO & EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA

  Imagem: Acervo ArtLAM . A música contemporânea possui uma ligação intrínseca com a música do passado; muitas vezes, um passado muito dis...