quarta-feira, outubro 30, 2013

MAUREEN MURDOCK. MACHI TAWARA, KRISTIN HANNAH, GALILEU, MOLLY CRABAPPLE, MANKOFF, PASCAL & MAINE

A arte do cartunista, editor e autor estadunidense, Bob Mankoff.

 

MARINA GAMBA & A SOLIDÃO DE GALILEU – Ah, Marina, sou apenas o primogênito seguindo os passos de um lutenista de Pisa, um simples linceo achegado ao alaúde, que jamais poderia ser médico enquanto um candelabro oscilava empurrado por correntes de ar. Aí batia o meu coração com o princípio da relatividade, a propriedade dos pêndulos, os balanços hidrostáticos, seguindo pela Matemática e Filosofia Natural. Ah, Matina, de tanto ficar no brinquedo holandês lá estava eu na ciência aplicada envolvido com a astronomia, as fases de Vênus, os quatro maiores satélites de Júpiter, os anéis de Saturno, as manchas solares, a física, a engenharia, os fenômenos da rapidez e da velocidade, a inércia e o movimento dos projéteis, a gravidade e a queda livre, o telescópio, as bússulas e a astrologia. Ah, Marina, fiz do quintal um observatório das leis da natureza sempre me seduziram: sou apenas Sidereus Nuncius – um mensageiro estrelado admirado com o heliocentrismo, tese de Aristarco e do copercanismo, as ideias de Demócrito, o sistema ticônico, a paralaxe estelar, as crateras lunares, as marés, pela supernova de Kepler e as quatro estrelas mediceanas, a cosmologia aristotélica, o geocentrismo ptolomaico e todas as coisas que estão sobre as águas. Ah, Marina, me ocupei tanto com as Cartas sobre Manchas Solares e mais ainda com Il Saggiatore, procurando o correto conhecimento da natureza e do universo aberto, indefinido e até infinito, enquanto tinha ciência do inferno de Dante, das amantes de Zeus, diante do Salgredo e da peste bubônica. Ah, Marina, com Duas novas ciências na prisão, tratando sobre a cinemática e a força dos materiais, sabia que as águias voavam sozinhas, nunca em bando e que o raciocínio não é jogar pedras. A vida passou e a Inquisição achou tudo muito tolo e absurdo, senão herético por contradizer as Sagradas Escrituras! Quantos oponentes, todos religiosos e seguidores da Grã Duquesa, intolerantes dissidentes que condenaram Giordano Bruno, e passaram a me tratar como uma ameaça charlatã para o materlo dos hereges. Deus que me ajude, esperei o papa e ele não veio, os nossos filhos padecem das minhas inglórias e lá estava eu e sempre nas barbas da Inquisição, condenado à masmorra e a salvação pelo silêncio. Não fiz de rogado, Marina, e o Diálogo sobre os dois principais sistemas mundiais foi tratado como veeemente suspeito de heresia, do qual fui forçado a me retratar e passar o resto da minha vida em prisão domiciliar. De uma coisa eu sei: Deus é geométrico no labirinto escuro. (Veja mais abaixo).

 


DITOS & DESDITOS - A guerra parece ser tão antiga quanto a humanidade, mas a paz é uma invenção moderna... Pensamento do jurista e historiador britânico Henry Maine (1822-1888).

 


ALGUÉM FALOU - A beleza de uma mulher deveria ser seu grande projeto e sua constante insegurança. Devemos aplicar cinco glosses diferentes em nossos lábios, mas sempre pensamos que somos gordos. A beleza é o paradoxo de Zenão. Deveríamos nos esforçar incessantemente por isso, mas não é socialmente aceitável admitir que estamos lá. Não podemos perceber isso em nós mesmos. Pertence ao cara gritando 'belos peitos'... Frase da artista e escritora estadunidense Molly Crabapple, editora colaboradora da VICE e de publicar livros, incluindo um livro de memórias ilustrado, Drawing Blood, Discordia sobre a crise econômica grega e os livros de arte Devil in the Details e Week in Hell.

 

ALGUÉM MAIS FALOU: Que grande quimera, pois, é o homem! Que novidade, que monstro, que caos, que contradição, que prodígio! Juiz de todas as coisas, minhoca imbecil; depositário da verdade, cloaca da incerteza e erro; glória e refúgio do universo. Pensamento do filósofo, físico e teólogo francês Blaise Pascal (1623-1662). Veja mais aqui e aqui.

 

JORNADA DA HEROINA - [...] Os corpos das mulheres são de domínio público, como é claramente evidenciado actualmente pelo furor em torno do aborto. Todo mundo tem uma opinião sobre o que uma mulher deve ou não fazer com seu corpo. [...] Ser não é passivo; é preciso consciência focada. [...] As mulheres têm de aprender onde está a sua verdadeira fonte de validação. […] Há um perigo no repúdio do feminino quando a filha que rejeita os aspectos do feminino negativo incorporados pela sua mãe também nega aspectos positivos da sua própria natureza feminina, que são lúdicas, sensuais, apaixonadas, nutridoras, intuitivas e criativas. Muitas mulheres que tiveram mães irritadas ou emotivas procuram controlar a sua própria raiva e sentimentos para que não sejam vistos como destrutivos e castradores. Esta repressão da raiva muitas vezes impede-as de ver as desigualdades num sistema definido pelos homens. As mulheres que consideram suas mães supersticiosas, religiosas ou antiquadas descartam os aspectos obscuros, misteriosos e mágicos do feminino em favor de lógica e análise frias. Cria-se um abismo entre a heroína e as qualidades maternais dentro dela; esse abismo terá que ser curado mais tarde na jornada para que ela alcance a totalidade [...] Durante esta parte da viagem, a mulher inicia a descida. Pode envolver um período aparentemente interminável de divagação, tristeza e raiva; de destronar reis; de procurar os pedaços perdidos de si mesma e encontrar o feminino sombrio. Pode levar semanas, meses ou anos e, para muitos, pode envolver um período de isolamento voluntário – um período de escuridão e silêncio e de aprender a arte de ouvir profundamente mais uma vez a si mesmo: de ser em vez de fazer. O mundo exterior pode ver isso como uma depressão e um período de estagnação. Família, amigos e colegas de trabalho imploram à nossa heroína para “seguir em frente. [...] Para proteger a descendência patrilinear, os homens tentaram durante séculos controlar a sexualidade das mulheres. Embora o homem precise da mulher, ele tenta manter o seu poder sob controlo, legislando contra o uso livre do sexo pelas mulheres, caso ela comprometa a frágil mas tenaz estrutura social da nossa sociedade patriarcal. [...]. Trechos extraídos da obra The Heroine's Journey: Woman's Quest for Wholeness (Shambhala, 1990), da escritora estadunidense e professora Ph.D, Maureen Murdock. Veja mais aqui.

 

O ENSAIADOR – [...] Permanecer calado não me ofereceu vantagem alguma, pois meus inimigos são desejosos de me atrapalhar, chegaram a atribuir-me as obras dos outros escritores; e tendo-me atacado à base de textos, chegaram a fazer coisas que, a meu parecer, pertencem claramente a ânimos fanáticos e sem raciocínio. [...] Por isso, obrigado por este inusitado e insólito comportamento, quebro minha resolução de nunca mais publicar obras minhas; porém espero que não permaneça ignorada a falta de consideração a mim feita e espero tirar a vontade de alguém de cutucar o cão que dorme (como diz o ditado) e querer briga com quem permanece calado. [...] Eu exponho tudo isto com tanta boa vontade que qualquer um pode entender, pois esta conclusão não depende daquelas intrigas de linhas e ângulos, das quais nem todo mundo sabe se sair com igual facilidade; com efeito, aqui, aquele que possui olhos possui raciocínio mais que suficiente [...]. Trechos extraídos da obra O ensaiador (Abril Cultural,1981), do astrônomo, físico e engenho florentino, Galileu Galilei (Galileo di Vincenzo Bonaulti de Galilei - 1564-1642). Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

ILHA DE VERÃO - [...] Como mães e filhas, estamos conectadas umas com as outras. Minha mãe é o osso da minha coluna, mantendo-me reto e verdadeiro. Ela é meu sangue, garantindo que ele seja rico e forte. Ela é a batida do meu coração. Agora não consigo imaginar uma vida sem ela. [...] Uma filha sem mãe é uma mulher quebrada. É uma perda que se transforma em artrite e se instala profundamente em seus ossos. [...]. Trechos extraídos da obra Summer Island (Ballantine Books, 2002), da escritora estadunidense Kristin Hannah. Veja mais aqui.

 

KAZE NI NARU ( Seja vento) – I - A carta é cheio de amor. O amor da data isso coloca o carimbo do correio. Tegami ni wa ai afuretari sono ai wa keshi'in não, oi não sono toki no ai. II - Está terminando de escrever e cole o carimbo à carta, e agora eu consigo esperar pela sua resposta. Kakioete gatinho ou hareba tachimachi-ni henji ou fosco toki nagaredasu. III - Cor pintada indicando o início de esperar, também cresce hoje a caixa postal. Matsu Koto não hajimari shimesu iro ou merda kyō mo chokuritsu fudo no posuto. Poema da escritora e tradutora japonesa Machi Tawara, que em entrevista à Japan Times revela: "Eu tento pegar a essência de uma certa emoção ou de um momento e me firmo a essa essência. "Eu te amo/ Sinto sua falta/ Eu te quero" — essas são coisas que todos gostaríamos de dizer, as únicas coisas que gostaríamos de dizer, tendo a chance. Porém, as circunstâncias e o decoro normalmente tornarão isso difícil, então nós as "dizemos/cantamos" em tanka. Isso é o que mulheres e homens deste país têm feito por um longo, longo tempo — o que, para mim, é algo maravilhoso. Simplesmente não há espaço nas linhas de um tanka para porquês e quês e comos. Essa é a beleza dele: sem explicações, desculpas, recriminações."

 


FUNÇÕES DO SUPEREGO E MECANISMOS DE DEFESA*


FUNÇÕES DO SUPEREGO E MECANISMOS DE DEFESA - O presente trabalho de pesquisa aborda a questão das funções do superego e dos mecanismos de defesa, em atendimento às exigências da disciplina História da Psicologia.
Justifica-se pela importante contribuição freudiana aos estudos psicológicos, a partir da identificação do id, do ego e do superego para a formação da personalidade e de como os mesmos processam mecanismos que são benéficos e, ao mesmo tempo, maléficos para o indivíduo.
Objetiva, portanto, investigar as funções do superego e no processo de identificação dos mecanismos de defesa, seus procedimentos e entendimentos dos estudiosos em Psicanálise.
A metodologia aplicada no presente estudo se caracteriza como uma pesquisa descritiva e bibliográfica, baseada em livros, revistas especializadas e sites da internet.
Por essa razão, na primeira parte do trabalho será abordada a temática das funções do superego, analisando as conceituações dadas por Freud e o desenvolvimento da fundamentação teórica para o assunto dada por outros autores.
Em seguida, na segunda parte do trabalho, tratar-se-á a questão atinente à identificação dos mecanismos de defesa, seu processamento e o entendimento dos estudiosos na contemporaneidade a respeito do assunto.

FUNÇÕES DO SUPEREGO - Efetuando uma revisão da literatura a respeito do tema do superego, encontrou-se que, segundo Freud (1980, p. 111), é “[...] o máximo assimilado psicologicamente pelo individuo do que é considerado o lado superior da vida humana”. Assim, é o herdeiro do Complexo de Édipo e, para esse autor, trata-se de uma das instâncias da personalidade que possui o papel de consciência moral, julgador e de censor do ego delegadas das instâncias sociais, possuindo a função de auto-observador da formação de ideais.
É oriunda do termo freudiano Über-Ich, como uma instância separada e, ao mesmo, dominadora do ego e que, conforme Freud (1980), é o instrumento utilizado como medida para observação do próprio ego.
Por essa condução, entende-se tratar-se de um dos três construtos freudianos, juntamente com o id e ego, que possibilitam o entendimento acerca da dinâmica do desenvolvimento afetivo e sexual.
A constituição do superego, conforme recolhido de Freitas (2013), tem seu processo inicial a partir das resoluções conflituosas oriundas das questões edípicas que ocorrem na fase fálica, na faixa etária entre os cinco ou seis anos de idade.
Assim, a sua constituição é definida pela interiorização das interdições e exigências parentais.
Nesse processo de constituição, expressa Cardoso (2013) que serão adquiridos pelo superego certos aparatos que adquiridos com a ocorrência do complexo de Édipo, bem como de outros subsídios que são capturados das atitudes dos pais, das pessoas, das falas e das imagens incorporadas no universo infantil.
Resta entendido que o superego é constituído no período de latência quando surgem as atitudes e comportamentos de moralidade, vergonha ou repulsa.
Tendo-se por base os estudos de Freitas (2013), Madrid (2012) e Cardoso (2013) é possível entender que o superego é um elemento estrutural do aparelho psíquico.
Nesse sentido, Freud (1980) identifica que a manifestação do superego ocorre pela herança proveniente do conflito edípico, por ocorrência do fato de renuncia por parte da criança aos progenitores, sendo objeto de amor àquele do sexo oposto, e objeto de ódio o do mesmo sexo.
A representação do superego, conforme Freud (1980) se dá pela apresentação da autoridade parental no processo de evolução infantil, pela ocorrência dos afetos e manifestações de amor e carinho, bem como das repreensões e punições que provocam sentimentos de angústia. Essas proibições, interdições e punições são internalizadas com a renuncia da satisfação edipiana, ocorrendo uma substituição da instância parental pelo processo de identificação.
Tal fato, conforme Freitas (2013), deixa evidenciado que a formação do superego se dá a partir do modelo entendido do superego dos pais. E nesse contexto, o seu aparecimento se dá a partir da substituição interna dos progenitores tanto como proteção e amor, como punição ou ameaça, para introduzir uma noção de errado ou certo. Assim, o superego atua como a autoridade moral tanto sobre o pensamento como sobre as ações do indivíduo.
Entende Madrid (2012) que a identificação desses conflitos edípicos são construídos pela idealização dos pais como modelos referenciais que se tornam fonte de imitação pela criança que, ao mesmo tempo, possibilita a busca noutras pessoas por meio de reforços que visam a manutenção desses ideais.
Para Gazzaniga e Heatherton (2005, p. 473) o superego é a “[...] internalização dos padrões de conduta sociais e parentais desenvolvendo-se durante a fase fálica”, acrescentando que “[...] é a estrutura rígida da moralidade ou consciência humana”.
Já no dizer de Schultz e Schultz (2012, p. 376), o superego é o “[...] aspecto moral da personalidade, produto da internalização dos valores e padrões recebidos dos pais e da sociedade”.
Assim sendo, para esses autores, o superego representa a moralidade e está sempre em conflito com o id ao inibi-lo de sua completa satisfação.
Por outro lado, com base em Freud (1980), esse construto é construído a partir da insatisfação do id ao se transformar em ego para mediar a realidade.
Nessa condução, evidencia Davidoff (2001, p. 507) que o superego:
[...] funciona independente, lutando pela perfeição e admirando o idealismo, o auto-sacrifício e o heroísmo. O superego influencia o ego para atender os objetivos morais e forçar o id a inibir seus impulsos animais. Quando o ego comporta-se moralmente, o superego é satisfeito. Quando as ações ou os pensamentos do ego vão contra os princípios morais, o superego gera sentimentos de culpa.
Tem-se, portanto, a dimensão que o superego possui com relação ao id e ao ego, tanto nos processos de repressão como nos de reprovação.
O funcionamento do superego, no dizer de Freitas (2013), se expressa por meio de um procedimento de articulação com o que se convenciona cultural e socialmente por meio de introjeções que se formam a partir dos interditos provocados pelas limitações, proibições e autoridades oriundas da fonte paternal e da sociedade.
É o que dimensiona Andriatte e Gomes (2000, p. 36), ao mencionar que:
O superego será concebido como uma instância responsável, ao mesmo tempo, por diversas funções e é em seu seio que Freud vai tentar integrar as várias dimensões que balizara anteriormente. Vai terminar por atribuir ao superego três funções: a auto-observação, a consciência moral e a “base de apoio” dos ideais. Na apresentação formal do superego, este será concebido como uma instância de observação, como uma parte separada do ego, que exerce vigilância sobre a outra.
Assim sendo, o superego é regido pela moral e agindo como agente repressor que se vale de repreender a não resolução dos impulsos sexuais ocorridos na fase fálica e pela sublimação da não satisfação dos impulsos pré-genitais, definindo-se a fase de latência como aquela que emerge na faixa entre 5 a 10 de idade. Como resultado disso, dá-se a passagem do complexo de Édipo que o sentimento de culpa é internalizado.
Há que se entender, conforme Andriatte e Gomes (2000) que o desenvolvimento do superego é bastante distinto entre os gêneros, uma vez que é rigoroso e feroz por causa da ameaça de castração vivida na fase edípica masculina, enquanto que nas meninas essa castração ocorre muito antes dessa fase, tornando-as muito menos implacáveis e opressivas.

MECANISMO DE DEFESA - Encontrou-se em Gazzaniga e Heatherton (2005, p. 473)que “[...]  os mecanismos de defesa são estratégias mentais inconscientes que a mente utiliza para se proteger da angústia.
Já para Fiori (2003) são processos psíquicos cuja finalidade é afastar um evento gerador de angústia da percepção consciente. Assim, tratam-se de processos inconscientes que são utilizados pelo ego com o objetivo de proceder o completo afastamento de mal-estar ou angústia pelo ego.
No dizer de Schultz e Schultz (2012, p. 377), os mecanismos de defesa são “[...] comportamentos que representam negações inconscientes ou distorções da realidade, mas que são adotados para proteger o ego contra a ansiedade”. Esses mecanismos de proteção são desenvolvidos pelo ego, consistindo nas negações inconscientes ou distorcidas da realidade.
Na expressão de Freud (1980), as defesas são constituídas pelo propósito de completo afastamento dos perigos, sendo de suma importância para o ego e que são bem-sucedidas em parte na sua tarefa.
Nesse sentido, os mecanismos de defesa freudianos, segundo Schultz e Schultz (2012) são negação, deslocamento, projeção, racionalização, formação de reação, regressão, repressão e sublimação.
A negação, segundo Schultz e Schultz (2012), compreende a existência de uma ameaça externa ou de um acontecimento traumático. Para Gazzaniga e Heatherton (2005) recusa do reconhecimento e fonte de ansiedade.
O deslocamento, segundo Schultz e Schultz (2012), compreende a transferência dos impulsos do id de uma ameaça ou de um objeto não-disponível para um objeto disponível. Gazzaniga e Heatherton (2005) assinalam tratar-se mudar a atenção da emoção de um objeto para outro.
A projeção, para Schultz e Schultz (2012), é a atribuição de um impulso perturbador a outra pessoa. Entretanto, no dizer de Freud (1980), incluem-se na projeção a representação incômoda de uma pulsão interna que é suprimida, tendo, em seguida, seu conteúdo deformado e, posteriormente, ocorre o retorno para o consciente sob a forma de uma representação ligada ao objeto externo. Assim sendo, esse mecanismo ocorre em todos os momentos da vida, sendo essencial no estágio precoce de desenvolvimento por sua contribuição ao distinguir a si mesmo, fortificando-o e estabelecendo esquema corporal.
A racionalização, conforme Schultz e Schultz (2012), é a reinterpretação do comportamento para torná-lo mais aceitável e menos ameaçador. Gazzaniga e Heatherton (2005) identificam ser a invenção de uma razão ou desculpa aparentemente lógica para um comportamento que de outra forma seria vergonhoso.
A formação de reação, para Schultz e Schultz (2012), é a expressão de um impulso do id, que é o oposto do que impulsiona a pessoa. Para Gazzaniga e Heatherton (2005), afasta um pensamento desagradável ao superenfatizar seu oposto.
A regressão, no dizer de Schultz e Schultz (2012), é o retorno a um período anterior, menos frustrante da vida, acompanhado da exibição de um comportamento dependente e infantil característico desse período mais seguro.
A repressão, conforme Schultz e Schultz (2012), é a negação da existência de um fator provocador da ansiedade, ou seja, a eliminação involuntária de algumas lembranças ou percepções da consciência que provoquem desconforto. Assim, a resistência e a repressão são dois mecanismos básicos da mente humana frente aos conflitos. A resistência é o que impede ou dificulta a recordação de um trauma, o qual se tornou inconsciente devido à repressão. Para Gazzaniga e Heatherton (2005), exclui da consciência a fonte da ansiedade.
A sublimação, segundo Schultz e Schultz (2012), é a alteração ou o deslocamento dos impulsos do id desviando a energia instintiva para os comportamentos socialmente aceitáveis. Ocorre, portanto, o abandono do alvo da sublimação para construção de um novo alvo, valorizado tanto pelo ideal de si mesmo como pelo superego.
Nesse sentido, Gazzaniga e Heatherton (2005) assinalam tratar-se de canalizar impulsos socialmente inaceitáveis para comportamentos construtivos, até admiráveis.
Tem-se, pois, com base em Fiori (2003) que esses mecanismos são tidos como operações de proteção por parte do ego para sua segurança e que são encarregados na defesa das instâncias da personalidade com relação a um conflito que possa ocorrer.
Distinguindo os mecanismos de defesa das resistências, Fiori (2003) deixa evidenciado que as resistências incorporam noções concernentes às defesas empregadas na transferência na defesa do indivíduo.
Com a abordagem acerca das funções do superego e dos mecanismos de defesa, passa-se, então, para as considerações finais do presente trabalho.

CONCLUSÃO - O presente trabalho inicialmente abordou as funções do superego.
Nesse sentido, observou-se que as ideias freudianas acerca do superego não restaram pacificadas entre outros psicanalistas posteriores que, inclusive, combateram e até aprofundaram seus pensamentos.
Com essa pesquisa identificou-se que a dimensão do superego é sumamente importante para o desenvolvimento das funções educativas da criança, por ser identificado como o veículo transmissor e consolidador da cultura.
Por conclusão, observou-se que o superego se desenvolve na criança a partir do modelo de superego dos seus pais, perpetuando-se nas transmissões das tradições e valores.
Em seguida tratou acerca dos mecanismos de defesa tendo-se o entendimento de que se tratam de recursos defensivos com relação ao perigo. Entretanto, também ficou evidenciado que esses mecanismos também podem ser transformados em perigos ao se constatar o ônus que pesa sobre a economia psíquica com as restrições do ego e o dispêndio dinâmico da manutenção deles.
Observou-se com este estudo que Freud elaborou um conceito para esses mecanismos sem que tivesse realizado investigações necessárias, exceto com relação à repressão, tendo-se, posteriormente, por intermédio da Melanie Klein e da Ana Freud, maior aprofundamento acerca do desvendamento desses mecanismos.
Nesse sentido, ficou o entendimento de que esses mecanismos compõem os procedimentos do ego no desempenho de suas tarefas, notadamente evitando o desprazer, a ansiedade e o perigo, incidindo diretamente sobre as representações ideativas das pulsões.
Por conclusão, entende-se que tais mecanismos são formas de adaptação como, também, representam patologia e conflito por suas utilizações ineficazes pela ocorrência interna e externamente da não adaptação à realidade.

REFERÊNCIAS
ANDRIATTE, Aparecida; GOMES, Leda. Viver e morrer: um embate entre o ego e o superego. Psicologia: Teoria e Prática, 2000, 2 (1): 32-51.
CARDOSO, Marta. O superego: em busca de uma nova abordagem. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental. Disponível em http://www.psicopatologiafundamental.org/uploads/files/revistas/volume03/n2/o_superego_em_busca_de_uma_nova_abordagem.pdf. Acesso em 16 out 2013.
DAVIDOFF, Linda. Introdução á Psicologia. São Paulo: Pearson Makorn Books, 2001.
FIORI, Wagner da Rocha. Teorias do Desenvolvimento: Conceitos fundamentais: modelo
psicanalítico. São Paulo: Cortez, 2003.
FREITAS, Hellen Cristina Queiroz. Formação do superego e suas funções. Webartigos. Disponível em http://www.webartigos.com/artigos/a-formacao-do-superego-e-suas-funcoes/42819/#ixzz2hsCZqkgI. Acesso 16 out 2013.
FREUD, Sigmund. Obras psicológicas completas. Rio de Janeiro: Imago, 1980.
GAZZANIGA, Michael; HEATHERTON, Todd. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.
MADRID, Nuria. Superego: apetite de vingança, princípios do direito e sentimento do sublime. Ethic@, Florianópolis, v. 11, n. 3, p. 203 - 225. Dez. 2012.
SCHULTZ, Duane; SCHULTZ, Sidney. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

* Trabalho desenvolvido para a disciplina História da Psicologia, ministrada pela Profª Fátima Pereira, na Faculdade de Psicologia do Centro Universitário CESMAC.  Veja mais psicologia aquiaqui e aqui.  E mais  Temas de Psicologia.  

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