domingo, junho 14, 2015

PORTINARI, DRUMMOND, GISMONTI, JIMÉNEZ, PELLEGRINI, JAMILTON & MARIA DE MEDEIROS.

Imagem: painéis Guerra e Paz (1952-56), do pintor brasileiro Cândido Portinari (1903-1962) Veja mais aqui.

Curtindo o álbum Circense (EMI, 1979), do compositor, multinstrumentista e arranjador Egberto Gismonti.

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO NOS FESTEJOS JUNINOS– Neste domingo, a partir das 10hs, realizamos mais uma edição do programa Brincarte do Nitolino, no blog MCLAM do programa Domingo Romântico. Na programação dos festejos juninos com muita canjica, pamonha, milho assado na fogueira, angu, rolete de cana, rastapé no anarriê, os homens cumprimentando as mulheres, passeio na roça, atravessando a ponte, dancê, olha a chuva! -, é festa junina comandada pela Ísis Corrêa Naves muitas atrações: Gilberto Gil, Inezita Barroso, Sônia Nogueira, Santo Antônio, Wilson Monteiro, Sandra Fayad, Turma da Mônica, Meimei Corrêa, Banda Nova Estação Recife, Festa Junina, Nita & Capelinha de melão & Cai cai balão & Chegou a hora da fogueira & muita música, muita poesia, histórias e brincadeiras pra garotada. Para conferir ao vivo e online clique aqui ou aqui.

PLATERO E EU – O livro Platero e eu (1917 – Martins Fontes, 2010), do poeta espanhol e Prêmio Nobel de Literatura de 1956, Juan Ramón Jiménez (1881-1958), conta a história da caminhada e as vivências poéticas do autor com o seu burrinho, Platera, na cidade de Moguer, Andaluzia, Espanha, narrando a vida de um adulto que não perdeu a infância, valorizando os valores humanos e exaltando a vida acima das misérias, sofrimento e ruínas. Da obra destaco o trecho: Platero é pequeno, peludo, suave, tão macio, que dir-se-ia todo de algodão, que não tem ossos. Só os seus olhos são duros como dois escaravelhos de cristal negro. Deixo-o solto, e vai para o prado, e acaricia levemente com o focinho, mal  roçando, as florinhas róseas, azuis - celestes e amarelas... Chamo-o docemente: “Platero”, e ele vem 5 até mim com um trote curto e alegre que parece rir . Come o que lhe dou. Gosta das tangerinas, das uvas moscatéis, dos figos roxos, com a sua cristalina gotita de mel... É terno e mimoso como um menino, como uma menina...; mas forte e seco como de pedra. Quando passo nele, aos domingos, pelas últimas ruelas da aldeia, os camponeses, vestidos de lavado e vagarosos, param a olhá-lo: - Tem aço... Tem aço. Aço e prata de luar, ao mesmo tempo. [...] Platero brinca com Diana, a linda cadela branca que parece o quarto crescente; com a velha cabra cinzenta, com as crianças... Diana salta, ágil e elegante, diante do burro, tocando ao de leve a campainha, e faz que lhe morde o focinho. E Platero, pondo as orelhas em ponta, como dois cornos, marra-lhe brandamente, e fá-la rolar na erva em flor. A cabra vai ao lado de Platero, roçando-se nas suas patas, puxando, com os dentes, a ponta das espadanas da carga. Com uma cravina ou uma margarida na boca, põe-se na frente dele, toca-lhe na testa, brinca, e bale alegremente [...] Entre crianças, Platero é um brinquedo! Com que paciência sofre as suas loucuras! Como caminha devagar, parando, fingindo-se pateta, para que elas não caiam! Como as assusta, iniciando, de súbito, um trote falso! Claras tardes do Outono [...] Quando o vento puro de Outubro afia os seus límpidos rumores, ouve-se do vale um alvoroço de balidos, de relinchos, de risos infantis, de batidos e de campainhas [...] Veja mais aqui.

IRMÃO, IRMÃOS – No livro Menino antigo (Sabiá/José Olympio, 1973), do poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), o autor mergulha no passado infantil e mesmo em época anterior ao seu nascimento, inscrito na memória atávica e no seu conflito com a vida, sem nostalgia nem complacência consigo mesmo e sem recorrer a arquivos: o passado presentifica-se, as coisas voltam a acontecer, pungentes ou cômicas. Da obra destaco o poema Irmão, irmãos: Cada irmão é diferente. / Sozinho acoplado a outros sozinhos. / A linguagem sobe escadas, do mais moço, / ao mais velho e seu castelo de importância. / A linguagem desce escadas, do mais velho / ao mísero caçula. / São seis ou são seiscentas / distâncias que se cruzam, se dilatam / no gesto, no calar, no pensamento? / Que léguas de um a outro irmão. / Entretanto, o campo aberto, / os mesmos copos, / o mesmo vinhático das camas iguais. / A casa é a mesma. Igual, / vista por olhos diferentes? / São estranhos próximos, atentos / à área de domínio, indevassáveis. / Guardar o seu segredo, sua alma, / seus objetos de toalete. Ninguém ouse / indevida cópia de outra vida. / Ser irmão é ser o quê? Uma presença / a decifrar mais tarde, com saudade? / Com saudade de quê? De uma pueril / vontade de ser irmão futuro, antigo e sempre? Veja mais aqui e aqui.

FAMÍLIA COMPOSTA – A peça teatral Família composta (MEC, 2006), do escritor e jornalista Domingos Pellegrini, faz uma reflexão bem humorada sobre a importância da adaptação às rápidas e profundas mudanças da sociedade, prepando-se para a renovação sem preconceitos e resistência, no sentido de alcançar uma convivência melhor. Da obra destaco o trecho a seguir: HOMEM DA TEVÊ: Pesquisa da Unicef revela que, além da alimentação incorreta e do estresse, uma das principais causas de enfarte são as chamadas emoções reprimidas, como o remorso, o ódio, a inveja, a amargura ou rancor, que podem também levar à depressão! A pesquisa... PAI (DESLIGA A TEVÊ): Pois saiba que eu não tenho rancor nenhum, depressão muito menos, levo uma vida ótima e... Ai! (CURVASE COM A MÃO NO PEITO) Ai! MÃE: Que foi?! PAI: Nada, uma pontada, só uma pontada, ai! (DEITA NO SOFÁ) MÃE (GRITANDO): Dalvo, Dalvo! PAI: E, além de poeta, se chama Dalvo! Eu mereço, devo ter feito muito mal a algum poeta em alguma outra vida... Ai! MÃE: Fica quieto, não fale! Daaaalvooooo! PAI: Lembra quando a gente casou e fazia amor neste sofá, lembra? MÃE: Lembro, antes de você ficar vendo tevê e tomando cerveja até dormir aqui mesmo! PAI: Me perdoa! Ai, parece que estão me enfiando uma faca! MÃE: Faca vão te enfiar é na mesa de operação se for o que estou pensando. Fica quieto! [...] MÃE: Calma, meu bem, não se exalte, lembre que o seu coração... PAI: O que você disse? MÃE: Que o seu coração... PAI: Não, antes. Me chamou de meu bem? MÃE: É, afinal fomos casados quantos anos? PAI: Fomos não, somos! Eu não pedi divórcio, nem você! Talvez a gente já pressentisse que, com o tempo... (DÃO-SE AS MÃOS) MÃE: Pois é, o tempo... Será que ainda temos tempo? PAI: Meu bem, como dizem os Stones... MÃE: Quem? PAI: Os Rolling Stones, meu bem, dizem que o tempo está do nosso lado e é nosso amigo quando a gente sabe viver a vida! MÃE: Mas quem são esses Rolestones aí? PAI: Um conjunto de rock, querida, vou te mostrar. Eu não andei morto enquanto você Os Rolling Stones é um grupo de rock em atividade desde 1962. A música Time is on my side é uma das mais antigas gravações da banda. Esteve fora, ouvi coisas novas, li novas coisas, pensei em me renovar! Vamos namorar? MÃE: O que?! PAI: Namorar. Como outrora se namorava pra ver se você gosta de mim e eu também de você! Talvez começar agora uma nova vida enfim! MÃE: Eu... eu nem sei o que dizer! PAI: Querida, não diga nada é até melhor que assim seja porque a boca que beija já está demais ocupada... BEIJAM-SE ENQUANTO ESCURECE EM RESISTÊNCIA E OUVE-SE A VOZ DE RATINHO: RATINHO: Fala, Sombra! SOMBRA: Pois não, Ratinho! Sogro de poeta monta site na internet chamado Velho Namoro, pregando a volta ao velho costume de namorar firme, em vez de ficar fácil! E recomenda o namoro especialmente para as pessoas da terceira idade! E para os jovens recomenda namorar mais e ficar menos! RATINHO: E nós ficamos com nossos comerciais, Sombra! ACENDEM-SE AS LUZES E A TEVÊ. HOMEM DA TEVÊ: Isto foi uma peça de teatro. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é para nos fazer pensar que também podemos mudar a nossa vida. Tudo está em mudança rápida. Há apenas um século, mulheres não podiam votar. Meio século atrás, a maioria da população morava no campo, hoje 90% moram na cidade. Eram raras as mulheres que trabalhavam fora de casa, ao contrário de hoje. A educação superior era para poucos. Os serviços de saúde eram muito pouco usados, até porque existiam poucos serviços públicos de saúde. A população ainda não sabia que paga impostos embutidos no preço de tudo que compra. De lá para cá, tudo mudou muito, a família também. As famílias compostas hoje são maioria na população brasileira. Quem não muda, fica per dido. Eu mesmo não sei mais o que dizer diante disso. Podem se retirar, por favor. Isto foi uma peça de teatro. Não sei mais o que dizer. Vão viver. Podem se retirar, por favor. Isto foi uma peça de teatro e isto é uma gravação. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é apenas para nos fazer pensar que também podemos mudar a nossa vida. Tudo está em mudança rápida. Há apenas um século... (CONTINUA REPETINDO A MENSAGEM ATÉ O PÚBLICO SE RETIRAR). FIM. Veja mais aqui e aqui.

O CONTADOR DE HISTÓRIAS – O premiado drama biográfico O contador de histórias (2009), do diretor Luiz Villaça, conta história de um contador de histórias que quando criança favelada na década de 1970 é levada para a Febem pela própria mãe que acreditava nas promessas governamentais de dias melhores para ele. Na instituição o menino passa por situações constrangedoras e maus tratos, até ser tido na condição de irrecuperável, o que o faz fugir e, acidentalmente, encontrar a pedagoga francesa Margherit Duvas que o acolhe, alfabetiza e, tempos depois, o leva para a França, não antes passar por maus bocados na vida. Trata-se da história de Roberto Carlos Ramos, um menino favelado que passa por todas as deprimentes situações das instituições brasileiras e que hoje realiza o seu trabalho. Um filme comovente e digno de ser visto por todos. O destaque do filme fica por conta da lindíssima atriz e cineasta Maria de Medeiros. Veja mais aqui, aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA
 
A arte do artista gráfico e editor do A Notícia, Jamilton Barbosa Correia.


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JUDITH BUTLER, EDA AHI, EVA GARCÍA SÁENZ, DAMA DO TEATRO & EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA

  Imagem: Acervo ArtLAM . A música contemporânea possui uma ligação intrínseca com a música do passado; muitas vezes, um passado muito dis...